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Sessão de 15 de Julho de 1920

. número, consultar a Câmara sobre se permite que amanha seja discutido o parecer n.° 474, já há muito distribuído, relativo a um projecto por mim aqui apre- sentado há muitos meses. O orador não reviu.

O Sr. Presidente: — Encontram-se-presentes 63 Srs. Deputados.

Estão em discussão as actas das duas sessões transactas.

Foram aprovadas as actas.

O Sr. Presidente:—A Mesa da Câmara dos Deputados, desempenhando-se da missão que lhe foi designada por esta casa do Parlamento, procurou o Sr. Aresta Branco e com ele insistiu para que S. Ex.a não renunciasse ao seu lugar de membro desta Câmara.

S. Ex.a ouviu-nos com toda a atenção e pediu-nos para agradecermos em ^seu nome à Câmara dos Deputados as instâncias feitas e declarou-nos que a resolução que tomou era inabalável, abandonando de vez o seu lugar de Deputado.

Exprimimos a S. Ex.a o nosso pesar e retirámo-nos.

Pausa.

O Sr. Presidente:—Devo participar'à Câmara que faleceu o Sr. Arcebispo de Évora, antigo par do reino e orador muito distinto. Proponho que na acta seja lançado uni voto de sentimento pela morte deste antigo membro da Câmara dos Pares e que esta deliberação da Câmara seja comunicada à família do extinío.

O Sr. João Camoesas :—Em nome do Partido Republicano Português associo-me -ao voto de sentimento proposto por S. Ex.a pelo falecimento do Sr. Arcebispo de Évora. Tendo feito a maior parte dos meus estudos preparatórios em Évora, tive ocasião de conhecer S. Ex.a Se bem que discordasse, como quási todos os republicanos dessa época, discordaram duma série de sermões que S. Ex.a fez e cm que se continham ideas que eram absolutamente antagónicas daquilo que nós outros sustentávamos na propaganda republicana, mesmo nos momentos mais ardidos da mocidade, porventura naqueles períodos em que a irreflexâo por vezos nos leva a cometer um corto número de excessos, de quo

mais tarde nos arrependemos, nom mesmo nessas momentos deixei de reconhecer no Sr. Arcebispo de Évora.uma alta capacidade credora do meu respeito e admiração.

Foi S-. Ex.% como lente da Universidade de Coimbra, a pessoa que soube manter as tradições dos períodos mais brilhantes do mais antigo centro, de estudos do nosso país, e, corno orador sagrado, num país que conta na sua história alguns dos mais notáveis oradores sagrados, foi um dos mais brilhantes. (Apoiados).

Como pessoa, foi absolutamente virtuoso e esmoler, morrendo pobre, porquo tudo quanto tinha distribuía pelas pessoas necessitadas.

Estas excelsas qualidades bastariam para nós outros, republicanos, lamentarmos o passamento dOsse ilustre prelado.

Aproveito a circunstância de se tratar duma pessoa de tam alta categoria na re-Ijgiflo para desfazer perante o país inteiro um equívoco que se tem pretendido erguer contra nós, republicanos democráticos. Nós não somos anti-religiosos, ou anti-católicos. O que, somos —o isso reivindicamos - é anti-clericais. Isso é que santos, porque estamos convencidos —embora isso não entre no convencimento de toda a gente— que o clericalismo foi um dos primeiros factores da decadência portuguesa.

Feito este parêntese que a circunstância de se tratar duma pessoa com tam alta categoria no nosso meio religioso perfeitamente justifica, vou terminar como comecei: dizendo a V. Ex.a, em nome do Partido Republicano, que nos associamos com todo q sentimento ao voto que V. Ex,a acaba de propor.

O orador não reviu.

O Sr. Caraarate Campos : — Com vivo pesar me associo, em meu nome pessoal, e em. nome deste lado da Câmara, ao voto de sentimento proposto por V. Ex:a