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872 DIÁRIO DAS SESSÕES N.º 218

preendi. Talvez. Ficou provado que ele vinha bastante insuficientemente redigido. Atribulações de organizações não acostumadas a ser-lhes pedidas contas dos seus actos. Da sua defeituosa redacção resultaram duas confusões, apontadas pelo comunicado. Eu havia pedido nota dos subsídios oficiais às associações escutistas, e em resposta veio o que a Mocidade Portuguesa tinha dado. Lógico era concluir-se que os subsídios referidos eram os únicos oficiais existentes. Mas agora alega-se que a Mocidade Portuguesa não tinha obrigação de dar, e se deu foi porque quis. Do acordo. Mas então fui mal informado por um documento oficial, e a culpa não é minha. Sempre quero acrescentar que, segundo informações posteriores, nem um centavo foi dado à organização dos escutas católicos. Também a respeito da «camaradagem» e dos serviços médico-sociais cria o comunicado uma grande confusão, que não consegui esclarecer, apesar de ter lido e relido essas passagens por várias vezes. Pareceu-me, finalmente, que num lado sou acusado de, maldosamente, avolumar estes serviços e noutro, ao invés, de, também maldosamente, considerar extensivo a toda a vida da Organização apenas o que se referia a cinco anos. E de tudo isto se consegue tirar a conclusão do injustiça, do deformação, de infelicidade. De facto, essa apreciação teve um cunho de infelicidade, mas apenas nas suas consequências. Provocou a publicação de algumas cartas particulares sem a devida autorização do quem as escreveu, o agora provoca a publicação deste documento, pouco elucidativo, mas em compensação bastante impertinente e exorbitante ;
4.º Aceita o comunicado que, em matéria de acampamentos, o que eu disse seja verdadeiro, mas excepção. Isso me basta para poder concluir que o número de excepções deve ser bastante elevado para os dirigentes serem forçados a admitir a existência de algumas;
5.º Por último, esforça-se por me malquistar com a juventude de agora, destacando a falta do espírito heróico que lhe atribuí. Esqueceu-se, porém, de transcrever a passagem em que eu afirmei não ser sua a culpa, mas do ambiente. Parece pouco, mas é tudo, afinal. E esta falta de lealdade na argumentação não me parece que possa ter qualquer fundo educativo.

Se não receasse abusar da atenção da Assembleia, e também agravar questões levantadas, muito mais me apetecia dizer. Fico-me, porém, por aqui. O resto do comunicado são explicações e elucidações. Nada tenho a objectar-lhes o penso que era até a isto que ele se deveria ter limitado.
Tenho dito.

Vozes: - Muito bem!

O orador foi cumprimentado.

O Sr. Presidente: - Vai passar-se à

Ordem do dia

O Sr. Presidente: - Continua em discussão na generalidade a proposta de lei da reorganização da educação física nacional.
Tem a palavra o Sr. Deputado Miguel Bastos.

O Sr. Miguel Bastos: - Sr. Presidente: não admira que mesmo os mais inexperientes na matéria em debate se sintam tentados a nele intervir, dada a projecção e o valor que passou a ocupar na vida dos nossos dias a cultura física.
Por esta razão também eu ouso tomar à Assembleia alguns momentos, que procurarei sejam muito breves.
Já hoje ninguém nega que um mínimo de saúde - como um mínimo de bem-estar material - é indispensável paia o desenvolvimento da própria vida moral e aceite está também a verdade de que não ó possível ensinar uma doutrina, fazê-la entender e seguir sem que, ajudando o desenvolvimento duma alma sã, se encontre um corpo são.
Numa política de .saúde realista e progressiva, além da medicina social, preventiva ou curativa, a cultura física, a ginástica, o«i desportos entraram na primeira linha das preocupações dos homens do Governo e na de todos aqueles a quem cabe a missão - maior ou menor - de intervir mi direcção e orientação dos problemas nacionais.
Todos nós, por conseguinte, temos eido forçados a estudar esta nova e complexa disciplina, que tem por alvo, não só lutar contra a doença, mas - o muito principalmente - lula r pela saúde.
Tanto no relatório que antecede a proposta, de lei com no parecer da Câmara Corporativa se faz a história da educação física no nosso País e de tudo se conclui a importância e relevo que aquela entre nós tomou. E tão grande foi o desenvolvimento atingido por esta actividade e tu o alto subiu o entusiasmo das grandes massas populares pelas pugnas desportivas que, houve que intervir, disciplinando e orientando a vida desportiva nacional, de fornia a integrá-la num esquema próprio que estivesse de acordo com os fundamentais princípios éticos informadores de toda a vida portuguesa dos nossos dias.
Assim se criou a Direcção-Geral da Educação Física, Desportos e Saúde Escolar.
Não se põe qualquer dúvida sobre a necessidade desta intervenção nem se deixa de reconhecer os benefícios, por ora, porventura, apenas de carácter policial, obtidos.
A aplicação de penas rigorosas a jogadores, dirigentes, clubes, massas desportivas, etc., procura, no seu conjunto, objectivos de carácter disciplinar que seria injusto deixar de reconhecer. E certo que, na aplicação destas penas não puderam furtar-se no âmbito da legítima discussão os critérios adoptados, mas isto não obsta a que continuemos a considerar de louvar os objectivos a atingir.
Parece, porém, que pode e deve ir-se um pouco mais longe.
A disciplina é coisa indispensável em tudo, mas ela, por si só, está longe de are solver problemas em que têm de entrar - e predominantemente - preocupações construtivas que conduzam à formação da vontade e à moldagem de caracteres.
Todos estamos de acordo em que o desporto é um antídoto eficaz contra o menor esforço, o cepticismo e até a desmoralização dos costumes, desperta o sentido da ordem, cria as condições de compreensão do valor da entreajuda e faz nascer em cada um de nós a necessidade do autodomínio e da decisão perante o perigo.
O desporto é, como disse S. S. Pio XII, uma escola de lealdade, de coragem, de paciência, de resolução, de fraternidade universal.
Como produtora de um tão alto conjunto de virtudes morais, esta admirável escola tem de ser orientada por forma que a cultura física se faça e se desenvolva sem esquecer ou negar aqueles valorei ao serviço dos quais verdadeiramente tem de estar.