O texto apresentado é obtido de forma automática, não levando em conta elementos gráficos e podendo conter erros. Se encontrar algum erro, por favor informe os serviços através da página de contactos.
Não foi possivel carregar a página pretendida. Reportar Erro

876 DIÁRIO DAS SESSÕES N.º 218

verifica apenas acidentalmente, como ainda é neutralizado pelas vantagens que resultam de só ela permitir um estudo atento do evoluir dos problemas, e deste modo, em conformidade com a experiência obtida nos resultados verificados, modificar a legislação de modo a alcança-se um melhor rendimento dos serviços. A atitude desejável para uma crítica construtiva será, na quase totalidade dos casos, Ter a paciência necessária o esperar pelo momento oportuno de se corrigirem os erros que porventura se tenham apontado. Mais tarde ou mais cedo a solução justa impor-se-á e será adoptada a solução conveniente. Eis o que parece dar-se agora com a educação física nacional. Estamos seguros de que um dia acontecerá algo de semelhante em relação a outras formas de ensino que urge melhorar.
Apesar de não possuirmos informações pormenorizadas acerca da forma como decorrem os serviços da educação física, e que o Ministério da Educação Nacional certamente possui, todos nós sabemos. - através, da experiência que temos dos factos, por parentes ou conhecidos que frequentem escolas ou liceus- que a educação físico, é praticamente inexistente nas escolas primárias e deixa muito a desejar nos outros graus de ensino, devendo considerar-se que no superior somente a possuem o Instituto Superior Técnico e a Escola Superior do Ultramar.
Este facto é grave, porque é muito deficitário o estado fisiológico da juventude portuguesa em geral e continua muito alta a percentagem de mancebos rejeitados pelas juntas militares, de inspecção; é também lamentável, forma como se apresentam, muitas vezes, as nossas embaixadas, desportivas no estrangeiro.
Em correlação com estes factos, parece não haver ainda um plano geral adequado para a construção de ginásios e de que nestes falta quase sempre o material didáctico indispensável, excluídas algumas raras excepções, como as das novas instalações do Instituto Nacional de Educação Física, Escora do Exército, Escola Naval, etc.
Sabemos que, por vezes, se reúnem no mesmo ginásio duas, três e mais turmas de alunos, o que praticamente impossibilita uni ensino eficiente e altamente prejudica a própria disciplina escolar.
Sabemos que são marcadas aulas de Educação Física imediatamente a seguir ao almoço dos alunos, resultando daqui todos os óbvios inconvenientes.
Sabemos que as classes são, em geral, excessivamente numerosas e reúnem ai imos fracos e fortes, o que não permite satisfazer nem as necessidades de uns nem as exigências de outros.
Este facto è grave, porque, se relativamente à educação intelectual podemos pôr em dúvida a vantagem de organizar turmas absolutamente uniformes, pois é evidente que nas turmas de alunos mais fracos não se encontra estímulo na competição natural que deverá haver entre eles, essa dúvida não se põe relativamente à educação física, pois neste campo é absolutamente indispensável que as classes sejam organizadas em função da capacidade dos alunos.

O Sr. Bartolomeu Gromicho: - E segundo a robustez dos alunos. Mas verificou-se que os horários eram incompatíveis, e hoje, com as peias que os liceus têm na elaboração dos horários, ainda pior as coisas se tornaram.

O Orador: - Eu penso que o problema é de uma complexidade muito grande e que exige uma modificação geral na estrutura do que existe hoje.

O Sr. Bartolomeu Gromicho: - E impõe-se a alteração da estrutura dos horários.

O Orador: - O problema da educação física não é menos importante do que qualquer outro problema de educação.

Vozes: - Muito bem!

O Orador:- É, pois, indispensável que se dê a este meio de educação a importância devida, que é absolutamente transcendental.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Orador: - E preciso considerar-se para a educação física o tempo de que ela necessita.

O Sr. Galiano Tavares: - E horas convenientes.

O Orador: - Não devemos hesitar em fazê-lo.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Sr. Mário de Albuquerque: - Diz V. Ex.ª muito bem, porque a educação é um problema uno. Mas é pena que as coisas se façam desarticuladamente.

O Orador: - Vejo que estamos todos de acordo. Desta vez conseguimos a unanimidade.
Sabemos que a própria ginástica educativa chega, por vezes, a ser orientada 110 sentido da demonstração física espectacular, tendendo à prática quase exclusiva de exercícios puramente acrobáticos. Neste caso só é possível prestar atenção aos alunos mais vigorosos e desembaraçados, abandonando-se de uma maneira pedagogicamente condenável a grande maioria, constituída pelos que mais necessidade têm de educação física bem orientada. É, na verdade, particularmente impressionante o abandono a que estão votados numerosos adolescentes portadores de desvios de atitude e de deficiência respiratória.
Sabemos que as pessoas encarregadas de vigiar directamente a forma como 110 País é ministrada a educação física escolar acumulam tão importante e absorvente missão com outras formas de actividade oficial e ocupações evidentemente incompatíveis pelo que exigem delas para o seu bom desempenho.
Sabemos ainda que nos exames de selecção para a entrada na Escola do Exército foi necessário abrandar as exigências no que se refere a aptidão física dos candidatos. Por exemplo, baixou-se de l m para 85 em a altura do salto a que são obrigados os candidatos; pois, apesar disso, muitos dos concorrentes ainda são rejeitados por incapacidade!
Sr. Presidente e meus senhores: foram certamente estes e outros factos que não me é possível apontar aqui que levaram, sem dúvida, o ilustre titular da pasta da Educação Nacional a redigir as bases que temos diante de nós para discutir.
Aprovo-as, desde já, na generalidade, mas permito-me fazer alguns reparos, na esperança de contribuir para o seu aperfeiçoamento. Assim, por exemplo, pelo que se refere à base I, entendo que deve, com efeito, existir e funcionar regularmente um organismo superior, como a 2.ª subsecção da 1.ª secção da Junta Nacional da Educação, que integre, por suas representações, os vários serviços da educação física nacional, o fim de os unificar nos princípios gerais orientadores. Concordo com o parecer da Coimara Corporativa para que no primeiro membro da 2.ª subsecção da 1.ª secção da Junta Nacional da Educação seja o director-geral da Educação Física, seu presidente.