O texto apresentado é obtido de forma automática, não levando em conta elementos gráficos e podendo conter erros. Se encontrar algum erro, por favor informe os serviços através da página de contactos.
Não foi possivel carregar a página pretendida. Reportar Erro

1124 DIÁRIO DAS SESSÕES N.º 229

bondade a velha Espanha, e cujos clarões faziam já pressentir o desabar do trono de Afonso XIII. Assistiu à mudança de instituições em Espanha o aguentou sem se perturbar a ressaca vermelha das tempestades e dos ódios que batiam violentamente as fronteiras e buscavam repercussões no nosso seio.
Através da fumarada das fogueiras, das labaredas altas em que o génio do mal e da destruição buscava apagar da face da terra os monumentos sagrados do passado heróico e místico da nação irmã, entreviu a alvorada da irreprimível reacção nacionalista, que encontrou naturalmente no sou espírito um acolhimento de calorosa simpatia e apoio moral.
Saudou com alvoroço a vitória da civilização contra a barbaria comunista na Ibéria e lançou assim, pela sua atitude durante a guerra civil, as bases de um futuro entendimento peninsular de tão fecundos resultados no período dramático da segunda guerra mundial.
Ouviu, sem se perturbar, o estrondear alto do primeiro nacionalismo germânico; viu subir ovante no firmamento político da Europa a cruz gamada laivada de pressentimentos funestos. Admirou, sem dúvida, o renascimento italiano, sob o impulso dinâmico do fascismo, os êxitos incontestáveis da sua política, a glória com que se cobriu a velha mãe da latinidade, onde parecia latejar e plasmar-se um novo império romano; mas não se deixou aturdir pela retumbância das proclamações nem dos triunfos e manteve-so inabalàvelmente fiel aos princípios da sua escola, constantemente atento às lições da nossa história, ao temperamento e condicionalismo nacional.
Os sistemas e os homens passaram, e ele permanece sob as bênçãos de Deus; e os princípios a que se manteve fiel recebem no momento actual a consagração universal do Ocidente, como os únicos capazes de salvaguardar alguma coisa dos preciosos valores espirituais e morais que são a mais bela florescência da nossa civilização.
Assistiu naturalmente conturbado ao deflagrar do grande conflito; anteviu com a lucidez e a serenidade da sua inteligência agudíssima toda a extensão que ia tomar; tomou nas suas mãos leais com mais força e mais carinho os destinos deste povo, e a guerra foi afastada das fronteiras da Pátria. Cumpriu em todo esse doloroso transe os deveres do fidelidade às velhas alianças, os de cortesia, correcção e humanidade para com todos. Preservou a paz. Guardou a honra nacional. Dignificou o País.
Vibrantes aplausos.
E extintas as chamas altas e as tentativas malogradas duma exploração demagógica do sentido de vitória; e no meio das depressões económicas, consequência geral da guerra na Europa e das suas inevitáveis repercussões políticas, Portugal, sem poder ter evitado os reflexos terríveis da perturbação geral, vai vencendo, sob a mão de Salazar, as suas dificuldades e as suas crises; e para quem conhece a triste situação da Europa, constitui, na relatividade das coisas, um mundo invejável de viver.
E agora, Sr. Presidente?
Agora, ante um futuro carregado de sombras e de pavores, ante um horizonte cerrado do brumas, onde mal bruxuleiam algumas tímidas esperanças de se evitar o pior, ele continua a ser um dos grandes valores morais e políticos desta Europa, que parece ter perdido o seu antigo sentido do grandeza, e o timoneiro seguro dos nossos destinos.
Ovação.
E agora, Sr. Presidente?
V. Ex.ª quis dar, creio-o bem, à Nação o testemunho do seu reconhecimento e da sua confiança no Homem que há vinte o cinco anos a serve com todas as suas forças. A Nação revê-se nos sentimentos do sou chefe supremo. E assim unida, a família portuguesa, dispersa por todos os continentes, em volta do Chefe do Estado e de Salazar ao bater o instante final destes vinte o cinco anos, depois desta breve pausa de justa comemoração, eu sinto que da intimidade dos corações e dos lares sagrados de Portugal e do próprio seio desta generosa terra de Santa Maria se erguem, como vaporação irreprimível das almas e das coisas, votos ardentes a que a minha voz não consegue dar nem o calor, nem a intensidade condigna:
Para que Deus proteja e conserve Salazar.
Para que, na noite de inquietações e de perigos mortais que ameaça o mundo, Salazar continue connosco.
E continuará!
A presença de V. Ex.ª nesta Casa e neste dia, a mensagem que vai ler à Assembleia, e que ela está ávida de ouvir, são, depois de Deus, a mais segura garantia dessa continuidade.
Grande ovação.
S. Exa. o Sr. Presidente da República leu então a seguinte mensagem:
Quando alguém escrever as páginas da história de Portugal narrando os acontecimentos que tiveram lugar nos meados deste século, dirá que no dia 27 de Abril do ano de 1953 reuniram as duas Câmaras no Palácio da Assembleia Nacional, com a assistência distinta dos representantes dos países amigos, da Igreja e da Nação. No largo fronteiro e nas ruas que a ele concorrem, uma multidão se aglomerava com. seus estandartes e bandeiras, gente vinda de todas as partes do mundo onde pulsa e vibra um coração português. Haviam-se ali reunido - em S. Bento - para render tributo do gratidão a um grande português que em muitos anos de esforçado labor, entregando-se por completo ao serviço da Pátria, realizara obra extraordinária e duradoura.
Vibrantes aplausos.
E também ficará registado, certamente, que a Nação, ao cumprir esse dever, mostrou dignidade cívica o patriotismo.
Será a verdade: viemos hoje aqui para honrar a pessoa ilustre do Dr. António de Oliveira Salazar, Presidente do Conselho de Ministros, e dizer-lhe quanto é grande o nosso reconhecimento e alta a nossa admiração pelos serviços prestados a Portugal em vinte o cinco anos de Governo. Grandes aplausos.
Não vou alongar-me a descrever o seu trabalho, a evocar a grandeza do seu sacrifício. Apenas breves palavras para recordar.
Com a entrada do Prof. Salazar para o Ministério das Finanças, em 1928, em pouco tempo se modificou o panorama financeiro do País, pela imposição de regras administrativas, de que resultou a saudável posição das contas públicas, base sólida em que assenta toda a obra de reconstrução nacional.
O prodígio das «boas coutas» realizou-se e de tal forma o processo foi seguro que ainda hoje, passados tantos anos que deixou a pasta das Finanças, o sistema se mantém com inalterável rigor.
Bom confirmadas ficaram, então, as suas qualidades de administrador e financeiro da mais alta competência e saber.
Grandes aplausos.
Vem a guerra de Espanha e mais além ainda a segunda guerra mundial, em que o Presidente Salazar, através de dificuldades sem número, fixa com tal acerto e coragem a posição do País perante aqueles conflitos, que as vantagens dela resultantes ultrapassaram o exclusivo âmbito das conveniências nacionais.
Grandes aplausos.