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12 DIÁRIO DA CAMARA DOS DEPUTADOS

imprensa periódica, aproveitando, deturpando muito contra nós, se fizesse sistematicamente eco dessa campanha, de manhã, de tarde, à noite, modificando a, aumentando-a, parece que promovendo cá dentro a mesma aspiração que a de lá de fora, de levarem o que é nosso, que foi nosso, e que há-de ser nosso. (Apoiados).

Sei muito bem, que nós portugueses podíamos viver muito bem sem colónias, como vive a Espanha, e não me seria difícil provar, que decerto teríamos sido até hoje assim tam ou mais felizes do que com o nosso vasto domínio colonial; mas, nem pela minha cabeça podia passar que possamos de qualquer forma, a não ser massacrados, renunciar àquilo que é nosso, que foi nosso e há de ser nosso. (Apoiados).

Entendo que com elas mais felizes seremos de futuro, porque basta apenas um plano sensato de forma honesta, que quiser ver que aquilo é uma riqueza para nós e para êles; para nós portugueses, para êles colonos e aborígines, basta um plano em que domine a competência e honestidade para as manter e explorar, para que a Europa toda nos reconheça sempre com direito a tê-las na nossa mão. Sôbre isso não há dúvida.

As colónias não serão a razão de ser (como se diz) da nossa existência como Nação, mas são com certeza a razão de ser moral da nossa existência; não pelo lado económico, mas pelo da tradição da raça.

Temos os Lusíadas que podemos começar a ler, e que no tempo da monarquia era quási um livro fechado para entregar a outros.

Ora eu peço à imprensa portuguesa, cujos representantes me ouvem, que olhe para o problema nacional e para o colonial com aquele carinho e disvelo que nos devem merecer as terras que tanto sangue nos custou, que tantos séculos de atenção nos mereceram e que tantas riquezas nos hão de dar; e que quando a imprensa estrangeira nos guerrear, seja a de nossa casa a primeira a levantar o ânimo do povo, não para a cantata vulgar, de que somos ricos, porque temos colónias que constituem um valor para pôr no prego ou para venda, mas para lembrar ao país que essas colónias são domínios históricos para nós, que precisamos valorizar, valorizando os indígenas, a riqueza natural, o comércio e as relações com os outros povos. (Apoiados).

Não uma campanha para encobrir perigos iminentes, mas uma campanha de educação e interesse pelo que nos e tam querido.

Essa é a missão da imprensa portuguesa, e quando lá de fora nos quiserem roubar, essa imprensa deve responder-lhe: "não, as colónias são nossas, nós saberemos ter amanhã um plano de governo que as há-de conservar em nossa mão".

Mas a campanha da imprensa contínua. Esperei que o Govêrno nos viesse trazer notícias que sossegassem a Nação. E como entendo que o Govêrno velou, com certeza por êsse negócio, e que terá já decorrido tempo bastante para que não possa por mais tempo estar calado, tanto mais que hoje o ambiente está tam escurecido de boatos alarmantes, à falta de outrem que tome esta iniciativa, aproveito a ocasião de estar presente o Sr. Ministro das Colónias, para lhe fazer umas preguntas que, creio serão pedidas por todos os portugueses, que olham a valer para as nossas colónias. Essas preguntas são as seguintes:

Leu.

Desejo ser informado:

1.° Se o sistema de relações internacionais do nosso país sofreu alguma modificação pelo facto da implantação da República;

2.° Se os títulos ou convenções internacionais vigentes ao tempo da proclamação da República foram alterados em algumas das suas disposições ou clausulas;

3.° Se no Ministério dos Negócios Estrangeiros há conhecimento oficial do tratado secreto entre a Inglaterra e a Alemanha celebrado em 1898, e no caso afirmativo, se êsse tratado ameaça de alguma forma a integridade e a independência do nosso domínio ultramarino. = Ezequiel de Campos.

São estas as preguntas concretas que eu faço ao Govêrno, preguntas que é forçoso fazerem-se, porque diz se a República Portuguesa foi como que a cisão entre Portugal e o resto do mundo.

Estas preguntas são de uma importância capital e por isso eu espero que, para quietação de todos, o Sr. Presidente do Ministério se dará habilitado na primeira oportunidade a responder a elas.

Tenho dito.

Vozes: - Muito bem.

O Sr. Ministro das Colónias (Cerveira de Albuquerque): - Sr. Presidente: pedi a palavra para dizer o seguinte: com relação à exposição que fez o Sr. Ezequiel de Campos, devo declarar que concordo com as suas ideias e com a sua orientação.

Com relação às preguntas que S. Exa. acaba de formular, peço licença para dizer a S. Exa., que elas são da mais alta importância e da competência especial do Sr. Presidente do Ministério. (Apoiados).

O que posso fazer é levar ao conhecimento de S. Exa. essas perguntas, e estou convencido de que S. Exa. estará resolvido a fazer, quanto antes, declarações completas e categóricas sôbre êsse assunto. E possível mesmo que, ainda hoje, S. Exa. possa vir fazer essas declarações à Câmara; mas, certamente, na segunda feira se apresará a responder ás preguntas do Sr. Ezequiel de Campos.

O orador não reviu.

O Sr. Presidente: - Vai entrar-se na ordem do dia. Os Srs. Deputados que tenham papéis a mandar para a mesa, podem fazê-lo.

Requerimentos

Requeiro que, pelo Ministério das Colónias, Direcção Geral de Fazenda, me sejam com urgência fornecidas certidões de todos os documentos referentes a uma indemnização recentemente paga na província de Angola a Manuel José Rodrigues do Giro, por ter sido exonerado do lugar de chefe dos armazéns gerais do caminho de ferro de Mossâmedes. =O Deputado, Ribeiro de Carvalho.

Mandou-se expedir.

Requeiro que, pelo Ministério das Colónias, Direcção Geral da Fazenda, me sejam fornecidas certidões de todos os documentos constantes do processo, arquivado na referida Direcção Geral, relativo ao pedido duma indemnização recentemente feita por António Dias de Melo, em virtude de ter sido exonerado de condutor de 2.ª classe do caminho do Ferro de Mossâmedes. = O Deputado, Ribeiro de Carvalho.

Mandou-se expedir.

Requeiro, pelo Ministério das Finanças, com a maior urgência, que me seja fornecida uma nota circunstanciada da importação do álcool no continente da República, de 5 de Outubro de 1910 ate hoje, é que essa nota seja dada nos seguintes termos:

Número de cascos importados.