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DIÁRIO DA CAMARÁ DOS SENHORES DEPUTADOS

o que disser, não tenho a mínima intenção de ma.goar o seu caracter, que venero. (Apoiados}.

E o Sr. Pequito toma conta da pasta da Fazenda. Mas, chamado S. Ex.a nesta Gamara á auctoria, sobre quaes eram as suas ideias, o seu plano, — S. Ex.a respondeu com franqueza que não tinlia plano, que não. apresentava projecto, que se limitaria a fazer com que os seus subordinados cumprissem com os seus deveres.

Deante d'estas declarações, a opposição tremeu. (Apoiados).

Pois então, sendo a situação tão grave, o Sr. Ministro da Fazenda assume essa responsabilidade sem ter plano algum? Melhor fora que se retirasse, ou não viesse.

Era esta a insistência da opposição. Era dever da opposição, quando o pais atravessava uma crise dolorosa, exigir do Sr. Ministro da Fazenda o remédio para os males do país, pelo menos a sua melhoria.

O Sr. Presidente do Conselho, que é um homem correctíssimo, considerando-se já o arbitro dos destinos d'este país, entendeu que á vista da attitude da opposição, que o não deixava caminhar, segundo diz, melhor era dissolver a Camará.

Se amanhã o Sr. Hintze Ribeiro, disser que nós estamos aqni por ellc querer, protestaremos contra as suas palavras (Apoiados), porque embora nas eleições pudesse ter havido concessões, isso não é motivo de censura, visto que na guerra mais accesa. também se fazem sempre concessões. (Apoiados).

S. Ex.;l, fazendo a dissolução, não teve deferência alguma para com o partido progressista. (Apoiados).

Pela nossa parte, continuamos nos nossos propósitos de combater o Governo (Apoiados) procedendo da mesma forma e, por isso, o Sr. Presidente do Conselho deve fazer o mesmo também — dissolver a Camará outra vez!

Fizeram as eleições, e o povo como se manifestou?

•Mandando á Gamara a mesma opposição, com a qual S Ex.!l era incompatível! Nestas circumstancias, como é que S. Ex.a se conserva no poder? E se surgir agora outro contrato à semelhança do dos tabacos, a opposição parlamentar terá que emigrar ninda? E possível. . . Mas o que succederá também é augraentar a onda de indignação contra homens que, saltando por cima das leis, querem escravizar os princípios da nação e os direitos do povo. (Apoiados. Vozes: — Muito bem).

(O orador não reviu).

Lê-se na mesa c é adinittida a moção do Sr. João Pinto dos Santos, ficando conjimtamente em discussão.

O Sr. Pereira dos Santos: —Sr. Presidente: muito longe estava eu de entrar neste debate parlamentar, principalmente na altura em que as circumstancias a isso me levam. Bem sabia que a questão se havia de levantar—e ella tem sido brilhantemente tratada pelos ilhistrcs parlamentares Srs. José de Alpoim c João Pinto dos Santos — mas nunca me occorrcn que entraria nella, já porque não •sou demasiadamente conhecedor da doutrina constitucional, já porque o meu temperamento não me arrasta para as discussões políticas. E tanto é nssim que era o illustre Deputado e meu amigo Sr. Manuel Fratel quem eu, como leader da maioria, escolhera para o logar de honra nesta • discussão, para, logo em seguida ao Governo, responderá opposição. Desde, perém, que o Sr. João Pinto dos Santos apresento"u uma moção, não seguindo sequer o preceito regimental, que, em taes casos, manda que se peça a palavra sobre a ordem,— desde que isto succede e que a moção de S. Ex.a é apresentada em nome da minoria progressista,— eu não posso deixar de me levantar para ler a moção que exprime a opinião da maioria da Camará rela tivamcntc ao assumpto quo está em discussão. (Apoiados).

Sr. Presidente : ouvi o discurso do illustre Deputado, que é mais uma revelado da sua individualidade e que mais o ennobrece neste Parlamento, porque sem duvida o dis-

curso do illustre Deputado foi, como todos os de S. Ex.tt, um discurso correcto na forma, como ó próprio do seu caracter, e lúcido na exposição e nas ideias, como é próprio da sua intelligencia. (Apoiados).
Mas eu vejo que o illustre Deputado, além d'estas dis-tinctas qualidades, ainda d'esta vez veio revelar mais uma faculdade: S. Ex.a conhece o verdadeiro segredo da eloquência parlamentar.
S. Ex.a, neste assumpto, logo começa por accentuar o que me parece constituir o motivo dominante d'esta discussão ; e é precisamente pela mesma forma que S. Ex.a termina o seu discurso: o illustre Deputado Sr. Pinto dos Santos abrira o seu discurso por uma espécie de chave de ouro, o é com ella que fecha o seu discurso!
O final do discurso do illustre Deputado parece que traduz o que a opposição progressista tem mais empenho em revelar. A opposição progressista exulta porque tem nas bancadas da opposiç!io os mesmos membros, e ao mesmo tempo vem dizer altivamente ao Parlamento : Nós continuaremos a seguir os processos parlamentares que até hoje seguimos. (Apoiados).
Já o Sr. Presidente do Conselho, no seu brilhantíssimo discurso, áffirmou e demonstrou que não ha a incompatibilidade a que se refere a moção do illustre Deputado. O Sr. Presidente do Conselho nunca mostrou incompatibi-lidades. (Apoiados).
São os mesmos Srs. Deputados ? Ainda bem. Seguem os mesmos processos parlamentares? Pois nós também os acompanharemos no enthusiasmo com que naturalmente se alevantem. (Apoiados).
De mais, no convívio particular mantivemos relações amistosas, que naturalmente todos muito apreciamos; e é por isso extremamente agradável para mim ter S. Ex.as como nossos collegas. Não só uma circumstancia, particular nos determina a exultar por vermos S. Ex.as no Parlamento, mas também um motivo de interesse geral — o interesse do paiz. E nas campanhas parlamentares, é na vida política, que os homens, pelo seu trabalho constante, pela sua assiduidade no estudo das questões graves e importantes de administração, adquirem os conhecimentos, a competência "para bem tratarem dos assumptos nacio-naes; e, Sr. Presidente, os illustres Deputados, que são já Deputados antigos, que teem já a sua reputação formada, são indiscutivelmente no partido progressista aquelles que melhor e mais completamcnte podem collaborar com a maioria para a resolução das importantes questões que temos a discutir.
E é isso c que nós queremos, o que desejamos, porque o único rim que nos inspira e que temos em vista é precisamente que os trabalhos que saírem d'esta Camará sejam devidamente estudados, de forma a serem proveitosos. (Apoiados).
Nós exultamos extremamente, portanto, com o facto de S. Ex.as estarem nesses logares. (Apoiados). Até aqui respondo única c simplesmente á primeira parte das declarações dos illustres Deputados.
Mas ha ainda outra: e essa é que os illustres Deputados hão de na Gamara continuar os mesmos processos que teern seguido e que adoptaram na ultima sessão legislativa. Sr. Presidente: evidentemente os illustres Deputados teem perfeita liberdade para procederem como quizerem. O prestigio d'esta Gamara exige que, sendo ella a garantia de todas as liberdades, todos tenham aqui absoluta liberdade de acção, e essa liberdade não consiste só na expansão das ideias mas também nas resoluções e deliberações tomadas pela Gamara. E S. Ex.as são os únicos responsáveis pelo que fizerem. (Apoiados).