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S ff tão de 12 de Fevereiro dê 1920

creditada. É o estabelecimento onde existem aqueles animais que, longo de estarem valorizados, já aos três anos «estão quási todos com taras moles, sobretudo nos membros posteriores; alguns deles já curvos de mãos, não faltando também entre eles, exemplos de cavalos acurvilha-dos». E aquela Estação de quem o mesmo director geral diz, no mesmo ofício, que «no dia em que fiz a visita de inspecção, tive ocasião de ver que, apenas com excepção de um, todos estavam desvirilhados».

Se referências destas eram feitas justamente à parte mais importante dos serviços daquele estabelecimento, £0 que poderá esperar-se das outras secções que aí se encontram com o carácter quási que subsidiário?

^ Como se compreende que, tendo o director geral escrito, em documento oficial, tor entrado aquele estabelecimento em descrédito, venha agora uma classe afirmar, em representação ao Poder Legislativo, que os animais aí se encontram «altamente valorizados» ?

O Posto Zootécnico de Lisboa ó o segundo estabelecimento apresentado como modelo da competência zootécnica dos veterinários, e onde também se encontram animais altamente valorizados. O Sr. Ministro da Agricultura certamente não teve ainda ocasião de a visitar.

Daqui lhe dirijo o pedido para que o vá visitar na primeira oportunidade. Em transferência para a Quinta da Mitra, encontram-se ainda todos os animais que o compõem, nas instalações da Casa Pia. É um pequeno passeio. O Sr. Ministro, como lavrador distinto' e enten-• dido que é, comparará os animais novos com os velhos. Emquanto que nestes as ruínas dum passado distinto, naqueles só poderá admirar a triste degenerescência a que chegaram, em poucas gerações, os descendentes dos primeiros.

Animais que deveriam dar 20, 25 uo 30 litros de leite, no máximo da lactação, não se avantajam em produção a qualquer modesta vaca turina estabulada por qualquer saloio. .

Tal é a valorização dos animais que-foram distribuídos pelos primeiros estabelecimentos zootécnicos do país sob a administração directa de veterinários.

O Sr. Ministro da Agricultura também não deve dispensar-se de visitar a Cou-

delaria Nacional Zootécnica, em Santa rêm, e observar aí um grupo de vacas de raça suíça eé^forniar-se da sua produção. Terá também ocasião de verificar quanto altamente valorizados estão esses animais que eles, ou os seus directos ascendentes, tanto dinheiro custaram ao país.

Para aí foram também uns touros- importados do estrangeiro, de raças selectas, Durhanr e Sharoly. Importados para cumprirem a sua tam necessária missão melhoradora, aí se encontram completa-mente desaproveitados. O cruzamento, não sei se acidental, se propositado, dum deles com uma vaca alentejana, mostrava-se um produto bonito.

Tudo aconselharia a que se prosseguisse no estudo e observação desse cruzamento, mas assim não tem sido. j Os pobres touros estão votados à mais completa inactividade!

Um. deles — e para isso quási foi preciso meter empenhes — foi enviado para a Escola Elementar de Agricultura em Santo Tirso. O director desta escola não é um veterinário, mas sim um agrónomo. Recebido pelos regionais não só com desconfiança, mas até,, talvez, com horror, não se preocupou com isso aquele ilustre funcionário. Fazendo o cruzamento do Charoly com a vaca Barrosã da região, levava os produtos às feiras locais. Mostrava como os seus produtos tinham quási o dobro do peso dos animais com a mesma idade da raça local. O preço era também quási o dobro.

j\. evidência assim metido pelos olhos, o minhoto não pôde resistir. Começa assim a transformação duma raça, ou melhor a sua exploração industrial, por uma forma verdadeiramente útil ao País. Hoje o Charoly, a princípio repudiado, e inactivo quando na Estação Zootécnica, já não tem mãos a medir. Todos o querem. ,t Começa assim aquela escola de agricul- . tura a prestar um serviço verdadeiramente nacional. O seu director ó um agrónomo.