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12 DE OUTUBRO DE 2024

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eu te pertenço. Deste-me alturas de incenso, mas a tua vida não».

Amália foi uma artista invulgarmente versátil e cosmopolita. Prestou um inestimável contributo para a

propagação do fado e da língua e cultura portuguesas. Atuou em quase setenta países, em todos os continentes.

Passou por centenas de palcos, de Moscovo a Nova Iorque, de Roma ao Rio de Janeiro, de Londres a Tóquio.

Editou álbuns em idiomas estrangeiros, cantou diversos estilos de música e fez trabalhos musicais de fusão, em

que a arte do fado se encontrou com outras sonoridades e latitudes. Foi, quem sabe, a primeira a contar-nos «o

que inventasse, se um olhar de novo brilho no meu olhar se enlaçasse».

No palco do Olympia, em Paris, ofereceu conforto e lembranças de Portugal a tantas pessoas que então

desfiavam o «rosário de penas» da emigração clandestina e da pobreza. Deste modo, trabalhou para reforçar

os laços entre a diáspora e o País.

A Assembleia da República, reunida em Plenário, evoca Amália Rodrigues, por ocasião dos 25 anos da sua

morte, e saúda com gratidão o seu contributo singular para a cultura portuguesa. Reconhece ainda a perenidade

do legado de Amália, ainda hoje manifesto no panorama cultural português, não só na popularidade duradoura

dos seus discos, mas também na sua influência sobre tantos artistas. Razões suficientes para afirmar com

segurança «que nem chegaste a partir, pois tudo em meu redor me diz que estás sempre comigo».

Palácio de São Bento, 6 de outubro de 2024.

O Presidente da Assembleia da República, José Pedro Aguiar-Branco.

Outra subscritora: Susana Correia (PS).

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PROJETO DE VOTO N.º 371/XVI/1.ª

DE PESAR PELA MORTE DE CARLOS PINA, BRUNO NETO E FERNANDA JÚLIA SOARES

No dia 2 de outubro, Carlos Pina, de 43 anos, Bruno Neto, de 36 anos, e Fernanda Júlia Soares, de 34 anos,

que estava grávida, foram assassinados na Rua Henrique Barrilaro Ruas, no Bairro do Vale, na freguesia da

Penha de França, em Lisboa.

Carlos Pina sempre foi muito comunicativo e ativo na comunidade, dedicando-se a várias causas para

melhorar o bairro onde residia. Começou por viver num dos bairros de barracas junto à Avenida Mouzinho de

Albuquerque. Nessa época comia, geralmente, a primeira refeição do dia na escola e usava a maioria das vezes

a mesma muda de roupa. No final da década de 1990 a sua família foi realojada no Bairro do Vale.

Trabalhou na construção civil, foi vigilante, taxista e fez biscates vários. Foi jogador do Operário Futebol

Clube Lisboa. Mais tarde, descobriu que tinha um dom. «A primeira vez que cortei o cabelo apaixonei-me logo

pela profissão […] Foi o momento Eureka», contou em 2021 numa entrevista para o programa da Antena 1

Cidade Invisível.

Inaugurar a barbearia Granda Pente era o seu sonho. Neste local, que tinha sempre as portas abertas e que

funcionava como um centro social, ajudou muitos jovens a aprender e a ganhar experiência no ofício. Alguns

abriram os seus próprios salões.

Na Granda Pente passavam várias pessoas diariamente para cortar o cabelo ou simplesmente para meter a

conversa em dia. Carlos Pina era uma âncora do bairro, um exemplo de um cidadão ativo, que se empenhava

na construção de uma cidade mais inclusiva.

Cerca de 300 pessoas marcaram presença no funeral de Carlos Pina, no passado sábado, 5 de outubro. O

cortejo saiu da Igreja da Penha de França, passou pela Granda Pente e terminou no Cemitério do Alto do São

João. «Viva o Pina!», ouviu-se em uníssono, entre aplausos.

A Assembleia da República, reunida em sessão plenária, manifesta o seu pesar pela morte de Carlos Pina,

Bruno Neto e Fernanda Júlia Soares e endereça às famílias, amigos e moradores do Bairro do Vale sentidas