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Diário das Sessões do Senado

sob este aspecto de utilidade não superior a outros que têm por único fim imprimir progresso à nossa riqueza pecuária.

Em Santarém encontrará S.^ Ex.a alguma cousa de interessante, particularmente no que respeita a gado suíno. O melhoramento regional é já visível. Lá encontrará lindos exemplares de reprodutores ultimamente comprados na exposição inglesa, que têm causado verdadeira sensação. A inscrição para aquisição de produtos e para-padreação é tal que os últimos inscritos, ao que. me dizem,, terão' já de esperar cerca de dois anos. É uma verdadeira bicha, de novo género, de dimensões enormes. Nesta escola não existe qualquer veterinário. Os serviços zootécnicos estão sob a directa direcção dum agrónomo, cujo amor pela zootecnia é muito para considerar e ao qual já este ramo de conhecimentos agronómicos deve serviços distintos, em que zootecnistas de cabelos brancos se orgulhariam.

Em Coimbra também se cultiva um pouco a zootecnia. Em todo o caso não há hoje aí cousa digna de especial apreço. A falta de renovação de sangues tem sido causa de sensível decadência. Se alguns serviços prestaram as suas instalações •zootécnicas, bom será que continuem a prestá-los, não se devendo regatear aos veterinários, a cargo de quem têm .estado esses serviços, os recursos necessários para que continue o melhoramento da pecuária local.

Certamente V. Ex.a terá sido já instado para quo no orçamento cio seu Ministério seja incluída verba importante para certas construções a realizar na Estação Nacional Zootécnica. Entendo que S. Ex.a nada deve resolver sobre o assunto sem previamente visitar a escola de Coimbra. Encontrará aqui vastas instalações para gados, com as quais se gastaram muitos contos, completamento desabitadas e cm excelentes condições para descongestionarem a Estação Nacional, ainda com a vantagem do espalhar mais. pelo pais os reprodutores o de tornar mais efectivo e importante o ensino zootécnico daquela oscola. Assim V. Ex.:i a um tempo pouparia ao Estado o dispêndio de muitos milhares do escudos e melhoraria o ensino o as condições zootécnicas.

Também alguma cousa de interessante, sob o ponto de vista zootécnico, se fazia

em tempos não muito remotos na Tapada da Ajuda, onde está instalado o Instituto Superior de Agronomia. Mas tudo mudou desde que, por motivos que não vêm para aqui referir, um veterinário tomou, sôbre^ si a direcção da secção zootécnica.

O próprio professor de zootecnia da Escola de Medicina Veterinária ali levava todos os anos os seus alunos para lhes dar útil instrução prática. Hoje não dá essa honra ao seu colega veterinário. Efectivamente alguma cousa em tempos aí se poderia aprender. Hoje, quando muito, poderá aprender-se... o que se não deve fazer.

E ainda necessário ler a seguinte passagem da representação da Escola de Medicina Veterinária:

«Não se diga que os serviços zootécnicos e de fiscalização sanitária dos produtos de origem animal, nada sofrerão com o novo diploma, pois que nesse e noutros se atribuem funções a médicos veterinários. É que estas funções não são da direcção superior e apenas a quem dirige couberam os louvores e as censuras dos resultados obtidos. A subalternização que se impõe a esses técnicos, tirando-lhes a iniciativa e magoando-os profundamente, terá como resultado má execução dos serviços e, porventura, como consequência, males irreparáveis que s-e farão sentir dentro de pouco tempo sobre a nossa depauperada economia pecuária.

E essa nociva subordinação manifesta-se na passagem dos serviços zootécnicos e dos de fiscalização dos produtos de origem animal para o cargo de agrónomos».