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3 | - Número: 007 | 20 de Novembro de 2010

políticas. Recomenda-se a todos os países do sul do Mediterrâneo que ainda não tenham assinado a Convenção de Genebra em matéria de migração, bem como aos países da União Europeia, que o façam, de modo a facilitar o respeito pelos trabalhadores migrantes e a melhorar o futuro das próximas gerações.
Bernd Hemingway, da Organização Internacional para as Migrações: «É importante frisar que a região mediterrânica é considerada a mais emblemática no que respeita a migração sul-norte no mundo. Na União Europeia temos um fluxo migratório misto que é composto por migrantes económicos e, mais recentemente, por um número maior de migrantes ambientais, requerentes de asilo, migrantes de tráfico para fins de exploração sexual e laboral, bem como de menores não acompanhados.
A particularidade da região mediterrânica é que não se trata apenas de emigrantes do sul do Mediterrâneo, mas também de emigrantes da Ásia e do Médio Oriente que entram na União Europeia através do norte de África. Existe um percurso migratório que é difícil e perigoso: deserto, mar e montanhas e, ainda, o factor demográfico. Estes perigos tornam a migração mais visível na comunicação social e alteram a percepção de que a maioria dos migrantes chega desta forma à Europa, quando na verdade a maior parte dos imigrantes ilegais chega inicialmente de forma legal à Europa e posteriormente permanecem no país de acolhimento após caducidade do visto.
Raül Romeva I Rueda (MPE), Comissão das Liberdades Cívicas do Parlamento Europeu: «Gostaria de destacar três questões, sendo que a questão mais importante é a dos valores. Há uma crise de valores na Europa. É necessário ter uma visão clara sobre o significado dos direitos fundamentais europeus e sobre como gerir os valores e direitos das pessoas que imigram para a Europa. A pergunta a colocar é: quando é que uma pessoa cessa de ser imigrante e se torna cidadã? A segunda questão importante é a da concessão do direito de exercício de uma actividade laboral. Esta questão é pertinente, sobretudo quando nos referimos a políticas europeias. Temos de nos focar nas causas de emigração e estabelecer cooperações regionais e inter-regionais, de forma a minimizar a necessidade sentida de deslocação.

Tema II — Diálogo entre culturas e religiões: para uma Carta Mediterrânea de Valores:

Katherine Stenou, Directora da Divisão de Políticas Culturais e Diálogo Intercultural da UNESCO: «Acima de tudo, é a cultura comum que nos une antes de as fronteiras nos separarem. O nosso objectivo é o de aproximar as pessoas, a alquimia, algo que não se consegue criar por decreto, tem de haver apoio voluntário.
Os artistas, escritores e filósofos são os verdadeiros legisladores. São eles que determinam a verdadeira natureza da sociedade. Presentemente, sou responsável por um programa financiado pela Espanha chamado Vademécum Intercultural. Estamos a promover a ideia da cidadania intercultural e da cidadania mediterrânica.
A iniciativa Vademécum Internacional tem por objectivo a divulgação escrita e electrónica, de forma directa e estimulante, de uma visão intercultural da história, aproximando o mundo árabo-muçulmano e o mundo ocidental. É de destacar a necessidade de se reconhecer a interacção intensa entre os povos da bacia do Mediterrâneo e as suas ligações com culturas mais distantes, nomeadamente na Índia, na Pérsia, na Península Árabe e em África.» Andrzej Pyrka, da Gallup Europa: «Falarei sobre uma sondagem realizada juntamente com a Fundação Anna Lindh que teve início recentemente. Antes das conclusões é importante realçar que o Relatório Anna Lindh constituiu um exercício de participação intercultural, que efectivamente aproximou peritos de referência, analistas, profissionais da sociedade civil e representantes políticos. Para além da primeira sondagem de opinião realizada com a Gallup Europa com 13 000 pessoas de 13 países euro-mediterrânicos, o processo de elaboração do relatório envolveu 40 peritos e analistas de referência e identificou boas práticas em todas as redes Anna Lindh, uma abordagem que é fundamental para a elaboração de conclusões significativas.
Uma das conclusões principais do Relatório Anna Lindh é que as pessoas da região euro-mediterrânica partilham um sentido de pertença estimulante. Há uma perspectiva partilhada e uma imagem comum que se associa ao «Mediterrâneo», por exemplo um determinado estilo de vida, um sentido profundo de hospitalidade e um vasto património cultural comum, sendo que, por coincidência, determinados valores, como, por exemplo, a «solidariedade familiar» e o «respeito por outras culturas» podem ser identificados como «valores que ligam» as sociedades dessa região.
O relatório confirma que, juntamente com a consciência de que houve um aumento de inter-relações humanas e sociais, existe uma «atitude mediterrânica», uma mentalidade comum que pode permitir que as