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139 | II Série B - Número: 053 | 19 de Janeiro de 2009

para onde se dirigiu logo que teve transporte, indo encontrar a maca, com o Orlando, exactamente no mesmo local.
Depois de várias reclamações e de vários jogos do empurra, passando pelas secções de Pneumologia e Cardiologia e mais alguns exames e gasometrias, houve um médico que, comparando os resultados do dia anterior, com os agora obtidos, 24 horas depois de ali ter entrado, deixou sair um desabafo de que a situação clínica se tinha agravado bastante! Entretanto, já tinha passado a hora do pequeno-aimoço, passou a hora do almoço e o Orlando continuou à fome. Com a continuação dos protestos, lá trouxeram uma taça de sopa, por volta das 15 horas, que o Orlando bebeu de um golo.
Às 16 horas do dia 4 de Dezembro, 28 horas e meia depois de ter entrado na Urgência, o Orlando passou para a Sala de Observações.
Nestas lutas de cá para lá, a esposa do Orlando apercebe-se que as meias dele estavam molhadas e queimadas de lixívia e os pés gelados, levando-a a concluir que durante a noite o Orlando terá andado descalço pelo chão, talvez para ir ao wc, talvez perdido, passando o resto da noite com as meias molhadas e os pés gelados.
Durante estas andanças pelo Serviço de Urgência, os familiares do Orlando aperceberam-se de muitas pessoas que ali passaram muito tempo em esperas infinitas, lamentos de alguns profissionais de saúde, exaustos pela sobrecarga de trabalho, protestos contra os encerramentos dos SAP canalizando para o Hospital imensos casos que poderiam ser tratados nos seus concelhos e que ali vêm encontrar o caos.
O Orlando era de Penacova, que também viu o seu SAP encerrar e passar a outra coisa, a meio tempo.
Voltando à sua história, o Orlando esteve três dias em SO, dois dias na Medicina Intensiva e dois dias na Pneumologia. Ficámos com a ideia que andou a ser empurrado de serviço pura serviço, sem ninguém o querer ou sem terem meios para o tratar.
Morreu no dia 11 de Dezembro! Oito dias depois de entrar naquele inferno! Enterrámo-lo no dia seguinte, sem sabermos porquê.
Tinha 65 anos.
E uma neta de três anos que ainda está à espera do Vô Lando!" Tendo em conta as circunstâncias e o desfecho trágico da situação acima relatada, solicito ao Ministério da Saúde um esclarecimento detalhado acerca do tratamento que foi dado ao cidadão Orlando Atves Simões que deu entrada no passado dia 3 de Dezembro no serviço de urgência dos Hospitais da Universidade de Coimbra. Mais pergunto, que medidas tenciona o Ministério da Saúde tomar com vista ao apuramento de responsabilidades pelo ocorrido e para evitar que situações como estas se repitam.
Palácio de S. Bento, 14 de Janeiro de 2009.