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28 DE ABRIL DE 1953 1123

anos depois de ele recolher para o repouso eterno à sombra augusta dos Jerónimos, depois de uma trajectória brilhantíssima e de ter conquistado a afeição, a simpatia de um povo e o direito às homenagens de piedosa saudade que nos inclina ante a sua memória veneranda.
Apoiados vibrantes.
25 anos! Como foi possível?
Seria porque a índole do povo português seja branda e paciente, perpètuamente resignada à irremovível fatalidade dos acontecimentos e do seu destino? Mas as réplicas incontestáveis de uma história política feita de virilidade e valentia coutradizem irrespondivelmente uma tal explicação.
Seria porque a vida nacional nesse longo período da pública governação fosse fácil e tranquila, sem problemas, sem angústias e sem paixões, assim como um mar de rosas, onde a nau do Estado singrasse serenamente ao impulso suave de um vento de feição? Ou porque a herança do passado fosse rica e cómoda e garantia segura de um futuro tranquilo aos afortunados herdeiros?
Mas quem desconheço a montanha de dificuldades, de problemas que foi necessário vencer; do crises que foi necessário enfrentar e dominar; de paixões políticas e pessoais que foi necessário prevenir, refrear e dissipar?
Apoiados gerais.
Seria porque uma coligação de potências apostadas em manter na Europa uma certa ordem política tivesse apoiado com a sua força e autoridade um regime congruente com os seus propósitos políticos, e um homem da sua confiança? Mas nunca houve em Portugal, nem mesmo nos tempos áureos de Pombal, uma época da história do País em que a autonomia da nossa política interna e externa e a nossa personalidade se afirmassem com mais galhardia e com mais independência no concerto das nações ... Seria pelo apoio da força militar? Sem dúvida, as forças armadas nunca se desinteressaram da sorte de uma situação cuja implantação lhes pertenceu; e é aqui o momento de lhes render também as homenagens do nosso respeito: ao seu patriotismo, ao seu desinteresse, à nobre compreensão do seu dever.
Aplausos calorosos.
Mas ninguém ignora que o alto conceito de Salazar pela função das forças armadas o levou sempre a procurar, através da sua política e de uma administração convenientes, libertá-las dos cuidados da defesa da ordem interna, para as levantar a mais nobres preocupações.
Seria pela incapacidade dos adversários?
Sr. Presidente:
Estas coisas nunca acontecem por acaso.
Cansado o espírito público de uma longa história de estéreis agitações, abaladas por uma propaganda irreflectida aquelas certezas tradicionais que, pelos séculos fora, o tinham conduzido - a fé que não vacila, a autoridade ungida divinamente -, desencantada e desiludida pelos abusos da liberdade e da força, a Nação estava preparada para ser conduzida pelo caminho do resgate ao alto da montanha em que se redimem as pátrias.
Tinham brilhado gloriosamente ao sol de 28 de Maio de 1926 as espadas intemeratas do Exército e um alvoroço de esperança percorrera e inflamara a alma nacional.
Mas a Revolução precisava de alguém. A Pátria reclamava alguém. Cada grande causa nacional tem sempre um homem à sua altura. Esse homem na grande causa a que o Exército metera ombros foi Salazar!
Aclamações.
Surgiu no proscénio da política portuguesa há vinte e cinco anos sem declarações de hostilidade a pessoas, mas aos métodos, aos processos e aos erros do passado, sem discutir os homens, sem lhes negar a justiça, buscando antes sanar os males do que impor o seu triunfo pessoal. Uma fé que não vacila nos seus princípios, uma honestidade perfeita e um desinteresso absoluto, uma devoção total do bem público e um amor constante à sua pátria, uma inteligência excepcional, temperada de bom senso e rectidão, um equilíbrio de espírito na direcção superior da Nação, uma calma serenidade nas crises graves e momentos mais difíceis - eis, segundo creio, alguns traços do Presidente do Conselho, que o é há vinte anos, e do Ministro que há um quarto de século é a grande figura do País e, sem falsas perspectivas de amor próprio nacional, uma das de maior relevo entre os grandes homens públicos do mundo e do século.
Apoiados vibrantes.
Mas o que fez este Homem, com todas as suas excepcionais qualidades, no longo ciclo de vida pública que hoje comemoramos?
Sr. Presidente: os dias, os anos, os séculos, estas medidas de tempo são criações de espírito e não parecem ter realidade substancial; o que conta são os acontecimentos, grandes ou pequenos, faustos ou infaustos, que durante eles se produziram; para o julgamento dos homens públicos sobretudo os resultados gerais da sua acção, os serviços prestados ao País.
Isto, Sr. Presidente, levaria à repetição inútil de muita coisa, que toda a gente vê, que nem os adversários contestam, cuja luz irrompe de todos os lados.
Direi sómente que, neste largo lance da história do País, as liberdades fundamentais, e entre elas a mais sagrada de todas, a liberdade de crenças, foram asseguradas a todos os portugueses, a consciência religiosa da Nação foi respeitada, o princípio da separação foi mantido, mas numa ampla compreensão das realidades espirituais dos Portugueses, o prestígio das autoridades restaurado, as paixões políticas esbatidas, melhoradas as condições gerais de vida das diversas classes sociais, lançadas as bases dum profundo revigoramento da economia nacional e, por entre violentas convulsões em que a carta política do mundo tem oscilado, mantida a unidade e a integridade do Império!
Grandes aplausos.
Sob a sua influição e com a marca do seu grande espírito apareceu o novo regime, em que a rigidez dos princípios e o culto das realidades, o respeito amorável pelas coisas nobres do passado e as exigências imprescindíveis das sociedades políticas contemporâneas, a força do Governo e o princípio da representação nacional se conjugam e se combinam num conjunto equilibrado e orgânico, apto para à sua sombra se desenvolver o nosso direito público e adequado ao nosso, modo de ser nacional.
E tudo isto não teria sido possível sem Salazar, sem a continuidade, a sabedoria e o patriotismo do seu Governo.
E tudo isto pôde ser feito sem os abusos da força e do poder, dentro das limitações da moral e do direito.
E tudo isto pôde ser feito sem necessidade de renegar aquela filosofia perene, para a qual o Poder tem uma origem transcendente, o direito e a moral uma sanção divina, a pessoa humana um valor absoluto.
Sem se deixar cair das alturas da concepção cristã, sobre o destino das sociedades e dos indivíduos, num positivismo político, cujas virtualidades funestas para tudo o que há de grande, de elevado, de nobre, de vital nos povos, a razão e a experiência assinalam flagrantemente.
Apoiados gerais.
Salazar, sob a influição daquela eminente filosofia, surgiu no primeiro plano da vida pública portuguesa, quando declinava já nos céus ardentes da Península o astro de simpática irradiação do marquês de Esteia, que durante anos iluminara e aquecera de bravura e de