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3 | II Série C - Número: 002 | 26 de Setembro de 2007


II — Evolução da economia portuguesa O ano de 2004 caracterizou-se pela recuperação da economia portuguesa, tendo o PIB aumentado 1 por cento, em termos reais. Face à área do euro, o diferencial de crescimento manteve-se negativo passando de 1,7 pp, em 2003, para -0.8 pp.
A aceleração da actividade económica mundial, não obstante o aumento dos preços das matérias-primas, a manutenção de condições de financiamento favoráveis, a continuação da tendência descendente da taxa de inflação e a melhoria generalizada das expectativas dos agentes económicos constituíram um enquadramento favorável ao crescimento da economia portuguesa, principalmente da procura interna.
De facto, a procura interna registou um contributo positivo para o crescimento do PIB, enquanto as exportações líquidas apresentaram um contributo negativo.
Estes desenvolvimentos traduziram-se num aumento das necessidades de financiamento externo da economia portuguesa para 5,9 por cento do PIB.
Em 2004 a globalidade das componentes da procura interna apresentou um comportamento dinâmico.
O consumo privado registou um crescimento de 2,3 por cento (-0,3 por cento em 2003), impulsionado por um clima de confiança mais favorável e uma aceleração do rendimento disponível dos particulares, em linha com o ligeiro aumento do emprego total e dos salários reais. Paralelamente, a recuperação do consumo privado traduziu-se numa diminuição da taxa de poupança e num novo aumento do rácio de endividamento dos particulares em percentagem do rendimento disponível.
O investimento (FBCF), após dois anos de contracção, cresceu 1,3 por cento, reflectindo o bom desempenho do investimento empresarial que beneficiou do dinamismo da procura e da manutenção de condições de financiamento favoráveis.
O dinamismo da procura interna, principalmente em segmentos com forte componente importada, impulsionou significativamente as importações de bens e serviços que registaram, em 2004, uma forte aceleração, aumentando 7 por cento em volume, o que compara com uma variação marginalmente negativa em 2003. As exportações de bens e serviços apresentaram-se menos dinâmicas, com um crescimento de 5 por cento. Deste modo, registou-se uma deterioração do défice comercial que passou de -9,1 por cento, em 2003, para -10,8 por cento do PIB, em 2004.
A situação no mercado de trabalho em 2004 evoluiu em consonância com a recuperação gradual da actividade económica. O emprego teve uma evolução marginalmente positiva e, embora se tenha verificado um abrandamento no crescimento do desemprego, a taxa de desemprego aumentou para 6,7 por cento (6,3 por cento em 2003).
No conjunto do ano de 2004 o emprego total (5122,8 mil indivíduos) registou um aumento de 0,1 por cento (diminuiu 0,4 por cento em 2003). A variação do emprego pelos principais sectores de actividade permite concluir que apenas o sector dos «serviços» contribuiu positivamente para a variação do emprego total em 2004, com um aumento de 3 por cento. O emprego no sector da «agricultura, silvicultura e pesca» diminuiu 3,7 por cento e na «indústria, construção e energia e água» teve um decréscimo de 3,4 por cento, destacando-se a quebra de 6,1 por cento verificada na «construção».
Em 2004 a taxa de inflação, medida pela variação média anual do Índice de Preços no Consumidor (IPC), diminuiu para 2,4 por cento (3,3 por cento em 2003). O diferencial de inflação de Portugal face à da área do euro, medido pelo Índice Harmonizado de Preços no Consumidor, diminuiu significativamente em 2004 para 0,4 pp (1,2 pp, em 2003).
De acordo com a 1.ª notificação de 2005 do défice e da dívida públicos, no âmbito do procedimento dos défices excessivos, a estimativa para o défice global das Administrações Públicas, em 2004, foi de 3953 milhões de euros, representando 2,9 por cento do PIB, e mantendo-se, pelo terceiro ano consecutivo, abaixo do limite de 3 por cento. À semelhança do ocorrido em 2003, este resultado foi alcançado recorrendo a medidas de natureza temporária no equivalente a 2,3% do PIB (2,5% do PIB em 2003). O saldo global, excluído de efeitos temporários, atingiu 5,2% do PIB, menos 0,2 pontos percentuais que em 2003. Decorrente da orientação da política orçamental, o défice primário ajustado de efeitos temporários e do ciclo económico diminuiu 0,4 pontos percentuais do PIB, situando-se em 1,4% do PIB.
Os progressos no sentido da consolidação foram alcançados do lado da receita, uma vez que a despesa ajustada do ciclo aumentou em 0,8 pontos percentuais do PIB. A receita total corrigida do ciclo e de efeitos temporários cresceu em 1,3 pontos percentuais do PIB, suportada por uma variação de intensidade idêntica na receita fiscal.
Em 2004 as taxas de juro nominais diminuíram ligeiramente. No final do ano a taxa de juro média para o crédito às sociedades não financeiras era de 4,4 por cento, menos 0,1 pp do que em 2003, enquanto que a taxa para os depósitos até um ano se situava em 2,1 por cento, o que representa uma redução de 0,1 pp relativamente a 2003. A taxa de juro média para o crédito a particulares diminuiu 0,2 pp, para 4,9 por cento.
De acordo com a análise dos dados do Banco de Portugal, o crédito interno ao sector privado não monetário acelerou em 2004, registando um aumento de 4,5 por cento (1,7 por cento em 2003). Essa