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DÍAKIO DA CAMARÁ DOS SENHORES DEPUTADOS

Mas o dilemma que me poz o illustre Deputado é que eu não comprehendi item. Porque disse o illustre Deputado que os mesmos silo, pelos seus esforços, pelas suas influencias políticas, pela sua acção partidária, e que nada devem ás complacencias do Governo? Perfeitamente. O próprio Governo o reconheceu. (Apoiados).

Mas para que vem o illustre Deputado com esse dilemma, quando elle tão escusado era? Os illustres Deputados estio ahi e estilo bem, pela sua força própria, pela sua influencia política, pela sua acção partidária. Fui en o primeiro a declara Io e a reconhecê-lo pela maneira mais clara, positiva e solemne. E a que propósito vem a questão? E a que propósito vêem as complacencias, se comecei por dizer que a opposiçào parlamentar nada me deve, absolutamente nada?! Está no terreno de acção pela sua influencia e propaganda. Não precisou de mim, nem precisa. A que propósito vem isso? Já é querer maguar-me, quando nós todos estamos perfeitamente de acordo neste ponto, e nelle todos nos entendemos.

Deixemos, portanto, esse assumpto.

Disse ainda o illustre Deputado que os mesmos são e o mesmo hão de fazer (Apoiados da esquerda), os mesmos processos- hão de seguir.

Mas quando foi que eu disse que intervinha na acção política dos outros?

Quando foi que procurei intervir na direcção política de um partido em que não tenho a honra de militar?

Aqui estou no meu campo de acção: aqui me atacam; aqui me defendo. E basta-me, sempre,' a dedicação com que os meus amigos políticos me acompanham; isso me satisfaz.

Também para nada precisava dizer o illustre Deputado que entre nós se cavou um abysmo maior do que já havia.

Não compreheudo.

Pois então os illustres Deputados ainda me hão.de combater com mais poderosa investida e ainda mais aguda e percucientemente do que me procuraram combater na ses-'São legislativa passada?

Abysmo existiu sempre, e bom é que exista, para que, approximando-so os campos, uns c outros nos não confun-damos. (Apoiados).

Cada partido, para exercer a sua acção política, precisa manter a independência da sua funcçfto; e assim como o illustre Deputado não precisa do Governo, ha de permittir que o Governo, com o seu partido, não careça do apoio dos illustres Deputados, para governar. (Apoiados).

Em todo o. caso — e com isto termino—o illustre Deputado lançou aos quatro ventos a sua declaração de guerra. Ora essa declaração estava de ha muito feita e ella não nos detém nem nos desvia, porque obedecendo tão somente ao impulso da nossa acção própria e da conveniência dos deveres que nos assistem, não temos que nos determinar senão pelo que reputamos justo e conveniente ás instituições e ao paiz. E desde que assim estamos, o illustre Deputado pode erguer o seu pendão de guerra', annunciar' a morte do Governo, a luta mais intransigente alem do abysmo mais cavado, porque o illustre Deputado cumpre o seu dever e o Goveruo e a maioria cumprem também o seu, sem se arrecearem. (Apoiados.— Vozes: — Muito bem).

(O orador não reviu).

O Sr. João Pinto dOS Santos:—Sr. Presidente, começo por Jer a rainha

Moção de ordem

A Camará, considerando que o Sr. Presidente do Con selho apresentou hontem, como uma das causas da dissolução, a falta de deferência da-minoria da Gamara transacta pelo poder executivo, e ponderando que o paiz, convidado a intervir no pleito, elegeu os mesmos Deputados,

om os quaes o Governo se mostrara incompatível, reconhece que o Ministério não tem o apoio da nação e continua na ordem do dia.=Joôo Pinto dos Santos.
Já uma vez respondi ao Sr. Presidente do Conselho di-endu-lhe que, se lhe reconhecia uma figura notável de parlamentar, também lhe notava os defeitos correlativos Ias suas qualidades. Agora direi a mesma cousa, porque os discursos de S. Ex.a, na sessão anterior e nesta, reve-am perfeitamente o abuso da dialéctica, até ao ponto de se duvidar que S. Ex.a soja o grande orador que tndos lós admiramos. Respondendo á brilhantíssima interpellaçao presentada aqui pelo Sr. Conselheiro José de Alpoira, S. Ex.a elaborou uns sophismas de tal ordem, que qnasi custa a acreditar que saissera do cérebro do Sr. Hiritze Ribeiro, parlamentar distincto como é. (Apoiado*}. Por exemplo, S. Ex/ disse que nào percebia que, nesta questão, houvesse uma phase nova, desde que o Sr. Alpoim, que é um homem notável no seu partido, realizou a sua mterpellação. Ora, Sr. Presidente, seja qual for o valor ntellectual do Sr. Conselheiro Alpoim, que é muito, seja qual for o prestigio político de S. Ex." no seu partido, que 6 immenso, não ó isso moiivo para. que os outros, que .estão sentados nestas cadeiras, não possam apresentar phases novas de qualquer questão por elle tratada! (Apoiados).
Um homem nunca é um partido, pela razlo de que nenhum cérebro pode synthctisar a aspiração e o ponto de vista geral d'esse partido.
Aqui tem pois S. Ex.a como a sua dialéctica o arrasta a ser inferior a si mesmo, aos seus incontestáveis dotes. S. Ex.a fez cavallo de batalha da resposta dada pelo Sr. Conselheiro Alpoim a respeito da complacência dos actos eleitoraes.
O Sr. Alpoim não levantou a questão eleitoral — foi o Sr. Presidente do Conselho quem a trouxe propositadamente. (Apoiados).
O Sr. Presidente do Conselho, querendo explicar a situação que determinara a dissolução das Cortes, foi de uma rara inhabilidade, visto que não fez mais do que deixar mal collocada a minoria e até a própria maioria, onde conto amigos, aos quaes muito me honro de testemunhar aqui a minha consideração.
S. Ex.a, quando dissolveu as ('amaras, estava tíheio de ódio contra nós! (Apoiados).
A maioria d'esta Gamara, disse S. Ex.a, por mais de uma vez tem sido aggravada e tem supportado os aggra-vos que lhe teem sido dirigidos. (Apoiados).
Resta-nos saber: qual foi a razão que levou a maioria a' fazer tumultos?
O illustre leuder da maioria d'esta Gamara, Sr. Pereira dos Santos, ha de explicar quaes foram essas razões, porque é necessário que ellas se conheçam, para elucidação de todos.
Porque, no animo do Sr. Presidente do Conselho, era indispensável terminar-se com as Gamaras e então lembrou-se de dizer que dissolvia as Camarás por causa da questão dos tabacos!
Em primeiro logar, por parte d.a opposiçào nunca houve tumultos; mas, se os tivesse havido, não era pelo processo da dissolução que elles se corrigiam.
Na França, na Bélgica, na Allemanha — paizes citados pelo Sr. Presidente do Conselho, em cujos Parlamentos collaboram partidos avançados—não se corrigem os desmandos das opposições por essa maneira singular.
Segundo a Carta Constitucional, a dissolução dá-se, cm determinadas occasiões, por motivos de salvação do Estado. Ora ninguém dirá que uma arruaça feita por mira, pelo Sr. Deputado Cayolla, ou por qualquer outro membro da opposiçào, possa constituir ura motivo de salvação publica! (Riso).