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252 DIARIO DA CAMARA DOS SENHORES DEPUTADOS

exige o emprego de grandes velocidades, não póde empregar-se um navio de 15 milhas de marcha para cooperar com outros de 24 ou 30!

Occupo-me em mais detalhes n'esta comparação por ser a obra mais recente e se dizer que n'ella se consubstancia a opinião da maioria da armada!

Ora, eu pretendo um typo unico de cruzadores para ataque e defeza, e dispensando que sejam couraçados, pelo seu alto preço, apenas protegidos; o typo Buenos Ayres, correspondendo ás minhas aspirações: e dispenso o couraçamento não só pela rasão do preço, mas ainda escudando-me com o parecer de auctores considerados como o sr. Croneau, quando diz: "... dans bien des cas, les bâtiments protégés qui paraitront les moins courassés, seront cependans les mieux defendus".

Dado o elevado custo e a grande tonelagem de que carece um navio para, alem da protecção (carapaça), ter um couraçamento de flanco, eu dispenso este, procurando dar ao navio a sua melhor garantia de fluctuabilidade n'uma mais desenvolvida estructura cellular; para isto, pois me basta o typo Buenos Ayres, do contrario seria necessario que a esquadra nacional se compozesse de navios do typo Esmeralda ou Garibaldi, sem duvida excellentes, mas superior aos nossos recursos.

O outro typo de navio que deve constituir a nossa esquadra é o torpedeiro do alto mar; assim o entende tambem o sr. Matos quando diz "que o torpedeiro deve ser a base da defeza das costas"; opina da mesma fórma Lockroy, pretendendo que não deve ser inferior a 100 toneladas (pag. 93), e de 25 milhas de marcha (pag. 36).

Não é Lockroy um official de marinha, mas é um apaixonado pelo assumpto, tendo-se cercado antes e depois como ministro de grandes illustrações sobre materia naval, a que dedicou profundo estudo, como se vê do seu relatorio.

Diante d'estas considerações comprehende v. exa., sr. presidente, quanto me custa ver desperdiçar dinheiro construindo um navio que não é já um cruzador pela sua pequena eficiencia maritima, e nem é um torpedeiro.

No fim de contas vamos discutir a construcção de um navio quando essa construcção é já um facto consummado, quando não póde ser alterado e quando eu não posso fazer votar em contrario á opinião do governo...

Como prova do facto consummado, basta ver no Diario do governo, de 1 de julho, a auctorisação para um credito para pagar a machina, por completo, encommendada em França á companhia Des Forges et Chantiéres de la Mediterranée, feliz adjudicataria da construcção dos cruzadores de 1:800 toneladas, de um memoravel concurso.

E antes de proseguir na apreciação do projecto e do typo dos navios, que devem constituir a nossa força naval, conceda v. exa. que eu manifeste o meu profundo pezar por ver que, official ou officiosamente, se deu a um tão pequeno barco o nome da nossa excelsa Rainha, que bem merecia, pela importancia dos seus dotes, qualidades e jerarchia, mais valiosa adaptação.

Sr. presidente, o navio em questão póde considerar-se, pela sua grandeza e velocidade, como um simples explorador de esquadra e sem efficiencia militar, e quando os dotes do coração da excelsa Rainha têem uma tão dilatada esphera de acção, como todos nós sabemos, apesar das suas reservas, triste é que se lhe dê, como monumento de lembrança nacional, um navio, cuja grandeza, cuja efficiencia militar, não traduz, nem sequer singelamente, a efficiencia, a amplitude da sua caridade. (Apoiados.)

Mas ha mais, sr. presidente. Quando esse navio for em auxilio ou visita aos nossos compatriotas de alem-mar, quando elles virem chegar um bocado da patria, pois n'elle se consubstancia pelo principio internacional da exterioridade, terão o duplo pezar da insuficiencia do navio e da lembrança da pessoa de que lhe deram o nome, que elles, pela tradição, conhecem quanto era merecedora de mais grandioso monumento. (Apoiados!)

