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4 Diário das Sessões do Senado

O Sr. João José da Costa: — Sr. Presidente: pedi a palavra para comunicar a V. Exa. e à Câmara que a comissão de petições não tem podido reùnir. E proponho, por êsse motivo, para serem agregados a mesma comissão os Srs. Nogueira de Brito e Arnaud Furtado.

Consultada a Câmara, foi aprovada a proposta.

O Sr. Manuel Ribeiro do Amaral: - Antes de entrar no assunto para que expressamente pedi a palavra, permita-me, Sr. Presidente, que chame a atenção da Câmara para factos que no actual momento estão ocorrendo.

Nesta hora amargurada alguma cousa é preciso lembrar; assim quero referir-me à atitude mantida pela população de Lisboa por ocasião do conflito sucedido há dias nesta cidade, e desejo citar principalmente as classes populares, que, entregues a si mesmas, poderiam talvez, deixando-se arrastar por paixões perigosas, ter procedido de modo bem diverso daquele que é conhecido de nós todos. (Apoiados).

Congratulo-me, na qualidade de representante dessas classes, pela nobreza e patriotismo com que e as se têm manifestado, não tendo praticado nem um só acto de represália, o que as torna dignas de todo o louvor. (Apoiados).

E assim que o povo se nobilita, nobilitando o país. Congratulando-me, pois, com semelhante facto, espero que a Câmara me acompanhe o faça consignar na acta desta sessão um voto de louvor às referidas classes pelo alto exemplo de abnegação e patriotismo que deram.

Vozes: — Muito bem. Muito bem.

O Orador: — Não é necessário fazer a declaração que a Câmara vai ouvir e que vem a ser a de que hoje, como ontem, em política sou perfeitamente independente, não estando filiado, nem agora, como Senador, nem antes de o ser, em qualquer partido político. A minha política resume-se em desejar o bem da minha pátria. Aqui sou um Senador da República que não tem partido, continuando a ser independente. É preciso que isto se acentue bem!

O fim principal para que pedi a pala-var não se refere só às cousas políticas,
porque contende tambêm com o problema da ordem pública, que até hoje se não tem procurado atacar de frente e resolver de vez. A principal causa das lutas entre nós vem da errada compreensão dos direitos e deveres sociais, especialmente por parte de duas classes preponderantes: a que representa o trabalho e a que representa o capital. E da luta sem tréguas destas duas classes que se origina o mal-estar de que enferma actualmente a sociedade.

No desejo de concorrer para a resolução dêste problema, eu, o menos competente do todos, vou mandar para a Mesa um projecto de lei tendente, pelo menos, a atenuar uma grande parte do mal-estar a que me venho referindo.

Êste projecto há-de ter defeitos, mas a perfeição a que o há-de levar a competência dos que o hão-de examinar deixa-me a esperança de que será convertido numa lei útil ao meu país.

Era o que tinha a dizer, Sr. Presidente.

O Sr. Severiano José da Silva: — Desde há muito que venho pedindo a palavra, e, desde que a solicitei, até agora, tais acontecimentos se têm dado que me obrigam a, antes de me referir ao assunto para que me inscrevi, a êsses mesmos acontecimentos tenho de aludir, tam graves êles são.

Por sôbre as nossas cabeças estalou um rugido de traição. Sentimos como que uma punhalada nas costas. Gente sem patriotismo revoltou-se contra a República para a destruir, indo entrincheirar-se em Monsanto. Foi para ali que o povo de Lisboa correu como um leão indomável e fê-lo sem pensar em si próprio, sem se preocupar com a própria vida, sacrificou tudo para que de novo pudesse flutuar livremente a bandeira da República!

Viva a população de Lisboa!

É êsse povo que eu desejo saudar dês-te lugar ardentemente:

Viva o povo de Lisboa.

Vozes: Viva! Viva!

O Orador: — Mas, como disse, Sr. Presidente, não era só para realizar êsse meu desejo que tinha pedido a palavra. Se o povo de Lisboa e os soldados de Portugal se batem pela República que nós ama-