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235 16 DE DEZEMBRO DE 1954

aviso prévio e à coragem com que V. Ex.a assume sempre as suas responsabilidades.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Sr. Urgel Horta:-Sr. Presidente: era tenção minha abordar a questão referente à nossa crise vitivinícola logo após a intervenção do nosso ilustre colega Sr. Melo Machado, alto valor de primoroso destaque nesta Assembleia, focando algumas das suas opiniões, sempre expendidas com sinceridade e firmeza, em favor da nossa economia. .

Vozes': - Muito bem !

O Orador:-Mas o facto de o Sr. Deputado Paulo Cancella de Abreu haver anunciado o seu aviso prévio acerca de tão magna questão modificou os meus intentos.

Sabia, porém, por informações que me haviam sido dadas, que dentro em pouco seriam tomadas certas medidas julgadas necessárias e muito oportunas para a solução de determinadas, dificuldades.

Hoje, ao abrir os jornais da manhã, vi com surpresa e satisfação que uma comissão constituída por altas individualidades que ao estudo das questões agrárias tom , dedicado a sua actividade - agrónomos distintíssimos - havia sido encarregada de estudar todas as questões relacionadas com o plantio da vinha e avaliar do reflexo que este possa ter nas perturbações verificadas no comércio dos vinhos.
Embora julgue a medida tomada do mais alto alcance, sei também que esses estudos são longos e demorados e que podem dar motivo a protelai* medidas que estavam projectadas e que se impõem, para solução de certos problemas da nossa economia vitivinícola. Há urgência para problemas de momento, cuja oportunidade se perde e porque daí podem resultar prejuízos económicos de certa monta.

As minhas curtas palavras destinam-se apenas a chamar a atenção do Sr. Ministro da Economia, para se evitar que os trabalhos que a comissão nomeada vai iniciar possam fazer esquecer os problemas de agora, protelando-os, originando este facto irreparáveis prejuízos, que é preciso evitar.

Era apenas isto o que pretendia dizer.

Tenho dito.

Vozes: - Muito bem, muito bem ! ' O orador foi muito cumprimentado.

O Sr. Daniel Barbosa: - Sr. Presidente: é a primeira vez que nesta sessão legislativa tenho a honra de usar da palavra. Nestas circunstâncias, não quero, deixar passar o momento sem apresentar a Y. Ex. as minhas rendidos homenagens e felicitações que a mim, como Deputado, cabem por ter tido a sorte de ter na Presidência desta Assembleia Nacional uma pessoa como V. Ex., que merece de todos nós a maior consideração e respeito pela maneira brilhante como a dirige.

Vozes:- Muito bem!

O Orador: - Sr. Presidente: mercê das circunstâncias actuais, que o futuro longe de atenuar reforçará ainda, os engenheiros de todas as especialidades são cada vez mais chamados a colaborar intensamente em actividades diversas do maior interesse para as nações.
Temos de reconhecer, na verdade, que a ciência, nas ' suas aplicações práticas, a definir uma- técnica,- trouxe para diferentes países novas possibilidades, que profundamente alteraram as posições relativas que há muito vinham - marcando dentro da economia mundial; e,assim, muitas nações, muitos povos, viram surgir-lhes inesperados horizontes de riqueza que, ontem, nem sonhariam, decerto, pela dura realidade em que viviam, e a qual lhes permitia unicamente dependência, parcimónia e pouco mais.
Dentro, portanto, das profundas alterações ocasionadas na geoeconoraia mundial, muitos países viram comprometida a posição dominante que até então usufruíam, como outros inesperadamente se encontraram perante novas fontes de vida, de riqueza e de domínio, que nitidamente melhoraram a sua posição relativa no concerto das nações.
Portugal foi um país francamente favorecido pelas possibilidades que a técnica actual lhe trouxe, de tal modo que, onde ontem haveria que aplicar todo o engenho para tirar parco proveito das características tão pobres da nossa economia modesta, há hoje que ter a consciência, sobretudo, de saber avaliar da enorme potencialidade de riqueza que por todo o nosso território tão vasto se oferece largamente aos portugueses que a queiram, como é evidente, aproveitar.

Vozes:- Muito bem !

O Orador: - Já se têm percorrido um bom caminho, mas é tão grande ainda aquele que nos falta percorrer que se chega u duvidar se o passo com que o estamos percorrendo não se apresenta lento em demasia para a maior rapidez com que se impunha seguir; estamos longe, muito longe, na verdade, de tirar todo o proveito que o desenvolvimento actual da técnica prodigamente oferece u solução dos nossos problemas principais, e que oferece, não sob a visão perigosa duma tecnocracia condenável, mas sim dentro dum critério equilibrado em que o sentido económico das questões que se põem e se resolvem define precisamente a extensão e a qualidade das soluções que a técnica lhes oferece.
São velhos vícios que fortemente nos amarrara, lugares comuns de insuficiência e de pobreza que não pudemos até agora destroçar, receios incompreensíveis das alterações consequentes, ou, mesmo, desconfiança ou descrença nas actuais possibilidades, que se opõem ainda mais tenazmente a pôr inteiramente, no interesse de nós todos, a técnica e a ciência de hoje ao serviço do povo português.
(Havemos de lá chegar, e podemos fundamentar a nossa esperança, na lição indiscutível que País vem proveitosamente colhendo da aplicação judiciosa duma técnica moderna e eficiente nos campos mais delicados e vastos da economia nacional; por isso mesmo, quero crer que o País necessita cada vez mais de engenheiros e que pelo ritmo da sua utilização conscienciosa se há-de vir a poder avaliar, em grande parte, do ritmo do progresso português.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Ora, Sr. Presidente, no momento em que todos, nós sentimos haver uma necessidade imperiosa de impulsionar os trabalhos de fomento, de estender e melhorar as nossas comunicações, de modernizar e ampliar a nossa indústria, de contribuir por todos os meios disponíveis para elevar a melhor nível a vida da nossa gente, quando sentimos que há trabalhos cuja demora em estudar ou realizar não será de forma alguma compatível com o interesse nacional, vemos com mágoa e surpresa que na classe de engenharia se mantém um certo grau de desemprego, o qual se não poderia aceitar simplesmente pelo facto de integrar um fenómeno mais complexo e mais vasto, a afirmar-se numa generalização inevitável a muitas outras classes ou misteres.