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APPENDICE Á SESSÃO DE 26 DE JULHO DE 1890 1552-E

ção do caminho de ferro, mas que desse uma empreitada geral em concurso publico de toda a construcção.

Desculpe-me o meu illustre amigo, mas este expediente tambem não satisfaz, e antes a meu ver aggrava mais.

A construcção é a polpa, a exploração é o osso.

De modo que, íamos dar a uma companhia a polpa e o governo, isto é, o paiz, ficava roendo o osso.

Ha um meio simples de remover todas as difficuldades.

O governo manda immediatamente fazer os estudos difinitivos do 1.ª secção; faz approval-os e dá uma empreitada total, ou dá empreitadas parciaes d'esta 1.ª secção.

Manda estudar a 2.ª secção e faz b mesmo e assim sucessivamente.

D'este modo evitam-se suspeitas, e o governo não perderá nada.

Affirma o sr. Fernando Palha e eu repito, porque concordo com a opinião de s. exa., que a situação financeira não era conveniente e por isso não era opportuna a construcção d'este caminho de ferro.

Não se comprehende, que indo pedir ao contribuinte o sacrificio de mais 6 por cento sobre todos os impostos se vá emprehender uma obra tão cara.

Se ao menos o governo procedesse de modo a acautelar os interesses do thesouro construindo o caminho de ferro por sua conta e não preparasse as cousas para metter avultadas quantias nas algibeiras dos amigos, ainda tinha uma attenuante.

Creio, que o governo pretende governar á vontade do paiz.

Pois consulte-o sobre se quer o caminho de ferro de Mossamedes construido já e por este processo, ou se quer deixar de pagar os 6 por cento verá o que lhe responde.

A idéa d'este caminho de ferro nasceu do requerimento feito em junho de 1886 ao sr. ministro da marinha pelos srs. H. Capello e R. Ivens, em que mostravam a vantagem da sua construcção.

Mas, n'esse bem elaborado documento se mostra que no plan'alto da Chella ha boas condições de colonisação, mas ainda não ha desenvolvimento sufficiente que assegure a necessidade da linha.

Em absoluto, ha sempre vantagem em construir linhas ferreas para toda a parte; mas o caso é saber se a região atravessada por essa linha tem movimento industrial, commercial ou agricola que dê que fazer ao caminho de ferro, e remunere o capital que se vae empatar.

Parece-me, que a linha em questão só tarde e muito tarde estará n'estes casos.

Veja a camara o que dizem no alludido requerimento os peticionarios:

«A parte d'este plan'alto, comprehendida entre o parallelo de cabo Frio, na latitude 18°,24 e o parallelo do Bihé, na latitude 12°,22, ou ainda muito para o norte e alargando-se para o interior, desde a serra da Chella até ás margens do Cubango, possue um clima quasi europeu apropriadissimo á constituição da raça branca em Africa.

«Cheia de florestas povoadas de numerosas especies arboreas, é cortada por muitos rios que fertilisam extensos campos de pastagens abundantes para milhares de rebanhos, e onde o trigo produz 200 sementes e a oliveira e a vinha crescem e fructificam como na Europa.

«Para essa região, favorecida de condições tão beneficas de salubridade, de clima e de fertilidade de terreno, onde o colono europeu encontra um viver facil, com todos os recursos da abundancia, deverá ser encaminhada a emigração portugueza.»

D'aqui se deprehende, que na Chella ainda não ha colonisação sufficiente que justifique a construcção de um caminho de ferro.

Póde chegar a haver, mas o que parecia regular era que se esperasse para então se realisar este emprehendimento.

E continúa o mesmo requerimento:

«Todo o commercio das cabeceiras do Zaire, do Alto Zambeze e seus affluentes e os da região dos lagos feito por Zanzibar e outros portos da costa oriental, affluiria a Mossamedes.

«Pelo lado politico, o estabelecimento d'essa linha, desenvolvendo o commercio e a agricultura pela facilidade dos transportes, convidaria a emigração a povoar rapidamente a região do planalto, e o elemento portuguez assim accumulado, tornando-se barreira á invasão allemã, predominando então ali e irradiando-se, nos asseguraria para sempre o nosso dominio até ao coração da Africa austro-intertropical, e a juncção com a provincia de Moçambique ficaria assim praticamente estabelecida.

«Rasgar, porém, desde já esta linha até ao Bihé, partindo de Mossamedes, com um percurso de 500 kilometros, era a realisação da idéa enunciada tão consoante aos nossos interesses, era a assimilação dos terrenos e mercados no curso d'esta linha, era, emfim, colheita de alta significação para nós e os resultados obtidos compensariam com prodigalidade todos os sacrificios que se fizessem para a sua realisação.

«Ao estabelecimento d'ella seguir-se-ía a colonisação immediata do planalto.

«No Bihé levantar-se-ía logo uma grande cidade, attrahindo a si o importante commercio do sertão.

«Em Caconda constituir-se-ía um importante centro agricola Mossamedes, sendo a tosta d'esta linha, tornar-se-ía o porto de mais movimento e de maior importancia commercial de toda a Africa do sul.»

Como a camara vê, tudo são hypotheses.

Nada, ou quasi nada existe ainda, tudo porém é provavel que se venha a realisar, se o caminho de ferro se construir.

E, note a camara, que eu apenas estou a analysar os documentos officiaes, sem me mostrar de modo algum contrario em absoluto á construcção d'este ou de qualquer outro caminho de ferro.

O que eu quero é acautelar os interesses do thesouro.

Os illustres exploradores Capello e Ivens pintam-n'os côr de rosa o que ha de vir a acontecer se construirmos o caminho de ferro, e ao mesmo tempo carregado de negras cores só porventura deixarmos de o construir.

Mas o que não dizem é que deixe de se acautelar os interesses do thesouro, nem que seja preferivel construir esta linha de preferencia á de Benguella.

Se ouvirmos as pessoas competentes, dizem os apaixonados de Mossamedes que esta linha deve ter preferencia, e os apaixonados de Benguella que deve ser o contrario.

O que devemos concluir d'aqui?

É que tanto uma como outra é de necessidade que seja construida o mais breve possivel.

Mas, não tendo o paiz recursos suficientes, devia começar pela que daria mais resultados immediatos, e tudo leva a crer que será a linha de Benguella, que já tem commercio desenvolvido.

Diz mais o alludido requerimento:

«Para evitar este desastre, que seria para nós uma calamidade, torna-se uma necessidade instante e inadiavel a construcção immediata do caminho de ferro indicado, de Mossamedes ao Bihé, divididos em secções, sendo a primeira de Mossamedes á subida da Bibala ou outro ponto da serra da Chella, que os estudos indicarem de mais facil accesso; a segunda d'ahi atravessando os campos da Humpata e da Huilla até Caconda, e a terceira de Caconda ao Bihé.

«O desenvolvimento enorme que esta linha creará e irá dar á agricultura do plan'alto, e portanto á colonisação d'aquella região por familias portuguezas, é objectivo que deve mirar-se e fixar-se como de todo o ponto interessante para a região que atravessa, e conseguintemente para o nosso paiz.

«As propriedades do valle de Campangombe já exporta-