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Sessão de 24 de Junho de 1919 29

assinalado sintoma do covardia para impedir, para obstar vergonhosamente, a que parte do exército dêste glorioso país caminhasse para os campos da batalha, onde nessa hora sagrada da libertação humana se lutava pelos destinos do mundo,- na defesa do direito e da civilização, enferreiando com êsse gosto de tara maléficos fins os pergaminhos das nossas tradições e evitando que uma vez mais os nossos soldados demonstrassem a sua fé, a sua galhardia, o seu heroísmo, tão descantados nas paginas douradas dos factos imortais.

Vozes: - Muito bom.

O Orador: - Cabe agora dizer que o Sr. João Pinheiro, nesta Câmara, assumiu uma tremenda responsabilidade em afirmar que Sidónio Pais era um aliadófilo. Ah! eu vi, Sr. Presidente, que nesse momento uma onda de indignação e de protesto agitou as consciências límpidas de todos os republicanos que aqui se sentam, para verberar e repudiar semelhante declaração.

Sr. Presidente: Sidónio Pais poderia revestir todas as qualidades políticas para se impor à consideração dos seus contemporâneos, o que não conseguiu, mas o que jamais demonstrou na sua trajectória agitada foi a mais pálida scentelha de aliadófilo; bem pelo contrário, eloquentemente assinalou perante o meu então alarmado espírito de paladino da verdade e da República que êle estava ofuscado e manietado ao jugo alemão, e esta terminante afirmativa, nascendo da observação serena dos actos por êle praticados, sobe-me aos lábios firme e consciente, enleiada à minha honra que é tudo quanto mais acarinho e alevanto no ambiente da vida social.

Por tudo quanto sei e vi desvendado é essa a única conclusão lógica que a minha inteligência pode atingir. Sidónio Pais, longe de cumprir o indeclinável dever do envio do tropas aos campos da batalha, substituir os que na luta já tinham empenhado os seus melhores entusiasmos e exaurido as mais claras provas da sua galhardia por uma longa e árdua permanência destruidora de energias, nem que não fôsse senão por um sentimento de humanidade, a fim de que êsses esquecidos pudessem vir matar as saudades das visões mais carinhosas da sua retina, julgando-se triunfal e invencível, despresado cruelmente os compungentes rogos que vibravam em seu redor.

Assim se pode asseverar com segurança, pelo muito que tenho ouvido a testemunhas idóneas, oficiais dos mais briosos e de honestidade provada, que essa falta nodoenta foi a causa única dessa catástrofe militar de 9 de Abril que fundamente teve possibilidade nossa incúria perversa onde os nossos admiráveis soldados, símbolos das glórias do passado, morderam o pó da derrota, entre lágrimas de raiva e imprecações de maldição aos verdugos que a tamanha afronta os sujeitara, quando sabiam que através das idades e em todos os ciclos dos feitos militares a alma da raça se levantava era rajadas de heroísmo, ultrapassando os limites da bravura humana até conseguirem beijar a luz ofuscante das vitórias supremas. (Apoiados).

Mas há mais ainda e é para isso que eu chamo a atenção da Câmara, lamentando não estar presente o Sr. Dr. João Pinheiro, valote dessa sombra fantástica que tragicamente embaciou por algum tempo o ambiente límpido desta bem dita o sagrada terra portuguesa.

Sr. Presidente: os homens impolutos que estiveram no poder antes do dezembrismo o que deram vida a uma das páginas mais brilhantes da história lusitana, elevando-a em ondas de carinho e adoração filiais, foram vilipendiados, escarnecidos, salpicados de lama, amargurada e infamem ente vexados!

Sim, Sr. Presidente, essa horda que assaltou a governação pública de navalha nos dentes e na índole na alma pervertida escarrou as maiores injúrias sôbre êsses vultos admirados que numa comunhão de ideas e num fraterno abraço de patriotismo se enlaçaram para a realização do grande sonho do ventura que acalentaram sempre no cadinho das suas almas puras do engrandecerem o seu país guiando-o pelo caminho da luz e da verdade, tara risonho e tam belo como o espírito dêsse arrebatado apóstolo do verbo republicano, o tribuno beijado pelo nosso afecto, Sr. Dr. António José de Almeida, tam fecundo e tam alto como a mentalidade forte e audaz dêsse reformador imperativo Sr. Dr. Afonso Costa, foram vítimas das