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participar nestes eventos culturais, o que para nós é fundamental.
Por outro lado, como somos um País onde o turismo é uma arma estratégica fundamental e tem um peso bastante grande, penso que seria também muito importante o desenvolvimento do turismo cultural. Portugal tem imensas potencialidades para incrementar uma rede nacional de turismo cultural de qualidade e, portanto, há que trabalhar no sentido de criar mais uma área de turismo a ser explorada e que seja um bom investimento para o futuro.
Eram estas algumas das questões que queria colocar-lhe, Sr. Ministro, com uma preocupação que preside a toda a política cultural: é fundamental que as novas gerações tenham uma proximidade maior com a vida cultural e para isso tem de haver, como o Sr. Ministro já disse, uma articulação clara com o Ministério da Educação, não só do ponto de vista da intervenção mas também do ponto de vista do aproveitamento da oferta cultural. É fundamental que se formem os públicos, principalmente a nível da juventude.

O Sr. Presidente: - Para responder, tem a palavra o Sr. Ministro da Cultura.

O Sr. Ministro da Cultura: - Muito obrigado, Srs. Deputados Gonçalo Capital e João Pinho de Almeida, a quem, se me permitem, responderei em conjunto, embora destacando um ou outro ponto que foi sublinhado.
Espero que o Sr. Deputado Gonçalo Capitão não queira colocar alguns problemas aos meus colegas; agradeço as suas palavras, mas sinto que na sua estima e interesse pela cultura talvez tenha exagerado um pouco no que disse a meu respeito. De qualquer modo, quero dizer-lhe que tenho muito a noção de que a perfeição que alguns exigem em política, seja porque escrevem em tribunas seja por outra razão, é muito perigosa e eu quero afirmar que, se já tenho dado algumas provas, tal como foi referido com benevolência pelo Sr. Deputado, também já tenho dado provas de que não sou perfeito. Nem quero ser perfeito, pois penso que a perfeição não é deste mundo e que tem um germe de totalitarismo. Como toda a gente sabe - e sabem, certamente, a que me estou a referir - tem havido processos, mesmo na área do Ministério da Cultura, que não têm corrido o melhor possível. Porque não assumi-lo?
Portanto, isto prova que na política, como em todas as actividades humanas - mas sobretudo na política - as coisas nem sempre saem tão bem como gostaríamos e é sobretudo mau quando estão em causa pessoas ou objectivos que têm a ver com todo o País ou às vezes até com pessoas isoladas.
O objectivo de conquistar novas gerações, que o Sr. Deputado salientou, é o nosso objectivo.
Contudo, antes de falar dele, há uma coisa que devo dizer, sem qualquer falsa modéstia, depois desta experiência de quase sete meses no Ministério da Cultura: tudo o que se possa fazer tem de ser feito em equipa. O mérito não é do Ministro. Comigo não há nem haverá política-espectáculo. A cultura não é o Ministro. O Ministro não é uma estrela que está na cultura para ter popularidade ou outra coisa, seja o que for.
Aquilo que se conseguiu e que o Sr. Deputado com benevolência elogiou - o que agradeço - é um trabalho de equipa não só com o Sr. Secretário de Estado mas com uma equipa que me tem apoiado no Ministério da Cultura e também nos outros organismos. Quero dizer aqui claramente que na cultura, com excepções que são conhecidas, algumas das quais até referi aquando do debate na generalidade, há uma enorme dedicação do pessoal que trabalha nos institutos.

A Sr.ª Manuela Melo (PS): - Muito bem!

O Orador: - São muito dedicados, quer na conservação e restauro, quer nos museus, quer no património arquitectónico, quer no apoio às artes do espectáculo, quer na fotografia - bom, estou a cometer a injustiça de esquecer alguns, porque são tantos e tantos institutos que teria de fazer aqui o elenco quase ou totalmente completo -, no gabinete de relações institucionais, na secretaria-geral e por aí fora. Com excepções, claro, há uma enorme maioria de pessoal muito dedicado a quem não deixarei de transmitir, sobretudo à equipa que mais directamente me apoia a mim e ao Secretário de Estado, aquilo que aqui foi dito.
Conquistar novas gerações é o grande problema, porque aquilo que muitas vezes aconteceu noutros países, sobretudo em França que foi o paradigma que inspirou muito da cultura em Portugal, foi que se insistiu muito no permanente aumento da oferta - não quero estar aqui a pronunciar-me sobre outros países, mas, como sabem, exerci funções, algumas até gigantescas, em Paris e noutras cidades -, abrindo cada vez mais o leque da oferta não só em infra-estruturas luxuosas, imensas, multiplicadas, também com apoio indeterminável aos criadores, e hoje as pessoas interrogam-se. Mas há que agir sobre a procura.
Vi estudos recentíssimos, já deste ano, que mostram que, se não se agir na conquista de novas gerações, nas escolas e nos jovens, é mais difícil quando as pessoas passam uma certa idade e adquirem hábitos muito consolidados. É possível fazer formação de públicos adultos, sem dúvida, mas é mais difícil. E essa conquista das novas gerações que está no nosso programa é fundamental e hoje todas as pessoas dizem que não basta agir sobre a oferta, há que agir sobre a procura. É preciso despertar mais pessoas para a importância da cultura.
Quer o Sr. Deputado Gonçalo Capitão quer o Sr. Deputado João Pinho de Almeida disseram algo que é extraordinariamente importante e que esse é o desafio que está lançado a todos nós: a cultura tem de ser considerada a área fundamental não apenas no campo político como pela comunidade. Posso dar testemunho de que esses sinais já começam a aparecer na comunidade por estes meses intensíssimos - que foram sete, mas pareceram, pelo menos, dois anos - em que tenho estado por todo o País (e já estive em todos os distritos, com excepção de um, mas lá irei brevemente, com certeza), recebendo muita gente.
É evidente que aquilo que importa é que a comunidade portuguesa considere a cultura como uma área fundamental. Para tal são importantes não apenas os media, como é evidente, mas também uma consciência crescente ao nível das famílias, da escola, etc., porque as pessoas só podem ser desenvolvidas e felizes quando tiverem essa aspiração cultural, quando forem capazes de fazer a procura daquilo que lhes é oferecido. O seu enriquecimento e a sua capacidade crítica e de conhecimento só serão atingidos quando puserem a cultura no seu devido lugar.
O Estado pode fazer muito em relação a isso, mas não pode fazer tudo. Como foi dito, julgo que podemos agir nessa conquista das novas gerações através da articulação