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DIARIO DA CAMARA DOS SENHORES DEPUTADOS

Discurso do sr. deputado Osorio de Vasconcellos, pronunciado na sessão de 18 de fevereiro, que se devia ler a pag. 412, col. 2", d'este Diario

O sr. Osorio de Vasconcellos: — Não tencionava entrar no debate ácerca da discussão, na generalidade, do orçamento, apesar de não me faltarem censuras a fazer ao s governo, as quaes eu me propunha adduzir quando se tratasse da discussão na especialidade. Todavia sem pretender dar vida nova e novos impulsos ao incidente que na ultima sessão se levantou, por melindres nunca vistos, por intraduziveis irritabilidades bem difficeis de explicar, que escaparam á lithurgia parlamentar; repito, sem que pretenda dar vida nova a esse incidente, e porque tinha pedido a palavra incumbe-me o dever de demonstrar á camara que não fui arrastado por sentimento nenhum politico, nem tão pouco para que o meu nome ficasse ligado a esse incidente.

Pedindo a palavra e usando agora d'ella, quero apenas lavrar um protesto, quero varrer a minha testada, como se diz em boa phrase portugueza. Bem sei eu que, levantando a minha voz, ou deixando-me ficar silencioso, nem por isso passo á posteridade; mas desde o momento em que se pretendeu aqui, n'este recinto augusto, fazer a separação entre eleitos e réprobos, entre patriotas e não patriotas, mas desde que uma voz illustre da maioria veiu arremessar á opposição o rapto e a objurgatoria, força é que levantemos a luva e que digamos com serena hombridade nós todos somos bons e leaes portuguezes. (Vozes: — Muito bem.)

Plenissimamente a sangue frio, como estava então, e é natural que esse meu sangue frio muito mais se accentuasse passadas que foram tantas horas depois d'aquella excitação, em virtude d'aquelle ditado francez de que la nuít porte conseil; applacada a corrente da circulação e domada essa furia com que alguns dos illustres deputados da maioria nos profligaram, e como que pulverisaram ou fulminaram a opposição, estamos em bom e neutral terreno para ajustar muito á risca as nossas contas perante o paiz que nos ouve. (Apoiados.)

Repito, eu estava a sangue frio quando o meu illustre amigo e illustre poeta, o sr. Thomás Ribeiro, em phrase indignada levantava as mãos ao céu como se pedisse ao vingador Jehovah que despedisse lá do alto os seus raios para fulminar a opposição. Eu não me senti fulminado, antes com a cabeça bem erecta e recebendo de chofre a ea-