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de 23 de Novembro de 1080

sidade de sair da sala, fez a vénia de cumprimento usada em tais casos, e eu nesse momento, respondia a um aparte do Sr. Nóbrega Quintal. E já que me referi a S. Ex.a, devo dizer que não tive o menor intuito de ser desprimoroso, tanto mais que foi um galhardo corapa-'nheiro de lutas de tantos anos.

Todas as considerações que ontem tiAre a honra de produzir foram encaminhadas no sentido de lamentar que o Partido lle-publicano Português tenha vindo a ser a vítima de uma série de infundadas acusações e de uma injustiça política.

Mas felizmente os factos, com aquela eloquência singela mas empolgante de que costumam revestir-se, se encarregaram à saciedade de reduzir ao mais completo e absoluto desmentido as acusações feitas ao mesmo partido.

Aqueceu a minha palavra através dôsse debate, aqueceu, Sr. Presidente, porque Jiela tempestuava a indignação e a revolta, porque nela vibraA-a a, mágoa enorme, quási indefinível,- de muitos milhares de amigos da massa que engrossa e constitui as legiões da República, dos soldados que fizeram os heróis o que ficando no seu posto como ficaram, no emtanto eram apontados ao país, pela atitude dos que saíam, como menos republicanos, como menos capazes do sacrifício dos seus interesses particulares pelos altos e sagrados interesses da Pátria, apontamento, indicação absolutamente injusta, 'repito, e que já hoje ninguém em Portugal pode articular com êxito, com a esperança, longínqua sequer, de haver ouvidos de portugueses bem intencionados que lhe possam dar um momento de guarida.

Keferi-ineincidentalmcnte à constituição do Ministério ; ele era um facto palpitante.

Não tive ontem ocasião de apreciar e criticar todas as pessoas que o compõem; encontro-me à vontade para o fazer, embora nem todos os Srs. Ministros estejam presentes porque o Sr. Presidente do Ministério aqui se encontra.

Lá para o fim da bancada ministerial, deste ponto da sala em que mo encontro, numa meia penumbra que atenua as fisionomias, que as afasta, que as recua ato o passado, vejo, Sr. Presidente, dois Srs o Ministros que trouxeram da monarquia para. a República o hábito da dissi-

dência. Pois Srs. Ministros e Sr. Presidente, um deles que nos aparece arrancado ao seu fauteuil de Presidente da Associação Industrial Portuguesa para vir dirigir superiormente os interesses^ os destinos da agricultura portuguesa, com quanta sinceridade eu desejo que a sua acção como Ministro, na orientação que vai imprimir à lavoura do meu país, seja mais proveitosa para ele do que na direcção da sua própria lavoura. Sr. Presidente, permita-me V. Ex.a este aparto correctivo: as minhas palavras visam factos ou doutrinas, nunca me importam as pessoas. Devo a propósito dizer : o trabalho alheio é-me tam credor de respeito que, mesmo quando não concorde com éle? não deixo de respeitá-lo.

Este processo de nunca considerar pessoas senão pelos actos que praticam, de nunca considerar senão os factos, de nunca considerar senão as rotinas e opiniões, faz com que eu ande direito e tranquilo no meu caminho de político; faz com que eu considere que o meu adversário quando liai e bem intencionado é o melhor dos meus colaboradores.

A apreciação em que estão prosseguindo, não poderá jamais ser desviada, do terreno da livre, da desassombrada crítica, para o terreno mesquinho, om que não costumo entrar, de pequeninos dcs-peitos pessoais.

Sr. Presidente: o Sr. Ministro da Agricultura preside aos destinos da Associação Industrial Portuguesa. Ora eu não posso senão lastimar que se invoque como título de competência a circunstância de presidir a tal associação, visto que ela nos tem dado provas de ignorância sobre as regras que modernamente orientam as indústrias em todo o mundo.

Eu, que sou político, entendo que os homens do Governo devem ser recrutados no campo das actividades políticas.

Tenho visto que têm falhado todas as tentativas de intervenção de técnicos na política. Não posso, pois, deixar de me revoltar contra a entrada do Presidente da Associação Industrial nas cadeiras da governação do Estado, sem um passado político ([iio o recomendo e com um passado técnico que não é de molde a impO-lo ao nosso respeito como administrador.