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Quanto ao problema do ano 2000, quase pedia aos Srs. Deputados que me chamassem cá só para debater isso, para não ficamos aqui até à noite! O que posso dizer-vos é que o Governo tem este problema sob controle; não é um problema só da administração pública, é geral, da sociedade e das empresas, e quando quiserem, farei uma apresentação detalhada ao Parlamento sobre esta matéria.
Os orçamentos dos Ministérios acomodam, neste momento, nas suas rubricas gerais, as necessidades estimadas, acrescidas nesta matéria. É preciso não esquecer que o Estado, a administração central, compra bens e serviços, no domínio da informática em geral, segundo o Instituto de Informática, no valor de cerca de 100 milhões de contos por ano. Portanto, houve uma reorganização desses processos no interior de cada Ministério para, simultaneamente, procurar resolver o problema do ano 2000, quando ele existe ou quando tem gravidade.
É evidente que existem incidências do chamado problema do ano 2000 que não têm gravidade. Se algum dos Sr. Deputado tiver um microprocessador lá em casa com que faz cartas, muito provavelmente, se quiser que a data saia automaticamente e não sair bem no dia 2 de Janeiro, corrige a data! Isso não é um drama e não precisa de deitar fora o microprocessador e comprar outro - a menos que já tivesse de o deitar fora por outra razão qualquer! Mas se se tratar de um servidor central, que processe juros bancários, não há nada a fazer! Ou controla todas as linhas de código que estão lá dentro, ou substitui o equipamento e o software!
A questão que colocou sobre o tratamento computacional da língua portuguesa é também de grande dimensão e gostaria de poder abordá-la com muito mais detalhe. Posso dizer-lhe que, neste momento, considerei este problema como tendo enorme prioridade porque, com a alteração do suporte técnico da informação, actualmente, a língua portuguesa é, ela própria, sujeita a um ataque internacional muito grande. E isto vale para os suportes de informação, que são os CD-ROM ou a própria Internet, mas vale também para os mecanismos de tratamento automático da língua portuguesa que suportam a tradução automática, que suportam os sintetizadores de voz e os leitores de documentos, quer manuscritos, quer dactilografados. É um problema de igual modo extremamente grave para as populações com deficiência. Uma política de integração dos cegos, por exemplo, obriga a termos bons sintetizadores de voz em português.
Mas, por outro lado, no mercado internacional da informática, a existência do português, designadamente de gramáticas computacionais do português e de correctores ortográficos em português que sejam realmente de qualidade - e todos aqueles que existem no mercado internacional, hoje em dia, não prestam quando comparados com aquilo que existe para outras línguas - é um problema muito complicado.
Como saberão, eu próprio estou em negociações com as firmas internacionais de informática sobre esta matéria. Se o português não entrar automaticamente nos grandes instrumentos de software que são difundidos pelo mundo todo pelas multinacionais da informática, desaparecerá progressivamente como sendo uma opção disponível e, portanto, será muitíssimo mais caro produzir esta opção na informática de consumo, o que aumentará a nossa situação de periferia no mundo. Ora, eu estou, pessoalmente, apostado em impedir que isto aconteça. Felizmente, temos, em Portugal, trabalho de investigação importante em desenvolvimento nesta matéria, o qual permite suportar esta estratégia política. Se não, seria impossível. Temos uma base científica, em Portugal, que permite suportar esta estratégia política, temos tentado reforçá-la muito nesta matéria e tenho todo o gosto em explicar aos Srs. Deputados o ponto em que estamos.
O Sr. Deputado Teixeira Dias faz-me uma pergunta sobre a meteorologia nos Açores e sobre o Programa Dinamizador de Ciências e Tecnologias dos Oceanos nos Açores. É evidente que os Açores são uma questão crítica para as ciências e tecnologias dos oceanos e, aliás, o Departamento de Oceanografia dos Açores é um dos departamentos se não o departamento mais produtivo, em termos científicos, do País nesta área. Isto foi reconhecido pela avaliação internacional de produtividade dos centros de investigação do sector.
Portanto, é impensável um Programa Dinamizador de Ciências e Tecnologias dos Oceanos sem uma fortíssima presença dos Açores. Como sabem, uma das grandes oportunidades de desenvolvimento científico português nesta área, até com interesse económico, situa-se no mar dos Açores, especialmente no que diz respeito aos recursos geológicos nos fundos marinhos dos Açores. Grandes descobertas foram feitas, nos últimos dois anos, por investigadores portugueses no mar dos Açores, designadamente as fontes geotermais no fundo do mar dos Açores.
Quanto à meteorologia, por reconhecer a importância desta questão é que o Ministério desencadeou este ano, e está quase pronta, a avaliação do Instituto Nacional de Meteorologia e criou uma equipa especial para avaliação da situação do Instituto de Meteorologia nos Açores.
Muito resumidamente, o problema é este: com a instabilidade climática, que vai necessariamente agravar-se nos próximos anos, e com a situação complexa que têm os Açores na formação do anticiclone, precisamos, rapidamente, para protecção de pessoas e bens, de passar de previsões globais para micro-previsões, previsões locais, para o tipo de previsão que existe nas regiões montanhosas do centro da Europa, por exemplo, que permitem prever avalanches com 6 a 8 horas de antecedência. As micro-previsões, em matéria meteorológica, são extremamente dispendiosas, exigem uma rede fina de sensores meteorológicos e exigem uma análise de modelação de terreno que tem de ser feita a priori. Portanto, é um enorme investimento que tem de ser feito nesta área, em recursos humanos também, porque não temos, nesta área, os recursos humanos adequados em Portugal.
Não basta comprar e importar os dados que vêm de fora, não basta adaptá-los à realidade local, é preciso ter um enorme aparelho local para fazer, pelo menos, o que faz a Suíça, que permite prevenir com 6 horas de antecedência os turistas, informando sobre se vai ou não vai haver avalanches naquele lado daquela montanha. Ora, isto permite proteger as pessoas numa noite, o saber se vão ser levadas numa enxurrada ou não.
Hoje é possível fazer isso, nem sempre com total certeza, mas já é possível cientificamente fazer isso. Foi por essa razão que desencadeámos a avaliação do Instituto de Meteorologia e uma das prioridades é a análise do que é preciso fazer para dotar o País das capacidades de micro-previsão.
O Sr. Deputado Henrique Neto fez-me duas perguntas: uma, sobre a reforma dos laboratórios do Estado, a que já respondi, e, outra, sobre as tecnologias de informação na