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22 DE DEZEMBRO DE 2020

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das populações locais nestes processos de patrimonialização e salvaguarda.3

A grande transformação com o aparecimento desta área académica está no próprio facto do avanço sobre

o termo património e, a partir daí, as escolhas sobre o que patrimonializar e como. O Património histórico

tradicional «buscava no monumento grandioso e único o espírito da nação, ligado a uma relação de afirmação

de poder militar ou religioso, que focalizava o castelo ou a igreja, entre imagens nebulosas de ruínas

fantasmagóricas ou do jogo de representações entre paraíso vs inferno»4. Hoje, monumento consagra uma

possibilidade de cruzamentos de identidades sociais e culturais, não esquece o território onde está inserido,

aceita novas tipologias e, por isso, novos conceitos estéticos e de linguagem. Já não é uma consagração da

narrativa de quem pode contar oficialmente a História mas relata as várias realidades em contraste.

Contexto Histórico da Industrialização do Vale do Ave

É durante o século XIX que surgem os primeiros exemplos pré-industriais na região. Os chamados

«monumentos rurais e vernaculares» (moinhos de água, pequenos açudes para aproveitamentos de águas

fluviais) com um fim de produção mais sistemática são, ainda hoje, visíveis nas margem do Rio Ave e dos

afluente que compõem o território deste vale. A par desses monumentos vernaculares temos, por exemplo, a

casa senhorial «Mogege», a casa do caseiro «Joane», a casa senhorial «Fornelo», a casa senhorial

«Quintão», a casa de caseiro «Pouve» e a casa senhorial «Inxousos». Todos eles com uma identidade

arquitetónica específica que, ao mesmo tempo, partilham uma característica especial de transição para o

fenómeno industrial.

É no final do século XIX e início do século XX que a expansão industrial acontece. Arquitetónica e

geograficamente, caracteriza-se por edifícios construídos de raiz, com alguns equipamentos modernos,

mecanização e significativa concentração operária. Há um aproveitamento de zonas já previamente utilizadas

por equipamentos pré-industriais, geralmente aproveitamento pequenas quedas de água, perto de pequenos

açudes erguidos para apoiar moinhos e, por razões de pobreza energética, para aproveitar os cursos de água

e responder à falta de carvão. As unidades fabris Seguiram os cursos de água até à chegada do gás, o vapor,

a eletricidade, que permitiram uma disseminação mais interior e mais longe dos rios.

O processo de industrialização é marcado por uma Mecanização com lenta implementação e, inicialmente,

numa monoespecialização algodoeira, produto popular e de baixo custo. A utilização da cidade do Porto como

plataforma de comércio colonial aproveitado como alavanca para expansão industrial na zona periférica do

Vale do Ave., foi a chave para o sucesso. Segundo Francisco da Silva Costa, as 3 fases do processo

industrial5 presentes no Vale do Ave, assumindo como base aproveitamento das águas e da ocupação do

domínio hídrico, são:

– a implantação e expansão fabril;

– a utilização das águas para a produção hidroelétrica e/ou para gins industriais;

– as obras e técnicas de tratamento e emissão dos efluentes líquidos produzidos.

Em 1845, instala-se uma das mais importantes unidades fabris, no concelho de Santo Tirso, freguesia das

Aves. A «Fábrica de Fiação do Rio Vizela». O edifício original foi destruído alvo de um incêndio em 1922, o

que obrigou à sua reconstrução, já com característica mais modernas e um processo industrial mais avançado.

Outro dos exemplos mais emblemáticos do aparecimento do ramo têxtil neste território é o aparecimento da

«Sampo, Ferreira & Companhia» R ’ N F giram mais nove

empreendimentos fabris. São disso exemplo, em 1905, da Empresa Têxtil Elétrica, que foi a primeira fábrica

eletrificada na região. Dois anos passados e, em Vila Nova de Famalicão, surge a Faria N. Guimarães e

Companhia de Delães, mais uma fábrica que, neste caso, foi instalada ainda para aproveitar a corrente do rio,

reforçada através das antigas moendas medievais. Os anos seguintes foram marcados pela multiplicação de

unidades fabris em todo o território:

3 Amado Mendes, José. O património industrial na museologia contemporânea: o caso português.

4 Fernando Alves, Jorge. Património industrial, educação e investigação – a propósito da Rota do Património Industrial do Vale do Ave.

2003 5 Da Silva Costa, Francisco. O Património Industrial no Vale do Ave: o Têxtil como Chave de Leitura Territorial. P.351

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