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II SÉRIE-A — NÚMERO 142

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da incapacidade das próprias instalações em responder de forma mais eficaz. Esta situação asfixia as

potencialidades do hospital e tem, ao longo dos anos, contribuído, não só para a acumulação de um défice

financeiro crónico, mas também colocado em causa o desenvolvimento de meios complementares de

diagnóstico, tão importantes para a capacidade de resposta deste centro hospitalar.

O orçamento desajustado à diferenciação de cuidados e população servida e a necessidade absoluta de

maiores e melhores instalações são dois desses problemas que têm constrangido o desenvolvimento do Centro

Hospitalar de Setúbal.

Sobre a desadequação do orçamento vale a pena recordar o que vários diretores de serviço deste centro

hospitalar escreveram: «a área e o grau de diferenciação que ainda são aplicados na contratualização com o

MS/CHS já estão muito longe da realidade: número de utentes superior em cerca de 20% ao considerado e grau

de especialização muito superior à de um hospital de proximidade com várias áreas de diferenciação técnica só

existentes em hospitais ditos centrais».

Sobre a necessidade de ampliar e requalificar as instalações, é de lembrar que a anterior ampliação do

Hospital de S. Bernardo ocorreu em 1988, ou seja, há mais de 20 anos, integrada num programa específico de

financiamento denominado de Operação Integrada de Desenvolvimento. Já há época, a intervenção não teve

em conta o desenvolvimento previsível da instituição a longo prazo nem as novas e crescentes necessidades

em saúde. Essa opção pouco estratégica causou e continua a causar vários transtornos, impedindo o

crescimento e o desenvolvimento da instituição.

Um dos exemplos mais paradigmáticos é o facto de o 2.º andar do edifício mais recente, composto por duas

alas, servir de piso técnico. Este piso técnico deveria estar localizado na cave ou no topo do hospital e não

constranger a funcionalidade e aproveitamento do edifício. Este facto resulta em menos duas enfermarias, o que

corresponde sensivelmente a menos 50 camas de internamento.

Se as obras de ampliação aconteceram há mais de 20 anos (e mesmo assim de forma insuficiente e pouco

estratégica), já os anúncios de um novo hospital têm sido mais recorrentes, apesar de pouco produtivos. O mais

recente foi já no início do presente século, quando foi anunciado um novo hospital com capacidade de centralizar

várias estruturas e capaz de projetar a instituição para o futuro. Este projeto foi prometido, contou com

financiamento anunciado em Diário da República para uma profunda reestruturação, mas nunca chegou a ser

concretizado.

Para o Bloco de Esquerda, parece óbvio que este centro hospitalar, e em particular, o Hospital de S. Bernardo

não pode continuar à espera e a depender apenas de anúncios, projetos sem visão para o futuro ou

financiamentos desprovidos de propostas concretas. É necessário dar uma resposta efetiva aos graves

problemas da instituição no seu todo.

O atual projeto de ampliação, que visa a construção de um novo edifício do Hospital de S. Bernardo, e que

era suposto já estar a funcionar, não pode ser mais uma oportunidade perdida ou um erro estratégico por não

se querer investir o que deve ser investido na saúde, em particular neste centro hospitalar e nas unidades que

o compõem. O atual projeto de ampliação também não pode ser uma forma de amputar o centro hospitalar de

uma das suas unidades, em concreto o Hospital do Outão, muito menos pode estar dependente de qualquer

verba que resulta da alienação desta unidade.

Tanto quanto se sabe, há quem queira que um projeto de ampliação e requalificação fique dependente da

alienação de uma das unidades do centro hospitalar, mesmo quando as necessidades em saúde continuam a

exigir mais locais e espaços públicos para, por exemplo, meios complementares de diagnóstico e terapêutica,

internamento hospitalar, consultas em ambulatório, respostas na área dos cuidados continuados e cuidados

paliativos, entre tantas outras necessidades.

O mesmo projeto de ampliação parece prever apenas um novo edifício de três andares. Ora, para não se

repetir os erros do passado é imperativo que, em primeiro lugar, este novo edifício seja dotado de alicerces que

permitam a sua futura ampliação para cinco andares, em segundo lugar, é preciso que se contemple o aumento

da capacidade instalada em meios complementares de diagnóstico e terapêutica, áreas de ambulatório e de

internamento em enfermaria geral e em UCI.

Há neste momento serviços que estão profundamente carenciados e mal instalados, nomeadamente a

patologia clinica, a fisiatria, as unidades de ambulatório de infeciologia e de pneumologia, a unidade de cuidados

intensivos, a enfermaria de cardiologia, o hospital de dia da neurologia, o serviço de imunoalergologia, o serviço

de endocrinologia, o serviço de imagiologia (que não está apetrechado com os devidos equipamentos), o serviço

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