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884 DIÁRIO DAS SESSÕES N.º 218

ciência, e permito-me juntar novo aditamento à mesma
base:

À Direcção-Geral da Educação Física, Desportos e Saúde Escolar compete também velar por que se mantenha o alto nível moral das organizações e competições desportivas.
Tento dito.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O orador foi muito cumprimentado.

O Sr. Galiano Tavares: - Sr. Presidente: a proposta de lei para a reorganização da educação física nacional, que contém onze bases, é apresentada com o fim de orientar e promover o exercício da educação física do povo português, para o que se sugere a reforma da 2.º subsecção da 1.ª secção da Junta Nacional da Educação.
Porque se trata de educação física, não posso deixar de a integrar na escola.
O ensino, nos seus múltiplos graus, tem sido nos últimos anos, e em quase todos os países, largamente reformado.
Também em Portugal, nalguns aspectos, o foi, e com as mais louváveis intenções.
Bom é caracterizar-se o médio ou o secundário, de índole especulativa, na génese filosófica das suas concepções.
Na escola de ontem o ensino era dirigido a todos do mesmo modo; a criança era um adulto imperfeito que era mister tornar perfeito. O aluno tinha de subir ao plano do professor.
Na escola de hoje o ensino deve adaptar-se à mentalidade da criança, e dessa necessidade são prova evidentíssima as tentativas constantes de modificar os livros escolares, auxiliares poderosos da aprendizagem.
Na escola clássica o professor era o centro do ensino, admitindo-se o postulado de que a escola era homogénea.
Considerava-se o ensino dirigido a um tipo ideal de aluno, a um tipo padrão, uma vez que, em princípio, iodos tinham a mesma capacidade, os mesmos interesses e expoente mental, o que levou Binet a compará-lo a «fato feito sem medida».
Faltando a noção de unidade psicológica, a escola era homogénea, não hierarquizando os alunos pelas suas qualidades nem atendendo à natureza do esforço.
Era a pedagogia a uma só dimensão, nivelando as diferentes idades: a cronológica ou civil, a fisiológica ou anatómica e a mental.
A escola moderna, preconizando a individualização do ensino, é essencialmente diferencial ,e progressiva, embora tendendo, mas por processos psíquicos, à homogeneização.
A escola antiga não considerava néon as consequências de ordem física nem tão-pouco as de ordem psicológica - aquilo que Claparède designou por «teleiformismo».
A escola clássica - até a superior - tinha como preocupação dominante a precocidade do aluno, e este sabia explorar solertemente esta atitude.
Escrevia Fialho:

Quando a professores se pergunta pelas aptidões dos escolares, respondem quase todos que são, em geral, gerações com fraca síria para o trabalho disciplinado, que é o único frutífero.

A escola moderna teria, como base de aprendizagem, o conceito de motivação, isto é, a conexão entre o trabalho escolar e a experiência, os interesses, os valores
e as aspirações do aluno. A escola quer que o educando se torne o agente da sua própria educação, motivo por que, em geral, quanto mais baixo for o nível de desenvolvimento físico e mental do aluno mais carece do auxílio do professor para a vitalização do trabalho a executar.
Na escola tradicional a criança era arregimentada e o ensino essencialmente estático, quero dizer, o professor dizia a lição que o aluno recebia para novamente debitar flagelando a memória com repetições mecânicas, laboriosos processos de mnemotecnia e memorização precipitada, tanto mais difíceis quanto menor era a significação do aprendido, fraca por isso a atenção e insignificante o interesse, normas, nalguns aspectos, que na escola actual subsistem.
Para a escola moderna, se definitivamente puder triunfar, aprender não será apenas estudar nos livros, nem ouvir lições, mas adquirir uma norma de conduta, entendendo por conduta não só o comportamento exterior mas a actividade intelectual ou afectiva que determine novas formas de acção, tendo em vista, principalmente, a formação da personalidade.

O Sr. Mário de Albuquerque: - V. Ex.ª dá-me licença?

O Orador: - Tenha a bondade.

O Sr. Mário de Albuquerque: - E só para pedir uma informação. Quando V. Ex.ª fala da escola moderna refere-se à escola que existe ou à que deve existir?

O Orador: - Refiro-me à que deve existir.
Quero dizer? a escola moderna vai buscar os fundamentos da sua atitude à psicologia experimental e afirma: «Toda a educação se deve subordinar à natureza do aluno, e, mesmo quando se queira modificar essa natureza, é preciso não desprezar mas ter em conta as suas leis, pondo-as ao serviço dos nossos desejos».
Sob a influência das novas doutrinas deveria acentuar-se o carácter educativo do ensino, deixando de ser obra receptiva para formar a própria consciência moral do aluno, porque, se as leis sociais se contentam com a obediência exterior sem entrar em conta com os motivos dessa obediência, a consciência moral vale pela intenção, dignificando o homem, que procura com sabedoria e coragem realizar em si próprio um ideal, para ter uma vida nobre, boa e justa, sem discordâncias profundas entre o que «deve ser» e o que «pode ser».
A escola não seria assim grosseiramente utilitária nem excessivamente idealista.
O outro aspecto da escola moderna seria a indispensável colaboração da família. Os Kindergarten de Froebel, uma espécie de extensão do lar, não significam o jardim para a criança, antes envolvem o conceito de que a criança está para o jardim como a planta para o horto. A planta nasce livre e crescerá tanto melhor quanto melhores forem as condições que lhe proporcionarmos, e aqui poderemos aplicar, com propriedade, o pensamento de que o grande papel de quem educa, tal como no jardim o jardineiro, não é ganhar tempo mas perdê-lo.
A família é, portanto, o primeiro centro educativo.
A escola seria, a partir de certa idade, a continuação do lar.
«Casa de pais, escola de filhos», escreveu o Prof. Agostinho de Campos para significar que a família é a primeira escola da vida.
Por outro lado, o médico é clamado a intervir activamente, colaborando com o professor - por ora, bem o sabemos, hesitantemente - sob o tríplice aspecto repressivo, profiláctico e psicofísico, reconhecidas as va-