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68 DIARIO DA CAMARA DOS DIGNOS PARES DO REINO

Pimentel Pinto.
Miguel Dantas.
Pedro Victor.
Dantas Baracho.

Tendo approvado 17 Dignos Pares, e rejeitado 20, não foi admittido á discussão o projecto do Digno Par Oliveira Monteiro.

O Sr. Presidente: - A morte do Digno Par Thomaz Ribeiro causou profunda consternação aos seus amigos, que eram tantos quantas as pessoas que conheceram aquelle homem extremamente sympathico, que honrou a nossa litteratura porque foi um poeta verdadeiramente inspirado.

No Parlamento, Thomaz Ribeiro foi um eloquente e vigoroso orador; em ambas as Camaras, nos debates mais apaixonados, com os seus discursos, ainda que energicos, encantava os correligionarios sem nunca offender nem melindrar os adversarios.

No exercicio dos mais altos cargos do Estado, Thomaz Ribeiro era sempre distincto; nos Conselhos da Coroa, como estadista, mostrou ser, alem de um talento superior, um caracter honestissimo e uai grande amigo do seu país.

Não faço um elogio funebre, apenas profiro estas singelas palavras como homenagem ao fallecido e como sincera expressão da profunda magua que me causou a sua perda.

Parece-me que sou fiel interprete de toda a Camara propondo que se lance na acta um voto de condolencia pela morte d'aquelle Digno Par, fazendo-se a devida communicação á familia.

(S. Exa. não reviu).

O Sr. Presidente do Conselho de Ministros (Ernesto Hintze Ribeiro): - É com profundo sentimento que se associa ao voto de condolencia proposto pelo Sr. Presidente da Camara.

Parece que vibram ainda nesta sala as palavras do illustre parlamentar, que, em situações melindrosas, e quando todos sentiam a commoção propria dos grandes acontecimentos parlamentares tinha uma maneira sua, muito especial, de adduzir as considerações que o assumpto lhe suggeria.

Não tem expressões com que possa formular a magua e o sentimento profundo com que acompanha a proposta submettida á consideração da Camara.

(O discurso do Sr. Presidente do Conselho será publicado na integra, quando S. Exa. tenha revisto as provas tachygraphicas).

O Sr. Visconde de Chancelleiros: - Sr. Presidente: quer a fatalidade que as actas das nossas sessões se convertam em registos de commemoração funebre por collegas nossos.

Ainda ha pouco, Conde de Valbom; hoje, Thomaz Ribeiro. Sr. Presidente: associo-me ás palavras que acaba de proferir o Sr. Presidente do Conselho, com não menos unção de sentimento e com verdadeira saudade que todos nós nutrimos por elle. Fui seu contemporaneo nos estudos da Universidade e creio mesmo que condiscipulo.

Vim depois para o Parlamento, mais cedo que S. Exa., mas encontrei-o, se não já na Camara dos Deputados, na Camara dos Pares a que pertenceu, travando rijos combates em mais de uma occasião.

Foi Ministro de diversas pastas; mas Ministros teem sido muitos e desappareceram sem que os seus nomes tenham entrado na historia, mesmo na contemporanea: elle foi Ministro, elle foi Par, mas fez honra á sua pasta e, nesta Camara, deixou assignalados triumphos.

Mas, Sr. Presidente, alem de ser Ministro, como muitos, e Par, como nós todos, elle foi o poeta que mais sentidamente fez vibrar a alma nacional (Apoiados) e hoje que sentimos partir as cordas d'aquella lyra recordando os echos da antiga gloria que fez vibrar emocionadamente a alma popular, eu acompanho com sentimento proprio o sentimento publico por este morto que deve ser tão chorado por todos nós portugueses, que na alma portuguesa haja uma suspensão de movimento, um compasso de espera e grande, porque deixou de existir quem a sabia vibrar e impulsionar por todos os sentimentos os mais generosos e os mais patrioticos que se teem impulsionado pela palavra do poeta.

Sr. Presidente: dizendo isto cumpri o meu dever no elogio da memoria de tão illustre extincto.

(O orador não reviu).

O Sr. Frederico Arouca: - Nada pode accrescentar ao que disseram os illustres oradores que o antecederam no uso da palavra, e por isso limita-se a adherir á proposta do Sr. Presidente, que tem por fim honrar a memoria d'aquelle que, quer como escriptor, quer como Ministro da Coroa, honrou o seu nome e a sua patria.

O Sr. Bandeira Coelho: - Sr. Presidente: depois das eloquentes palavras proferidas por V. Exa. e pelos Dignos Pares os Srs. Ernesto Hintze Ribeiro, Frederico Arouca e Visconde de Chancelleiros, não vou fazer a biographia do nosso chorado collega Thomaz Ribeiro. Venho simplesmente associar-me em nome da minoria progressista ao voto de sentimento proposto por V. Exa.

Não estranhem V. Exa. e a Camara, que eu o mais modesto e humilde membro da minoria progressista, a represente neste assumpto. O facto resulta, porque sendo amigo pessoal do illustre extincto, sou alem d'isso o unico membro d'esta Camara, ao presente, seu patricio.

Frequentava eu o lyceu de Vizeu, quando Thomaz Ribeiro, regressando á sua aldeia, bacharel formado em direito, laureado, e já com a reputação de litterato e de distincto poeta, estabeleceu ali banca de advogado. Com taes predicados e dotado de uma physionomia tão insinuante em breve alcançou um logar proeminente nos salões da velha aristocracia.

Viziense, que hoje já não existe. Pretendeu entrar na vida publica e começou pelo modesto logar de administrador do concelho do Sabugal.

Depois foi eleito Deputado por Tondella, circulo da sua naturalidade; matriculou-se no partido regenerador, d'onde resultou que durante longo periodo teve de terçar armas com uma plêiada de homens notaveis que tanto nobilitaram Vizeu, e que quasi na totalidade, tambem já desappareceram, e de homens notaveis que então existiam.

Pois, Sr. Presidente: d'essas tantas e por vezes violentas refregas, quer no campo eleitoral, quer no jornalismo, nunca já mais resultou a minima perturbação de relações pessoaes.

Esta é uma nota elucidativa da excellencia do seu caracter. Por isso tenho saudades d'esses tempos, como é grande a saudade que a provincia da Beira Alta, principalmente Vizeu, que elle tanto amava, consagram á sua memoria.

O Sr. Presidente: - Em vista da manifestação da Camara considero a proposta approvada por acclamação. (Muitos apoiados).

O Sr. Conde de Casal Ribeiro (por parte da commissão do bill): - Sr. Presidente: por parte da commissão do bill declaro a V. Exa. e á Camara, que esta se acha constituida, tendo escolhido para Presidente o Sr. Conselheiro Arouca e a mim para Secretario.

Peço a V. Exa. que consulte a Camara sobre se permitte que esta commissão possa reunir durante a sessão de hoje.

(Consultada a Camara, foi concedida a auctorização).

O Sr. Presidente: - Em virtude da auctorização que a Camara concedeu á mesa, ficam assim nomeadas as seguintes commissões: