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Sessão de 13 de Março de 1914

religião católica, para quem conhece, co | mo ele, orador, o que existia em matéria de confrarias, irmandades e misericórdias, ó realmente curiosa. Um dia viu ele, orador, assistindo a uma missa, quando se devia lazer o sinal da cruz, um membro duma irmandade fazer o sinal maçónico.

Em Portugal organizaram-se entre cem a duzentas cultuais novas, com membros da igreja católica, talvez não taiu ortodoxos como os católicos queriam, pois tinham o defeito de ser republica-nos, porque as associações existentes em condições de legitimidade a isso se recusaram.

Na freguesia em que ele, orador, reside, organizou-se uma cultual nessas circunstâncias, porque os outros católicos se negaram formalmente a constituí-la, por isso que o que eles queriam era que o templo se fechasse, para ver se assim promoviam, por parte do povo, uma rebelião.

K s s a cultual viveu em perfeita harmonia com o pároco desde l de Janeiro até 30 de Marco, c, nessa data. porque'os seus superiores hierárquicos lhe dissessem que ele estava praticando urna cousa abominável, desapareceu.

-Estas divergências não são, porém, para inquietar, porque o tempo se encarregará de as desvanecer. Lembra-se do que sucedeu com os enterramentos nas igrejas. Quando foram proibidos levantaram-se de toda a parte reclamações, d eram-se tumultos, mas por íim tudo se aquietou, e hoje está convencido de que, se viesse nina outra lei pe-nnitindo de novo esses enterramentos, todos reclamariam contra ela.

Outro ponto das reclamações dos católicos é o que se refere ao ensino religioso. Esse assunto considera-o ele, orador, o mais importante da Lei da Separação. As reclamações são no sentido de que o Estado' pratica uma violência determinando nos artigos 184.°> 185.°, 186.° e 187." da Lei da Separação que os preparatórios para se entrar nos seminários sejam feitos nos liceus.

E extraordinário que os católicos se sintam molestados com isso, não se tivessem sentido igualmente molestados quando o Estado organizou o ensino nos seminários, fixando até as disciplinas que nele haviam de ser ensinadas.

E que o que os molesta, é não poderem fazer o ensino religioso, desde o princípio,

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nas crianças, porque é nessa idade que o que se lho infiltra jamais esquece.
Pelo que se refere ao ensino religioso nas escolas, queixam-se de que a lei o proíbe. O que a lei diz ó que as crianças não poderão ir ao ensino da doutrina nas horas da aula, mas não lhes proíbe que vão aos domingos ao ensino do catecismo nas igrejas.
Outras reclamações dos católicos referem-se aos bens eclesiásticos, à exibição das vestes, às prédicas, às pensões e à Bula da Cruzada.
A maneira como essas queixas são apresentadas não podem deixar de referir-se, porque julga dessa maneira cumprir o seu dever.
Dizem os católicos quê procuramos destruir a hierarquia eclesiástica. ls'ao é assim, temos o direito eclesiástico, e a lei não o suprimiu.
Quanto ao beneplácito, dizem que a ici pretende, nas medidas chamadas de polícia do culto, estabelecer a censura provia coiu a instituição do beneplácito. ; E é em nome da liberdade de consciência que os católicos fa/em essa reclamação! O direito do beneplácito é um daqueles de que o Estado nunca deve abdicar, porque o mesmo seria que entregar-se manietado nas mãos da Igreja Católica.
Vai citar um facto. Exercia ele, orador, no Porto, a sua profissão de jornalista em um periódico republicano, quando entrou naquela cidade o bispo.D. António Barroso e publicou uma pastoral, que era um verdadeiro desafio aos liberais portugueses. Ele, orador, como jornalista, fé/ a crítica desse documento; pois os católicos, que hoje reclamam a liberdade de consciência, querelaram do jornal, obrigando-o assim ele, orador, a, por sua vez, querelar também do jornal católico A. Palavra, que, em resposta, lhe dirigira vários insultos. O resultado foi a .Igreja vir pedir tréguas e as querelas não irem por diante.
Pois é essa mesma Igreja, que oritão querelava um jornal republicano por dissentir das suas ideas, que hoje vem, em nome cia liberdade de consciência, reclamar contra o beneplácito.