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30 Diário da Câmara dos Deputados

de utilizarmos os navios em transportes de máquinas de escrever, conservas, etc., em prejuízo doutros géneros que mais falta nos faziam.

O Ministro por isso impôs a sua vontade à Empresa e o Dondo trouxe trigo ou farinha, não me recordo, j Mas a Empresa exigiu pelo frete 1:700 contos!

Vamos agora a um outro exemplo elucidativo:

Chegou a Lisboa o vapor Loanda e o Ministro dos Transportes que sabia que êsse barco se demorava um mês neste pôrto sem nada fazer, lembrou-se, e muito bem, de o enviar a êste com carga de vinho e para trazer fosfatos.

Isto em nada prejudicava a Empresa, visto que não era preciso para tal alterar o plano das viagens para a África.

Depois veio outro Ministro - o das Colónias - com outro critério; levantaram-se dificuldades burocráticas, e o que é certo é que a Empresa não chegou a cumprir a ordem recebida.

Veja a Câmara as dificuldades que provêm de não estarem nas mesmas mãos os serviços dos abastecimentos e os dos transportes marítimos. Dêem-lhe as voltas que derem, hão-de cair nesta solução.

Desfez-se o que estava feito com o Parlamento prestes a abrir.

Agora tudo isto ficou para ser resolvido, para ser tratado com o Parlamento fechado! Acho isto inconvenientíssimo, porque a questão dos transportes é fundamental e não seria inútil sôbre êste assunto ouvir a opinião de todos.

Por outro lado separaram-se ainda dos serviços dos abastecimentos os transportes terrestres. Outro êrro fundamental!

Da forma como as cousas vão caminhando, dentro em pouco o material dos caminhos de ferro estará quási todo avariado. O material vai cansando de tal maneira que é de recear a paralização dos nossos caminhos de ferro se a guerra durar mais um ou dois anos. Não temos maneira de adquirir material nos Estados Unidos da América do Norte e na Inglaterra porque perdemos a única oportunidade que tínhamos de fazê-lo. De facto, na Europa, só a Espanha e Rússia têm a mesma bitola nos seus caminhos de ferro do que nós. A América e Inglaterra tinham executado uma grande encomenda de material circulante para a Rússia, que não chegou toda a seguir por causa dos acontecimentos revolucionários que ensanguentam aquele país. A Espanha, cautelosamente, adquiriu a maior parte do material que sobrara. Por conseguinte, havemos de nos ver em várias dificuldades para renovar o material, que se vai deteriorando constantemente, sem ter quem nos ceda outro. Duas ou três locomotivas e meia dúzia de vagões que se adquiram não é nada para as nossas necessidades e para contrabalançar o material a renovar.

Por outro lado a diminuição de capacidade de transporte por virtude do pejamento de centenas de vagões com lenha destinada às indústrias e aos próprios serviços dos caminhos de ferro, é um facto incontroverso, ainda agravado com a circunstância de terem decrescido, por falta de emprego de carvão, as velocidades de transporte.

Daí resulta estarem os cais abarrotados de mercadorias, dificultando as cargas e descargas, dando uma nova diminuição na capacidade de transporte.

Em Santa Apolónia os cais estão pejados de mercadorias. Centenas de vagões são demorados e ficam inúteis durante dias por não encontrarem cais disponíveis para a descarga e carga das mercadorias.

O Secretário de Estado das Subsistências e Transportes tem de olhar por que os abastecimentos do país se façam nas melhores condições, dadas as circunstâncias difíceis em que tudo se encontra. Tem de fazer incidir, principalmente, a sua atenção sôbre os meios de transportes, ordenando para isso os necessários descongestionamentos. Tem de regular a maneira por que se há-de fazer a circulação dos géneros, impondo às companhias de caminhos de ferro, que não pertencem ao Estado, a ordem de precedências e as regras por que devem fazer o transporte dos produtos para que se não dêem casos gravíssimos. Tem de ir até impor determinados transportes, para que não morram certas indústrias ou se não façam especulações inclassificáveis.

Um dia, por exemplo, o Sr. Figueiredo Rêgo procurou o Secretário de Estado das Subsistências e Transportes para lhe narrar um abuso que estavam cometendo vários negociantes que vendiam o enxofre