Disse eu, sr. presidente, que este navio tinha para mim apenas a categoria de um simples explorador de esquadra, e se tal avanço é porque, n'um estudo recente que fiz sobre o Annuario naval, de Brassey, só n'essa classe de navios encontro typos comparaveis ao do projecto.

Tem d´estes a Inglaterra 19, e se d'estes separarmos os dois mais antigos, a Iris e o Mercury, que pela sua tonelagem e velocidade, estão deslocados n'esta relação, ficam 17, dos annos de 1885 a 1890, com uma capacidade comprehendida entre 1:580 e 1:830 toneladas e de 16,5 a 17,75 milhas de velocidade, com dois a tres tubos de torpedos, em geral com 6 peças de 12 centimetros, alem de 4 a 8 peças de pequeno calibre e 2 metralhadoras, e tendo os mais modernos, construidos em 1889 e 1890, com uma protecção para a artilharia de 11cm,25 e a carapaça com. 0,025 a 0,05 de espessura; dois d'elles são forrados, mas tendo os mais antigos desde 325 a 475 toneladas de carvão: os 6 modernos protegidos desceram a ter um abastecimento de 140 a 160 toneladas de carvão, o que lhes reduz enormemente o raio de acção, mesmo para o fim a que foram destinados. O facto de parar em 1890 a construcção d'estes navios e encontrar na lista a Iris e a Mercury, de 1877 e 1878, portanto com vinte annos, com 3:730 toneladas, 18 milhas de marcha e 780 toneladas de abastecimento de carvão, levam-me a crer que a Inglaterra passa a empregar como exploradores de esquadra os seus navios mais velhos, não construindo mais especiaes.

A França figura com 12 navios n'este quadro e classe, construidos de 1885 a 1893, de 1:220 a 1:994 toneladas de 17 a 20,5 milhas, e com 4 a 5 tubos de torpedos, com 4 peças de 15 centimetros ou 5 de 10 centimetros, alem de algumas de menor calibre e em regra 4 metralhadoras, a protecção representada por chapa de 0,0375, o com um abastecmento de carvão, regulando outro 118 e 160 toneladas; a grande velocidade que a maioria d'estes navios tem, podia collocal-os na classe dos cruzadores: o seu pequeno abastecimento de carvão, porém, nega-lhe essa classificação por falta de raio de acção: pelos seus elementos de ataque e defeza, velocidade e pequeno raio de acção, estão bem collocados na classe dos simples exploradores de esquadra, tirando d'esta a sua segurança.

Figura tambem a Allemanha n'este quadro com 12 navios, construidos desde 1882 a 1895, de 1:230 a 1:971 toneladas de 16 a 23 milhas de marcha, com 200 a 400 toneladas de carvão de abastecimento, em media com 2 tubos lança-torpedos, 4 a 8 peças de 10 centimetros, 6 metralhadoras e 5 a 75 centimetros de chapa de carapaça.

Não apparece nas tabellas nenhuma outra noção com taes typos de navios classificados como exploradores de esquadra, apezar de haver a Italia, a Russia, os Estados Unidos e o Japão, com poderosas esquadras de combate, mas devendo tel-os.

Por estes dados temos, pois, que o chamado cruzador D. Amelia, com 1:660 toneladas, com 17,5 milhas de marcha, 4 peças de 15, 2 de 10 e 2 de 47 millimetros, 4 metralhadoras, 2 tubos e 211 toneladas de carvão, cáe perfeitamente na categoria dos navios acima apontados como simples exploradores de esquadra. Não é um grande torpedeiro pela sua pequena velocidade em relação para o que se exige para taes navios e pelo reduzido numero de tubos 2. Não é um cruzador pelo limitado raio de acção que se lhe arbitra em 4:200 milhas, o que quer dizer que não attingirá qualquer das nossas colonias sem fazer escala para se abastecer e que n'uma questão no Rio da Prata, onde temos uma colonia importante, chegaria ali quasi sem carvão, ainda que se tivesse reabastecido em Cabo Verde!

Não é, pois, nem um torpedeiro nem um cruzador, e