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Senão rle 13 de Fevereiro de 1920

Também se patenteou o esquecimento de que só depois da organização dezem-brista a fiscalização do leite ficou pertencendo injustamente e exclusivamente à direcção de funcionários veterinários. E desde que assim aconteceu, esses serviços só têm piorado sucessivamente, ji/ que aos agrónomos eles mais legitimamente devem pertencer, pois que a tecnologia e a análise tecnológica do leite é objecto de, cadeira especial e própria do curso de agrónomo.

Termino por aqui, Sr. Presidente, a análise da representação da Sociedade de Medicina Veterinária.

Se V. Ex.a me der licença e a Câmara tiver paciência para continuar a ouvir-me, demonstrarei ainda, pela observação dos factos e da história, que a zootecnia é sciência essencialmente agronómica. Assim tem sido, tanto no nosso país como no estrangeiro.

O ensino de veterinária foi criado em Portugal no tempo de D. Miguel, em 1830. Ji;o seu elenco não figurava a cadeira de zootecnia. Mais tarde, em 1852,' quando se organizou o Ministério das Obras Públicas, em que se estreou Fontes Pereira de Melo, foi criado o Instituto Agrícola. Dentre as disciplinas que compunham o ensino aqui professado figurou logo a de zootecnia.

Já então se ligava intimamente a zootecnia ao ensino agrícola, pois um decreto de 16 de Dezembro do 1852, dispunha que junto das escolas regionais de agricultura houvesse uma coudelaria destinada ao aperfeiçoamento do todas as raças de gado. • •

De 1830 até 1852 os veterinários não estudavam zootecnia. Criada esta cadeira no Instituto Agrícola, os estudantes de veterinária aí a iam frequentar' até que em 1855, por de"croto com força de lei de 5 de Dezembro, foi a Escola Veterinária encorporada no Instituto Agrícola de Lisboa.

Apesar da fusão das duas escolas, man-teve-se o mesmo critério de que a zootecnia é, de preferência, agronómica. Assim, das nove cadeiras que constituíam os dois cursos as cinco primeiras formavam o curso de agrónomo e as quatro últimas o de veterinário. A quinta cadeira do curso de'agrónomo era justamente a de zootecnia; nas quatro de veterinária não

figurava a de zootecnia. Isto é: os veterinários iam ainda estudar zootecnia ao curso de agrónomo*,

Mas não é só isto. Em todos os estabelecimentos de ensino agrícola, desde os mais elementares, nunca deixa de figurai-nos seus programas o estudo de zootecnia.

Segundo diz Bernardo Lima, as coude-larias modelo au regionais, decretadas em 1852, não se Achegaram a organizar porque nunca se organizaram as escolas regionais agrícolas, a que deveriam estar anexas e que as deviam dirigir.

Facto para não esquecer é que durante o longo tempo em que, no Instituto de Agronomia, agrónomos e veterinários frequentavam juntamente a cadeira de zootecnia, eram os primeiros que, pelas classificações mais elevadas, nos exames e pela frequência de teses apresentadas para defesa de assuntos zootécnicos, mais evidentemente mostravam a sua maior tendência para esses assuntos.

Certos veterinários que mais se especializaram como zootecnistas, sú o fizeram quando se encontravam como professores nas escolas agrícolas. Um zoo-tecnista veterinário, que também se formou em agronomia, para obter o diploma deste curso apresentou uma tese sobre assunto zootécnico.

Os grandes zootecnistas estrangeiros, como alemães, belgas, holandeses, franceses, ingleses, etc., são agrónomos, e quási sempre directores de estações agronómicas. Kellner, director das estações agronómicas alemãs, realizava e.coordenava importantíssimos estudos de zootecnia feitos em dezenas de estações agronómicas. Os resultados desses estudos já são importantíssimos e começam a tornar-se clássicos.

Grandeau e Muntz, agrónomos e químicos notáveis de França, dirigiram notavelmente os serviços técnicos de alimentação dos gados das empresas dos omníbus e das carruagens de Paris. Pela acção ds um destes sábios, estudando a forma mais económica de produção de trabalho pelos cavalos, realizou uma economia anual que foi computada em um milhão de francos. «,