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SESSÃO DE 10 DE JANEIRO DE 1878

Presidencia do ex.mo sr. Joaquim Gonçalves Mamede

Secretarios — os srs.

Francisco Augusto Florido da Mouta e Vasconcellos

Alfredo Filgueiras da Rocha Peixoto

Presentes á chamada 66 srs. deputados.

Presentes á abertura da sessão — Os srs.: Osorio de Vasconcellos, Rocha Peixoto (Alfredo), Pereira de Miranda, Teixeira de Vasconcellos, Cardoso Avelino, A. J. d'Avila, A. J. Boavida, A. J. de Seixas, A. J. Teixeira, Cunha Belem, Arrobas, Carrilho, Rodrigues Sampaio, Telles de Vasconcellos, Ferreira de Mesquita, Augusto Godinho, Neves Carneiro, Zeferino Rodrigues, Barão de Ferreira dos Santos, Carlos Testa, Vieira da Mota, Conde da Foz, Custodio José Vieira, Forjaz de Sampaio, Filippe de Carvalho, Cardoso de Albuquerque, Pinheiro Osorio, Mouta e Vasconcellos, Francisco Costa, Van-Zeller, Paula Medeiros, Illidio do Valle, Jayme Moniz, Ferreira Braga, J. M. de Magalhães, Gonçalves Mamede, J. J. Alves, Matos Correia, Dias Ferreira, Pereira da Costa, Namorado, Ferreira Freire, Pereira Rodrigues, Pinto Basto, Julio Vilhena, Sampaio e Mello, Lourenço de Carvalho, Luiz de Lencastre, Luiz de Campos, Camara Leme, Bivar, Freitas Branco, Faria e Mello, Manuel d'Assumpção, Pires de Lima, Rocha Peixoto (Manuel), Marçal Pacheco, Miguel Coutinho (D.), Pedro Correia, Pedro Jacome, Pedro Roberto, Thomás Ribeiro, Visconde da Arriaga, Visconde da Azarujinha, Visconde de Guedes Teixeira, Visconde de Villa Nova da Rainha.

Não compareceram á sessão — Os srs.: Adriano Sampaio, Agostinho da Rocha, Alberto Garrido, Braamcamp, Antunes Guerreiro, Sousa Lobo, Mello Gouveia, Conde de Bertiandos, Conde da Graciosa, Eduardo Tavares, Vieira das Neves, Francisco Mendes, Pinto Bessa, Guilherme de Abreu, Palma, J. Perdigão, Jeronymo Pimentel, Barros e Cunha, Ribeiro dos Santos, Vasco Leão, Cardoso Klerck, Correia de Oliveira, Guilherme Pacheco, Figueiredo de Faria, José Luciano, Moraes Rego, J. M. dos Santos, Nogueira, Mexia Salema, Alves Passos, Mello Simas, Pinheiro Chagas, Mariano de Carvalho, Cunha Monteiro, Pedro Franco, Placido de Abreu, Ricardo Ferraz, Ricardo de Mello, Visconde de Moreira de Rey, Visconde de Sieuve de Menezes.

Abertura — ás duas horas da tarde.

Acta — approvada.

O sr. Presidente: — Meus senhores! Está na mesa a participação de que hontem pelas duas horas e meia da tarde falleceu Sua Magestade El-Rei de Italia Victor Manuel, Pae da nossa excelsa e virtuosa Rainha a Senhora D. Maria Pia de Saboia. (Sensação na camara). Unidas por tão estreitos laços de parentesco e amisade, as duas familias reinantes de Portugal e Italia, não póde o nosso paiz deixar de tomar parte no luto que tão duramente pesa sobre a Familia Real, a quem todos devemos o mais profundo respeito e sympathias.

Muitos apoiados.

As apreciáveis qualidades que tanto distinguiram El-Rei Victor Manuel, já como soldado valente, já como habilissimo estadista e politico que tornou livre e independente toda a Italia (repetidos apoiados), e alem d'isto a origem commum das duas nações amigas, fazem que n’este momento lamentemos todos tão grande perda.

Muitos apoiados.

Parece-me que interpreto fielmente os sentimentos da camara, propondo:

1.° Que se lance na acta d'esta sessão um voto de profundo sentimento pela infausta morte de Sua Magestade El-Rei de Italia Victor Manuel.

Geraes applausos.

2.° Que a camara, em demonstração de sentimento por tão dolorosa perda, suspenda as suas sessões por tres dias.

Apoiados.

3.° Que uma grande deputação, á qual poderão aggregar-se todos os srs. deputados que assim o desejarem, vá dar os devidos pezames a Sua Magestade El-Rei D. Luiz, a Sua Magestade a Rainha a Senhora D. Maria Pia, e a toda a Familia Real, logo que seja prevenida do dia em que Suas Magestades se dignarem recebel-a.

Muitos apoiados.

Vozes: — Muito bem.

Estas propostas foram approvadas unanimemente, por acclamação.

O sr. Thomás Ribeiro: — Esperei que alguem, depois de v. ex.ª e antes de mim, alguem, cuja voz fosse mais auctorisada que a minha, se levantasse no parlamento portuguez para lamentar uma grande perda, a morte de um grande rei que, embora estranho, se estranho se póde considerar ao nosso paiz, não deixa de ser uma perda universal, e universalmente sentida, e motivo de um luto especial para nós.

Têem passado por diante de mim grandes tristezas, grandes commoções pungitivas pelo decesso de grandes homens; raro a minha voz se levantou para commemorar estes funebres acontecimentos.

Certamente não é porque no meu coração se não repercutam as tristezas que cobrem de luto uma familia, um individuo, uma nação; é porque a minha voz não tem, na hora da desgraça, as modulações da saudade; é porque a dor que a muitos inspira e concede lamentos, que são consoladores, nega-me, quasi sempre a mim, o dom celeste das lagrimas.

Porém, sr. presidente, ha acontecimentos tão imprevistos e tão profundamente dolorosos, que, na phrase antiga portugueza, podia bem dizer-se: «Dão voz aos mudos e prantos aos troncos e aos rochedos».

Caiu prostrado um grande homem (apoiados); caiu prostrado, e quando menos se esperava, um grande rei, um grande cidadão.

Apoiados.

Este acontecimento parece-se com os cataclysmos da natureza! O raio desceu, fulminou um gigante e allumiou a triste scena com os seus sinistros clarões!

Vozes: — Muito bem.

A Italia perdeu o seu rei, que, ao mesmo tempo, era o seu pae, o seu protector, o seu creador, o seu mantenedor.

Apoiados.

A cavallaria, o que ha de mais alevantado e mais epico no que se chama — os brios militares — perdeu um dos seus primeiros soldados.

O povo, o mundo, a humanidade perdeu um dos seus mais prestantes, mais laboriosos e mais honestos cidadãos.

Muitos apoiados.

O partido liberal, não d'este ou d'aquelle paiz, mas o grande partido liberal que cobre a superficie da terra, perdeu n'aquelle rei um dos seus mais convictos e mais leaes partidarios.

Muitos apoiados.

Está, pois, de luto a Italia, a liberdade, a gloria, a humanidade, o mundo!

Muitos apoiados.

Vozes: — Muito bem.

A nós, portuguezes, cabe especialmente este luto, per-

Sessão de 10 de janeiro de 1878

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