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45 | I Série - Número: 079 | 4 de Maio de 2007

a Europa de Leste. Muito amado por uns, profundamente odiado por outros, foi indiscutivelmente um dirigente polémico, não raro altamente polémico.
Para a História fica, sobretudo, o seu difícil, mas convicto, combate pela liberdade.
Nestas circunstâncias, o Grupo Parlamentar do Partido Socialista irá votar favoravelmente este voto.

Aplausos do PS.

Vozes do CDS-PP: — Muito bem!

O Sr. Presidente (Manuel Alegre): — Tem a palavra o Sr. Deputado Bernardino Soares.

O Sr. Bernardino Soares (PCP): — Sr. Presidente, Srs. Deputados: Mais uma vez, o CDS utiliza o voto de pesar não para manifestar pesar mas como arma de arremesso político para procurar fazer um debate sobre outro tema que não o pesar pela morte de alguém.

Protestos do CDS-PP.

Infelizmente, outros partidos, designadamente o Partido Socialista, têm colaborado nesta forma de actuação, que em nada prestigia os votos de pesar da Assembleia da República.
Boris Ieltsin foi, objectivamente, um firme aliado dos interesses do Ocidente e dos Estados Unidos da América na interferência na situação política interna da então União Soviética. Foi um instrumento muito útil, naquele período de fim da Guerra Fria e de transição para outro momento político na vida política mundial. Foi, para o seu país, aquele que desencadeou uma política de desastre económico e social que fez com que — vejam bem! — a esperança média de vida, na Rússia, tenha diminuído, por essa altura, 10 anos.

Protestos do CDS-PP.

Vozes do PCP: — Oiçam!

O Orador: — Foi aquele que desencadeou crises militares e conflitos regionais, que até hoje se arrastam e que tanto sofrimento têm trazido para o povo daquelas regiões.
Foi aquele que — vejam bem o seu carácter democrático! — mandou bombardear o Parlamento eleito, quando ele se opôs a algumas das suas decisões.

O Sr. António Filipe (PCP): — Exactamente!

O Orador: — Aí está o exemplo de democracia que o CDS, o PSD e o PS querem hoje aqui valorizar! Foi aquele que transferiu o património público — o qual, bem ou mal, pertencia ao povo e ao Estado daquele país — para a mão de um grupo de oligarcas que circulavam à sua volta e que fizeram, de um dia para o outro, grandes fortunas, que ainda hoje se mantêm muitas vezes ligadas a actividades e organizações criminosas.
Por isso, não poderemos votar a favor deste voto de pesar.

O Sr. Presidente (Manuel Alegre): — Tem de concluir, Sr. Deputado.

O Orador: — Vou já terminar, Sr. Presidente.
Não votaremos a favor deste voto de pesar, não por falta de respeito pela morte de qualquer ser humano mas porque ele não é objectivamente um voto de pesar. É, sim, a tentativa de impor uma verdade que não é verdadeira e que, por isso, vai merecer o nosso voto contra.

Aplausos do PCP.

O Sr. Presidente (Manuel Alegre): — Tem a palavra o Sr. Deputado Francisco Madeira Lopes.

O Sr. Francisco Madeira Lopes (Os Verdes): — Sr. Presidente, Srs. Deputados: Naturalmente, a morte de qualquer ser humano é sempre de lamentar e não causa a satisfação de ninguém.
Contudo, não podemos deixar de exprimir a nossa perplexidade não só pelos termos em que este voto é elaborado mas também pelo contexto em que ele se insere. De facto, não se percebe a intenção do Partido Popular ao propor um voto de pesar pela morte de um ex-estadista de um país estrangeiro que, no seu país e durante o período em que esteve no poder, deixou uma herança de extrema miséria para o seu povo, de instalação da corrupção ao mais alto nível e das máfias, e de propagação da pobreza pelo povo russo.

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