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18 DE MARÇO DE 1953 871

Segundo averiguei, para essas obras e outras similares foi constituída ou nomeada uma comissão de técnicos, e pelo visto com grande autonomia. Pois, quando se julgava que a instituição ia abrir as suas portas ao serviço público no local bem centralizado em que se encontra, foi resolvida nova e grande remodelação interna, que obrigou a novas demoras e consequentemente a grandes despesas. E assim continuou o edifício em obras, sem outra utilidade que não fosse o auxílio no combate ao desemprego dos operários das quatro artes durante mais alguns anos.
Em 1948 foi pela comissão determinada nova reforma, mas esta de grande vulto, alterando e demolindo tudo o que estava feito e até modificando profundamente a fachada, que, para ser justo, em minha opinião, ficou com mais beleza e com maior harmonia arquitectónica. Terminaram há pouco essas obras, já em 1903, e aguardava-se para breve a inauguração das novas instalações, já anunciada para data festiva no ano transacto.
Pois, Sr. Presidente, há doze ou quinze dias a cidade foi surpreendida com novo tapamento de madeira na frente do edifício, e, por informações colhidas dos operários no local das obras, soube que ia, pela quarta vez, ser remodelado o edifício, interna e externamente, mas desta vez com profunda alteração.
Se não se tratasse de uma instituição do serviço público, ninguém tinha restrições a fazer à forma de gastar o seu dinheiro, mas assim ouso chamar a atenção das entidades responsáveis, para que a tal comissão não prossiga na sua actuação, fazendo e desfazendo, sem que alguém ponha cobro a tal e dando por isso ensejo às mais indesejáveis murmurações.
Estudos, plantas, cálculos, e te, podem sair errados uma ou duas vezes, mas tantas parece demasiado.
Sr. Presidente: tenho trazido à consideração de V. Ex.ª alguns casos, felizmente bem resolvidos e aqui também por mim penhoradamente agradecidos.
Como faço parte de uma câmara política, e não da câmara técnica ou corporativa, devo trazer aqui, para serem resolvidos, os assuntos cujas repercussões públicas possam afectar a marcha da nossa política, superiormente sempre orientada no sentido do bem comum, e só por isso é que de longe a longe faço uso dos direitos que a minha função de Deputado faculta e impõe. E, Sr. Presidente, ainda dentro dessa orientação, desejava e pedia que determinados organismos lessem com cuidado o que o Diário das Sessões transcreve com rés, peito aos sectores em que desenvolvem a sua actividade.
Em tempos requeri alguns esclarecimentos sobre um apreciado peixe, oriundo e pescado nas terras frias e geladas do Norte, especialmente do curado pelo processo inglês, assim conhecido no Norte, onde vivo, e creio que por todo o País.
Os jornais, sempre pressurosos no seu noticiário, tem anunciado, por vezes, a sua chegada a Portugal, mas ninguém sabe onde ele se hospeda, e parece continuar a preferir as hospedarias e restaurantes da especialidade às modestas mercearias das cidades e das aldeias, onde o público se comprazia em admirá-lo e adquiri-lo. Ouso pedir mais uma vez que esse apreciado peixe, da família dos gadideos, apareça à venda, embora com as alcavalas inerentes à sua alta qualidade e prestígio, para ser adquirido por quem possa ou o deseje.
Já é tempo de matarem saudades tantos que por tão pouco anseiam.
Disse.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O orador foi cumprimentado.

O Sr. Jacinto Ferreira: - Sr. Presidente: a respeito das considerações por mim feitas nesta Casa sobre a educação moral e cívica da juventude portuguesa vem publicado no n.º 264 do Diário das Sessões um comunicado, ao qual desejo fazer um ligeiro comentário.
Diz-se nele que se aguardou durante dois meses uma rectificação espontânea da minha parte e baseou-se essa expectativa num «movimento de protesto de elevado número de antigos e actuais dirigentes e filiados da Mocidade Portuguesa».
Isto equivale a dizer-se que este documento estava preparado há muito tempo, o que não pode deixar de ser motivo de profundo regozijo ao compararmos os dezoito meses necessários à elaboração do pequeno relatório em que baseei a minha intervenção com os talvez dezoito dias em que foi elaborado este extenso documento. Sem dúvida, pelo menos neste aspecto, os serviços da Mocidade Portuguesa têm melhorado muito. Ainda bem.
Ora, Sr. Presidente, eu afirmo - e faço-o solenemente - que não recebi mais de oito ou dez cartas das tais de protesto. E se eu fosse reproduzir aqui o que diziam duas ou três delas, isso não seria agradável para a fase actual desta organização, principalmente por se tratar de opiniões de antigos dirigentes.
Recebi, sim, um número bastante maior a louvar e a aplaudir, quer de leigos, quer de sacerdotes.
Mas que tivesse recebido mil, em vez de dez! Seria isso o que viria provar a falta de veracidade e de justeza das minhas considerações ? Bastaria o comunicado, se ele fosse convincente, e ficaria o Comissariado dispensado de pagar tributo público à superstição democrática do número.
Talvez por deformação profissional, permite-se o comunicado tirar conclusões sobre o carácter construtivo da minha intervenção o interpretar as minhas atitudes em matéria política, denunciando-me à polícia, ao episcopado, ao Governo, etc. Parece-me falta de educação cívica um organismo administrativo permitir-se criticar ou classificar as atitudes de membros de órgãos a quem tem de prestar contas, quando essas atitudes são assumidas no exercício das suas funções. Mas desde já digo que isso não me molesta, embora possa molestar a Assembleia, que sempre se tem mostrado ciosa dos seus direitos.
Respondo apenas que me prezo de ser educador; para educando da Mocidade Portuguesa já passei da idade e ... da qualidade.
Mas, porque não seria airoso para mim nem para a Assembleia deixar ficar a impressão de ter abusado da sua credulidade, desejo dizer o seguinte:
1.º As minhas afirmações basearam-se em factos do meu conhecimento. E contra factos não valem transcrições do circulares ou de artigos de regulamentos. No caso da formação religiosa, apelei para um inquérito junto dos assistentes. Fez-se? Que resultado deu? O resto é apenas palavreado;
2.º Von Shirack nunca esteve em Portugal. Quem esteve foi um seu lugar-tenente e enviado especial, Lauterbacher. Essencialmente, é o mesmo. O erro é apenas de pormenor. Faz o comunicado longo relato de visitas e convites, mas esqueceu-se de referir que o primeiro passo dado pela Mocidade Portuguesa em terra estrangeira foi na Alemanha. Eu não quero dizer que considero isso censurável, e talvez até tivesse sido muito bem. Mas factos são factos;
3.º Parece que o comunicado quer atribuir-me a culpa de o relatório que recebi não ter sido tornado público. Seria a mim que isso competia? E insinua também que eu não o com-