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18 DE MARÇO DE 1953 881

tureza livre e recreativa que atraiam a juventude para a Organização, tais como certos torneios e campeonatos, além de exercícios de especial interesse pré-militar, que, por motivos óbvios, não podem ser incluídos no horário escolar: natação, marchas em comum, instrução preliminar de tiro, etc. É nisto que a Mocidade Portuguesa pode realizar obra útil, sendo-lhe fácil estabelecer, com grande elasticidade, contratos eventuais com oficiais do Exército e outros especializados, que ministrariam, em fins de semana, tais actividades para escolares.
O Exército tem especial interesse pela educação física da juventude, visto que é principalmente antes da vida militar, nas escolas de todos os graus, que se devem formar os homens dos quais o Exército fará soldados.
A tal respeito publicou o Departamento da Defesa dos Estados Unidos da América o seguinte comunicado:

Entrámos no período mais crítico da nossa história e a mobilização total pode ser exigida dum momento para o outro, a fim de salvar a existência da nação. Uma das necessidades essenciais da preparação nacional é a aptidão física da nossa juventude para que esta possa servir com eficiência nas forças armadas. Os nossos inimigos são rudes e primitivos. É necessário um alto nível de aptidão física da juventude americana para oferecer, além duma melhor defesa, uma probabilidade maior de sobrevivência dos homens, evitando que eles sucumbam nas várias situações do combate.

O comandante supremo das forças armadas da Suécia enviou um ofício à respectiva Direcção-Geral do Ensino Liceal recomendando a necessidade urgente de aumentar o número de tempos semanais atribuídos no horário escolar à educação física.
Consta-me de origem fidedigna que esse número de tempos por semana é de quatro nos primeiros anos e de três nos últimos, o que já ó sobremaneira avultado em relação aos nossos horários.
O relatório da proposta de lei faz justiça ao Exército e à Marinha, citando a sua valiosa contribuição para o desenvolvimento da educação física nacional, nomeadamente quando criou a antiga Escola do Educação Física do Exército, actualmente extinta, sem se compreender porquê, depois de ter deixado uma grande obra, sem a qual não seria possível nem a Organização Nacional Mocidade Portuguesa nem o Instituto Nacional de Educação Física.
É de notar, sem desprimor para ninguém, que os resultados obtidos derivaram do facto de os diplomados por essa Escola e terem especializado já com uma cultura geral relativamente vasta o de terem vivido sempre num ambiente de disciplina que muitas vezes falta nas escolas civis.
É possível, é mesmo natural, que os professores civis de Educação Física, que nos enviaram um parecer digno de atenção e em muitos pontos razoável, receiem a concorrência dos professores e instrutores militares. Mas a verdade é que estes continuam a ser de grande utilidade, pelo menos na província, em localidades onde não haja professores civis.
Também no combate ao analfabetismo se tem recorrido ao Exército como elemento de colaboração. Que nos deixem ao menos colaborar ...
Ainda relativamente à educação física no Exército, é preciso também intensificá-la, muito especialmente no que respeita à ginástica geral elementar, mas efectiva, de flexibilização e destreza, com exercícios de maior aplicação militar: corrida pelo campo, com transposições de obstáculos, natação, esgrima, escaladas, etc., além do tiro, evidentemente. Para isso há necessidade de fornecer os meios indispensáveis à Comissão Superior de Educação Física do Exército. Mas é tempo de terminar, Sr. Presidente, embora muito me fique por dizer.
Não quero, todavia, deixar de manifestar a minha estranheza perante uma anomalia que neste breve exame se me deparou.
Num decreto há pouco publicado proclamou-se, e muito bem, a necessidade de ensinar a ler toda a gente. E eu então pergunto: porque razão se não proclama também a obrigatoriedade da educação física para todos os portugueses?
Verifica-se, de facto, que a ginástica só é obrigatória durante o período liceal; no ensino primário e superior é praticamente inexistente, ou, quando muito, facultativa.

O Sr. Simões Crespo: No Instituto Superior Técnico é normal

O Sr. Galiano Tavares: - É, de facto, a único, escola superior onde isso acontece.

O Orador: - Mas aí faz-se desporto por amor à arte: ninguém obriga a isso.

O Sr. Simões Crespo: - Se me permite, aproveito ainda o ensejo para prestar a V. Ex.ª uma informação que me dispunha a dar-lhe no fim das suas considerações, mas vou dá-la agora, já que V. Ex.ª me permitiu interrompê-lo. E que, além das piscinas que V. Ex.ª citou, há mais duas ou três: uma no Instituto Superior Técnico, outra no edifício da Mocidade Portuguesa, na Rua do Quelhas, e outra no Liceu Maria Amália Vaz de Carvalho.

O Orador: - São cobertas?

O Sr. Simões Crespo: - São.

O Orador: - E têm água?

O Sr. Simões Crespo: - Creio que todas têm água.

O Orador: - Mesmo contando com essas, são poucas.
E contudo a adolescência não basta para consolidar os benefícios da educação física. E preciso acompanhar a nossa mocidade desde a infância à virilidade plena, desde os primeiros passos à formação completa da personalidade, precavendo-a contra todos os desvios.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Desde que a decadência deste ocidente latino se manifesta e se acentua, ante a cobiça lúbrica dos bárbaros, por forma tão degradante e tão impudica, é preciso preparar uma mocidade heróica e bela para mostrar aos aliados que nos esperam, com o nosso esforço, o nosso exemplo; é preciso contrapor aos que fraquejam unia geração de fortes, para estancar no flanco exausto da raça esse vigor antigo, que se vai perdendo.
Foi esta. Sr. Presidente, a única lacuna que encontrei na proposta do Governo, tanto mais para estranhar dados o significado e o alcance desse magnífico diploma.
Tenho dito.

Vozes: - Muito bem, muito bem!
O orador foi muito cumprimentado.

Sr. Santos Bessa: - Sr. Presidente: vou procurar ser breve e resumir em poucas palavras o essencial do que tenho de dizer a respeito desta proposta de lei sobre a reorganização da educação física nacional.