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10 DE MARÇO DE 2016

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se conjuga com o relevante setor social e tem sempre presente que o poder económico se deve subordinar ao

poder político e não este servir de instrumento daquele.

Dito de outra forma, o poder político democrático não deve impedir, nos seus excessos dirigistas, o

dinamismo e o pluralismo de uma sociedade civil — tradicionalmente tão débil entre nós —, mas não pode

demitir-se do seu papel definidor de regras, corretor de injustiças, penhor de níveis equitativos de bem-estar

económico, social e cultural, em particular, para aqueles que a mão invisível apagou, subalternizou ou

marginalizou.

Aplausos do PSD, do PS e do CDS-PP.

É no quadro desta Constituição — que, como toda a obra humana, não é intocável, mas que exige para

reponderação consensos alargados, que unam, em vez de dividir — que temos, pela frente, tempos e desafios

difíceis a superar.

Temos de saber compaginar a luta, no plano universal, pelos mesmos valores que nos regem — dignidade

da pessoa, paz, justiça, liberdade, desenvolvimento, equidade intergeracional ou valorização do ambiente —

com a defesa da reforma de instituições que se tornem notoriamente desajustadas ou insuficientes.

Temos de ser fiéis aos compromissos a que soberanamente nos vinculámos — em especial, aos que

correspondem a coordenadas permanentes da nossa política externa, como a União Europeia, a CPLP e a

Aliança Atlântica —, nunca perdendo a perceção de que, também quanto a elas, há sinais de apelo a reflexões

de substância, de forma, ou de espírito solidário, num contexto muito diverso daqueles que testemunharam as

suas mais apreciáveis mudanças. Os desafios dos refugiados na Europa, da não discriminação económica e

financeira na CPLP e das fronteiras da Aliança Atlântica são apenas três exemplos, de entre muitos, de

questões prementes, mesmo se incómodas.

Temos de sair do clima de crise, em que quase sempre vivemos desde o começo do século, afirmando o

nosso amor-próprio, as nossas sabedoria, resistência, experiência, noção do fundamental.

Temos de ir mais longe, com realismo mas visão de futuro, na capacidade e na qualidade das nossas

educação e ciência, mas também da demografia, da saúde, da segurança social, da justiça e da Administração

Pública e do próprio sistema político e sua moralização e credibilização constantes, nomeadamente pelo

combate à corrupção, ao clientelismo e ao nepotismo.

Aplausos do PSD, do PS e do CDS-PP.

Temos, para tanto, de não esquecer, entre nós como na Europa a que pertencemos, que, sem rigor e

transparência financeira, o risco de regresso ou de perpetuação das crises é dolorosamente maior, mas, por

igual, que finanças sãs desacompanhadas de crescimento e emprego podem significar empobrecimento e

agravadas injustiças e conflitos sociais.

Aplausos do PSD, do PS e do CDS-PP.

Temos de cicatrizar feridas destes tão longos anos de sacrifícios, no fragilizar do tecido social, na perda de

consensos de regime, na divisão entre hemisférios políticos.

Tudo indesejável, precisamente em anos em que urge recriar convergências, redescobrir diálogos, refazer

entendimentos, reconstruir razões para mais esperança.

Temos de reforçar o sentido de pertença a uma Pátria, que é a mesma para todos e perante a qual só há

— ou deve haver — Portugueses de igual dignidade e estatuto.

São difíceis, complexos, envoltos em incógnitas os reptos evocados?

Obrigam a trabalhos reforçados perante um mundo incerto, uma Europa a braços com tensões novas em

solidariedades internas e externas, finanças públicas a não comportarem temeridades, sistema financeiro que

previna em vez de remediar e que não crie ostracismos ou dependências contrárias ao interesse nacional,

política a ensaiar fórmulas novas, exigência de respostas mais claras, mais rápidas e mais equitativas?

Sem dúvida.