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II SÉRIE-A — NÚMERO 56

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Megatendências e impactos em Portugal

As megatendências são processos de transformação a longo prazo com âmbito alargado e impacto profundo,

observáveis no presente e que continuarão a exercer a sua influência durante décadas. Podem ser de natureza

social, económica, ambiental, política, tecnológica ou combinar várias destas vertentes. No âmbito da equipa

multissetorial de prospetiva da Rede de Serviços de Planeamento e Prospetiva da Administração Pública

(RePLAN), foi identificado um conjunto de nove megatendências globais com impacto em Portugal.

Agravamento das alterações climáticas

O aumento de temperatura de 1,5 ºC face ao período pré-industrial será muito provavelmente atingido antes

do final da presente década, contrariando a meta estabelecida no Acordo de Paris, e poderá ser acompanhado

de fenómenos climáticos extremos que causarão danos económicos e colocarão em causa a segurança das

populações.

Impactos em Portugal: períodos de seca prolongada cada vez mais frequentes – a par de outros fenómenos

extremos – com aumento da probabilidade de falhas na produção agrícola, de maior volatilidade dos preços dos

alimentos e da dependência alimentar face ao exterior. A subida do nível do mar pressionará as zonas costeiras

onde se concentra a maioria da população e muita da atividade económica. As ondas de calor representarão

um risco para a saúde humana.

Pressão crescente sobre os recursos naturais

A procura global dos recursos naturais poderá duplicar até 2060. A procura alimentar global irá crescer até

2050 e a produção de calorias terá de aumentar 56 %, o que implicará mais 593 mil hectares de terra cultivada.

Até 2050, o consumo final de energia a nível global poderá aumentar 0,7 % ao ano.

Impactos em Portugal: maior conflito pelo uso da água entre as utilizações humana, energética e agrícola.

Será assumido um papel cada vez mais destacado nas negociações com Espanha sobre a partilha de recursos

hídricos. Portugal poderá encontrar oportunidades de desenvolvimento económico, se aprofundar a aposta na

promoção da economia circular e explorar os recursos minerais e marinhos sob a sua jurisdição de forma

adequada.

Diversificação e mudança dos modelos económicos

As escolhas entre a integração física e virtual, ou a fragmentação e o isolamento, moldarão o curso da

globalização nos próximos anos. A globalização dificilmente será revertida, mas poderá passar a operar numa

dinâmica de maior variedade de modelos económicos que estarão, simultaneamente, em cooperação e

competição entre si.

Impactos em Portugal: o País tem uma economia integrada nos circuitos da globalização e sujeita às

dinâmicas de integração/fragmentação. A aplicação do conceito de autonomia estratégica aberta e a

reconfiguração dos fundos europeus poderão ter impactos profundos. Um reforço da autonomia poderá implicar

uma recuperação das atividades mineira e industrial em território nacional num quadro de sustentabilidade.

Evoluções demográficas divergentes

O crescimento populacional, em simultâneo com o envelhecimento, será desigual entre regiões. A população

mundial deverá atingir um máximo de 10 mil milhões de pessoas até 2050, iniciando então uma fase

decrescente. O envelhecimento será uma das transformações mais significativas do Século XXI, com profundos

impactos sociais.