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CAMARA DOS DIGNOS PARES DO REINO

SESSÃO DE 5 DE MAIO DE 1865

PRESIDENCIA DO EX.MO SR. CONDE DE CASTRO

VICE-PRESIDENTE

Secretario, o digno par Mello e Carvalho

(Assistem os srs. ministros da fazenda e do reino.)

Pelas tres horas da tarde, tendo-se verificado a presença

de 31 dignos pares, declarou o ex.mo sr. presidente aberta a sessão.

Leu-se a acta da antecedente contra a qual não houve reclamação.

Mencionou-se a seguinte correspondencia:

Um officio do ministerio do reino, participando para os fins convenientes que Sua Magestade El-Rei receberá no real paço da Ajuda, ámanhã 4 do corrente, pela hora do meio dia, a deputação da camara dos dignos pares do reino.

Um officio do ministerio das obras publicas, enviando oitenta exemplares da conta da gerencia do dito ministerio relativo ao anno economico de 1863-1864, do exercicio de 1862-1863 para serem distribuidos pelos dignos pares do reino.

O sr. Rebello da Silva: — Sr. presidente, desejo offerecer algumas ponderações á camara sobre assumpto que reputo grave; o meu fim é fundamentar uma moção que hei de mandar logo para a mesa.

A camara sabe, por documentos officiaes estampados nos jornaes estrangeiros, que um attentado acaba de cobrir de luto uma grande nação alem do Atlântico, a poderosa republica dos Estados Unidos.

O sr. Conde d'Avila: — Peço a palavra por parte do governo sobre este incidente.

O Orador: — O presidente Abraham Lincoln foi assassinado no theatro quasi nos braços de sua esposa!

A prepetração de acto tão cruel causou profunda magua na America, e em todas as côrtes da Europa. Os gabinetes e os parlamentos expressaram o mais vivo sentimento por tão doloroso facto.

Pertence ás sociedades civilisadas, torna-se quasi um dever para todos os corpos politicos constituidos, o acompanharem de suas manifestações a expressão sincera do horror e profunda magua com que deploram actos e crimes tão graves (apoiados).

Por fatalidade, ou por sublime disposição e insondavel segredo da Providencia, que é lei historica mais christã, que não só na vida das nações, como na vida dos individuos, muitas vezes acontece, que vencidas as maiores alturas, consummados os destinos mais arriscados, subidos quasi os ultimos degraus das grandezas humanas, quando a estrada se aplana de repente, quando os horisontes se destoucam de véus sombrios e sorriem inundados de luz, é então que um braço invisivel se alça nas trevas, que uma força occulta e inexoravel se arma no silencio, e vibrando o punhal de Bruto, apontando o canhão de Wellington, ou offerecendo a taça invenenada dos réis da Asia, precipita das eminencias o triumphador coroado de palmas, aos pés da estatua de Pompeu como Cesar, aos pés da fortuna cansada de o seguir como Napoleão, aos pés do coloco de Roma irritada como Annibal!...

A missão dos grandes homens, dos heroes, se os torna