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Sessão de 16 de Agosto de 1924

projecto de lei do Sr. Costa Júnior sobre exercício de farmácia. Para à 2.a Secção.

Antes da ordem do dia

O Sr. Presidente:—.Como V. Ex.as sabem, foi ontem o aniversário da batalha de Alj abarrota em que o povo português, comandado pelo grande capitão Nuno Alvares Pereira, afirmou com o seu sangue o desejo ardente da sua independência. Esta aspiração do povo português de se conservar livre e independente tem vindo através dos séculos.

Apoiados.

É de certo este um dos" pontos em que não há a menor divergência de opinião.

Apoiados.

Proponho, portanto, , que seja lançado na acta um voto de congratulação pelo aniversário que ontem se comemorou. -

Apoiados gerais. i

Vozes: — Muito bem. O orador não reviu,

O Sr. Augusto Monteiro:—Sr. Presidente: os Senadores deste lado da Câmara associam-se ao voto de congratulação proposto por V. Ex.a

Como 'V. Ex.a muito bem disse, ó este talvez o ÚQÍCO feito nacional sobre o qual não há divergências de opiniões do povo português.

O Sr. Tomás de Vilhena: — Sr. Pre-si dente: não há dúvida que este dia 14 de Agosto representa uma das datas mais brilhantes da História Portuguesa.

De facto foi nesse dia que se firmou deveras a nossa independência. Nós passámos a primeira parte de tempo dá nossa Nacionalidade em lutas constantes com Castela e com os mouros.

O que foi essa nossa cruzada contra os mouros é uma epopeia tam extraordinária que, quanto mais se medita nos seus pormenores, mais ficamos assombrados. A conr quista de Lisboa, de Santarém e do Algarve, todo esse raid, como agora se diz, que o nosso D. Sancho fez até Sevilha, tudo i&so é uma epopeia extraordinária que não é fácil encontrar em outro povo.

Foram séculos de lutas contantes contra os espanhóis.

Mas, incontestavelmente, o que para nós, decidiu a nossa independência foi a batalha de Aijubarrota.

Esta ó das páginas mais belas da nossa história. '

E não se pense que ela não se encontra tratada pelos historiadores estrangeiros. Os espanhóis, por exemplo, tratam-na com inteira sinceridade e verdade.

São-lhe, por isso, devidos os maioies elogios e homenagens. Mas não são só os espanhóis.

Encontra-se uma descrição muito minuciosa da batalha de Aijubarrota em Frois-sat, e também feita .por João Fernandes Pacheco que era do partido de D. Beatriz, vendo-se obrigado, logo que a batalha de Aijubarrota se decidiu, a fugir para o sul da França. Acolheu-se a casa do conde de Froissat, onde se reuniram os menestréis e a elite da intelectualidade. Portanto um centro de novidades. Ali contou a Froissat pormenores muito interessantes sobre a batalha de Aijubarrota.

É claro que nós vimos nesse grande acontecimento a nossa sentimentalidade de independência, e a nossa sentimentalidade católica, porque é preciso que se saiba que no dia 14, véspera da Anunciação, os nossos homens foram em jejum batalhar, para dar cumprimento a esse preceito religioso; e o arcebispo de Braga com o montante em uma das mãos e com a outra distribuindo bênçãos, preparava aquela gente que se propunha morrer pela Pátria e pela Religião.

A guerra havia tomado um carácter religioso : o Rei de Espanha estava com o Anti-Papa, o Rei de Portugal com o Papa legítimo.

É dessa eclosão do sentimento religioso, do sentimento patriótico 'da independência que brilhou sempre na alma portuguesa que saiu aquela batalha'que ó incontestavelmente um dos episódios mais memoráveis, mais-brilhantes, mais belos desta epopeia que é a história portuguesa.

Associo-me a essa comemoração porque ela é uma das manifestações, como disse, mais brilhante dos sentimentos do velho português, cavalheiroso, patriótico e religioso.

O orador não reviu.