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10 DE JANEIRO DE 1998

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a um movimento simultâneo de queda do valor das taxas de juro de longo prazo e de convergência das referidas taxas de juro, entre os países com mais elevada probabilidade de integrarem a terceira fase da União Económica e Monetária. Para estes Estados, assistiu-se, pois, a uma redução progressiva dos diferenciais de taxas de juro face às taxas germânicas, utilizadas como taxas de referência.

Os mercados cambiais caracterizaram-se por uma contínua apreciação do dólar norte-americano face ao iene (16,1 % em termos médios) e ao marco (4,9 %), contrariando o acontecido no ano anterior. Também no interior da UE, o movimento de depreciação do marco face à generalidade das moedas dos outros Estados membros, ocorrido em 1996, contrariou o movimento do ano transacto. De realçar ainda a menor volatilidade cambial entre as moedas europeias, fruto, sem dúvida, da anteriormente mencionada consolidação de expectativas quanto à prossecução da UEM.

Em Portugal, o ano de 1996 foi claramente um ano de concretização da convergência nominal (e real) face às restantes economias da União Europeia.

O PIB português, que em 1995 tinha registado uma taxa de crescimento ligeiramente inferior à da média dos países da UE, cresceu, em 1996, a uma taxa duas vezes superior (3,3 %) à taxa de crescimento média do PIB daqueles países (1,6 %). Para este desempenho contribuíram decisivamente as taxas de crescimento do consumo privado (2,8 % em Portugal, contra 1,9 % na UE), mas também da formação bruta de capital fixo (7,4 % em Portugal e 1,1 % na UE) e das exportações, cujo crescimento em Portugal (8,5 %) foi quase duplo do crescimento médio na UE.

Apesar da evolução favorável da actividade económica em Portugal, a taxa de poupança interna registou, em 1996, .o valor de 21,2 %, o que significou uma quebra de 1 ponto percentual relativamente ao valor do ano anterior. Este comportamento deveu-se a uma deterioração das poupanças formadas no sector empresarial exportador, no qual a redução dos encargos com o pagamento de juros e a manutenção do crescimento dos custos unitários de trabalho não conseguiram compensar o efeito causado pela apreciável deterioração dos termos de troca ocorridos em 1996. O efeito da quebra das poupanças do sector empresarial privado só não se repercutiu inteiramente na taxa de poupança interna devido à redução das necessidades de financiamento do sector público administrativo (SPA), uma vez que a taxa de poupança das famílias se manteve ao nível registado no ano anterior (13,5 %).

Em 1996, o défice consolidado do SPA, calculado segundo a metodologia do relatório dos défices excessivos (valores de Setembro de 1997), foi de 3,2 % do PIB, claramente inferior ao registado no ano anterior (5,8 % do PIB). Idêntico movimento descendente foi registado pelo rácio da dívida pública face ao PIB, que, no final de 1996, era de 65,6%, 1 ponto percentual inferior ao registado um ano antes. • •

A taxa de crescimento dos preços manteve, em 1996, a trajectória descendente dos anos anteriores. Utilizando os valores da Euróstãt; estimados com critérios homogéneos para a globalidade do espaço da UE, constata-se que o diferencial de taxas de crescimento dos preços entre Portugal e a média dos países da União Europeia caiu de 0,8 pontos percentuais em 1995 para 0,4 pontos percentuais em 1996, em termos de média anual.

A este decréscimo da taxa de inflação correspondeu, como seria lógico, dadas as expectativas formadas quanto à integração de Portugal no grupo de países que integrarão a terceira fase da UEM, uma quebra acentuada do diferencial entre as taxas de juro nacionais e as taxas germânicas. As taxas de juro de curto prazo (três meses) registaram um decréscimo do respectivo diferencial de cerca de 180 pontos base. Para as taxas de juro de longo prazo (10 anos) a quebra de valores do respectivo diferencial foi de 270 pontos base, sendo, no fim de 1996, de 108 pontos base.

Em resultado da queda .generalizada das taxas de juro, a curva de rendibilidades dos títulos de dívida pública registou um deslocamento paralelo, para baixo, ao longo do ano.

2 — Mercado de capitais Aspeetos gerais

Em 1996, o mercado de capitais foi marcado por um dinamismo bastante acentuado.

A dívida pública continuou a ser o principal animador do mercado, quer ao nível do mercado primário, pelo elevado volume de emissões efectuadas, quer em mercado secundário, na medida em que os seus títulos foram predominantes nas transacções bolsistas.

O mercado secundário de acções sofreu, de igual modo, um estímulo importante com o processo de reprivatização de empresas, cujas acções passaram a .estar cotadas em bolsa.

Os investidores estrangeiros aumentaram o seu investimento de carteira em Portugal, em especial os bancos e as sociedades corretoras. Este comportamento insere-se num movimento de diversificação de carteiras a nível internacional, em que os títulos portugueses surgem devido à estabilização de expectativas relativamente à adesão de Portugal à terceira fase da UEM.

Os principais responsáveis pelo aumento de títulos nacionais na posse de não residentes foram os mercados dos EUA e do Reino Unido.

Em Junho de 1996 iniciou á sua actividade o mercado de derivados Financeiros português na Bolsa do Porto.