O texto apresentado é obtido de forma automática, não levando em conta elementos gráficos e podendo conter erros. Se encontrar algum erro, por favor informe os serviços através da página de contactos.
Não foi possivel carregar a página pretendida. Reportar Erro

4 Diário das Sessões do Senado

De contrário, se a Companhia não quere fazer nada, se quere continuar nesta situação de não fazer e nem deixar fazer, então seja forçada a declarar isso à Direcção Geral dos Caminhos de Ferro, para que possa dar esta construção a quem queira fazer, e posso afirmar a V. Exa. que há quem esteja disposto a fazê-la dentro de breve prazo.

A Companhia não tem procurado fazer já essa linha, porque, em virtude da referida carta de lei, teria de a fazer sem subvenção quilométrica nem garantia de juro. Por isso, sobretudo, não se resolve a fazê-la, mas, o que é mais, vem impedindo que outrem a faça.

O Govêrno tem o indeclinável dever de atender toda aquela região, e muito especialmente Gouveia, Seia, S. Romão, Vila Cortez e outros povos limítrofes, que têm em elaboração mais de trinta fábricas, constituindo um dos centros fabris mais importantes do país. Fica a estação de caminho de ferro mais próximo de Gouveia a 13 quilómetros e mais distam do caminho de ferro S. Romão e Seia.

Por êste facto V. Exa. vê bem, Sr. Presidente, com que dificuldades as indústrias daquela região têm de lutar, não podendo concorrer, por mais que o desejem e por mais que seja a sua vontade, que é enorme, com outras indústrias da mesma natureza, que têm os caminhos de ferro ao pé da porta.

É já importantíssima a obra da Companhia Hidro-Eléctrica da Serra da Estrela, podendo fazer honra, mesmo, a um grande país. Breve pode dispor da energia eléctrica de 10:000 cavalos, estando esta linha naturalmente indicada para ser a primeira do país em que a sua tracção se faça pela electricidade.

Por tudo isto, eu entendo que o Govêrno deve fazer notificar já à Companhia da Beira Alta para ver se quere fazer a sua construção, usando do direito que lhe assiste.

Tenho a certeza de que desde que seja obrigada a isso, e então o país obterá êsse melhoramento sem que o Govêrno seja forçado a gastar um centavo..

Se porventura não quiser fazê-la, o Govêrno fica habilitado a fazer essa construção por conta própria ou a dar a sua concessão a quem a pretenda.

Conforme a opinião do Sr. Conde de Paço Vieira, na sua apreciável obra sôbre caminhos de ferro, deverá continuar por Oliveira do Hospital, Arganil, Lousa e Tomar até o Entroncamento, e porventura até Rio Maior, na sua extensão para o sul e estender-se de Viseu para Tarouca a juntar-se à da Régua a Vila Franca das Naves, de que aqui tratei há dias, na direcção norte.

Teríamos assim uma importante artéria, atravessando o país por regiões muito férteis e ricas, a que faz enormíssima falta um caminho de ferro para a exportação dos produtos e importação fácil de mercadorias.

Tem tambêm vantagens estratégicas enormes, porque ficando resguardada pela cordilheira das Serras de Lousa e Estrela, ficaria sob um abrigo natural, verdadeiramente inacessível, dando-nos a facilidade de podermos transportar tropas da Beira Alta o Trás-os-Montes para o sul e vice-versa, com a maior facilidade.

E essa vantagem, mais se reconhece, admitindo a hipótese, aliás muito natural, de a linha do Pôrto a Lisboa poder ficar inutilizada por qualquer golpe de mão.

Não se diga que o Parlamento não trabalha e não tem vontade de trabalhar e produzir obra de valor.

Eu, a mais humilde dos Senadores...

Vozes: — Não apoiado.

O Orador: —... desde que aqui tomei assento (e algum tempo faltei porque estive à frente dos celeiros de Viseu, um trabalho extenuante dalguns meses, especialmente durante a terrível epidemia, que naquele concelho fez milhares de vítimas), não faltei ainda a uma sessão, nem deixei nunca de aqui estar a horas.

Com êste é o quarto projecto de lei que apresento.

Não sou técnico; não tenho, infelizmente, inteligência nem competência para obra valiosa...

Vozes: — Não apoiado.

O Orador: —... mas o que me falta em talento e saber procuro supri-lo com uma inexcedível boa vontade.

Com a aprovação dêste projecto e com a sua execução mostraremos que o país trabalha e progride, procurando por-se a par das nações mais cultas, que sabem