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ces começou, segundo tenho idea, sendo guarda-mór o sr. Vieira de Castro; mas não se tem continuado este trabalho, provavelmente por não haver braços.

Limito a isto o que tenho a dizer para não gastar tempo a camara, porque não desejo cooperar para que o orçamento tenha uma discussão mais longa do que as circumstancias comportam; e accrescentarei sómente por analogia de circumstancias que tambem seria muito conveniente que se publicassem os catalogos das diversas bibliothecas publicas do reino, para as quaes ha uma dotação estabelecida aqui no orçamento. Estou convencido de que o sr. ministro do reino não póde deixar de ter applicado a sua attenção a este respeito, e sollicito algumas explicações de s. ex.ª, que estou convencido que hão de ser satisfactorias.

O sr. Ministro do Reino: — Sr. presidente, eu tomo nota das observações do illustre deputado em toda a sua extensão, e não posso deixar de dar testimunho do serviço importantissimo que uns poucos de empregados daquella repartição teem prestado ao estado.

O archivo da Torre do Tombo, como todos sabem, é um dos mais ricos da Europa, porque por extincção dos convenios e outras corporações como por exemplo a Inquisição etc. foram mandados para aquella repartição carros e carros de documentos, que parecia impossivel que com tão pouca gente se podessem classificar em muitos annos, e acham-se classificados á força de um trabalho improbo e de um methodo excellente, e da assiduidade das pessoas alli empregadas, dirigidas pelo official maior desta repartição, homem dignissimo e um dos empregados mais respeitaveis desta nação. Por tanto dou testimunho dos importantes serviços feitos por estes empregados e com especialidade pelo official maior.

Em quanto á publicação dos diversos catalogos, ella realmente não podia continuar em muito progresso, em quanto o archivo não estivesse na ordem em que esta actualmente, ou ha um anno a esta parte. Até alli parece-me que era antecipar o trabalho, que devia ser feito depois da ordem estabelecida, e creio que isto era uma necessidade que se fizesse. Eu affirmo ao illustre deputado que emprego já nisto os meus cuidados, e que assim como pelo esforço de um illustre deputado, que vejo aqui junto a mim que emprehendeu a coordenação de um catalogo muito bem ordenado, muito perfeito dos livros da bibliotheca do Evora, assim se fará essa publicação que o nobre debutado deseja, e que tem por fim não só ministrar aos curiosos e aos instruidos os esclarecimentos necessarios para extraírem d'ahi documentos muito importantes de seu proprio interesse, mas tambem aos homens distinctos da nossa leira em litteratura para sabor, onde teem documentos importantes genealógicos, e outros interessantes que se acham naquelle archivo, e que constituem peças importantissimas e muitas que dão testimunho das glorias dos nossos antepassados, e de muitos dos nossos antigos exercitos o tambem das grandes façanhas e emprezas desta nação

O nobre deputado sabe que não só nesta repartição, mas n'outras so teem cerceado os meios que são precisos para estes trabalhos. Agora é necessario que com o conhecimento que se tem da necessidade o utilidade de taes despezas votemos os meios, para applicar a certas despezas que são indispensaveis, por que ha despezas que são economicas. (Apoio los).

O sr. José Estevão; — Sr. presidente, eu pedi a palavra para fazer algumas reflexões, que me parecem do utilidade publica, sobre um estabelecimento que por mais que se tenha feito delle uma cousa indifferente, não posso deixar passar sem fazer breves considerações.

Depois da organisação do ministerio das obras publicas, desaccumularam-se grandes e ponderosas attribuições do ministerio do reino, e o sr. Rodrigo da Fonseca Magalhães ficou mais desembaraçado para tambem virar ainda mais se fôr possivel a sua attenção aos assumptos da instrucção publica, no que s. ex.ª emprega todo o seu zêlo, como ministro, e até por tendencia de sua propria vontade e illustração, e digo isto por que s. ex.ª tem dado sufficientes provas de tomar muito a peito este importantissimo ramo de serviço publico.

Ora o objecto de que pertendo fallar, tem toda a ligação com a instrucção publica, e por isso eu pedia a s. ex.ª noticia de um estabelecimento creado pelo sr. Passos (Manoel), que se intitulava — conservatorio de artes e officios — Eu não posso fazer conhecer á camara circumstanciadamente todas as desgraças que aconteceram a este estabelecimento; mas lembro me que soffreu uma invasão dentro dos muros da capital, por que um corpo que estava para partir para a India, e que se aquartelou naquelle edificio e que o puzeram de paredes meias com aquelle estabelecimento, um dia em um excesso de indisciplina lembrou-se de averiguar como estavam occupadas as cazas da sua visinhança, e desfazendo uma frágil reparação, que havia, entrou por alli dentro, e fez o que fariam soldados, dando cabo das machinas e modelos que alli existiam.

Eu não sei onde existem hoje os restos, que escaparam á devastação; mas creio que foram passados á escóla industrial; mas eu peço a s. ex. o sr. ministro do reino, que olhe com caridade para o resto dessas pobres collecções de modelos e machinas, que escaparam a disciplina desses vandalos

Peço mais a s. ex.ª que se informe se ha realmente uma bibliotheca publica em Lisboa, ou se se dá o nome de bibliotheca a um corredor escuro, húmido, e sem espaço, onde estão condemnados á morte um certo numero de livros, mas que não se póde dizer que é uma bibliotheca, aonde se possa ir lêr, e aonde se possam ir consultar livros (Apoiados).

Nós não lemos muita tendencia para lêr; mas se nos esconderem os livros, ou se puzerem grandes difficuldades, para ir aos archivos onde estão, e se nos puzerem difficuldades para os lêr, de certo esta circumstancia da pouca tendencia para lêr, junta com estas difficuldades, farão com que a pouca vontade que ainda nos resta, desappareça de todo; por que é necessario ter muita séde de lêr, para ir a essa chamára bibliotheca publica, lendo de atravessar paredes humidas, corredores escuros o saltando barrancos que a cada passo se em outro III.

Não se podem fazer reflexões a este respeito sem nos recordar com magoa de uma grande alienação que»e foz do terreno adjacente áquelle lado do edificio do convenio do S. Francisco, que eu desejaria que fosse separado dessa alienação investindo-se o governo na posso desse terreno pelos meios legaes, que lhes facuta a lei de expropriações, por que é uma vergonha para nós, que tendo-se feito muitas construcções para embellezamento da capital, e que pio