O texto apresentado é obtido de forma automática, não levando em conta elementos gráficos e podendo conter erros. Se encontrar algum erro, por favor informe os serviços através da página de contactos.
Não foi possivel carregar a página pretendida. Reportar Erro

29 DE JANEIRO DE 1955 445

Através do nosso país já se luta há muito e com alguns bons resultados, mas ainda muito pequenos em relação às necessidades, debaixo dos planos e direcção de um pequeno estado-maior que se acoberta com a bandeira de S. Vicente de Paulo. São geralmente pobres que trabalham a favor de outros mais pobres ainda, nessa cristianíssima organização que se agrupa com o nome de Conferências Vicentinas, e que só podem ser bem apreciadas por quem bem as conhecer.

Vozes: - Muito bem !

O Orador:-Não admira muito o seu desconhecimento, porque trabalha anonimamente, pedindo e distribuindo também anonimamente. Encontro-as muitas vezes no meu caminho profissional, e daí a minha admiração e o meu respeito por todos os que nela exercem esse admirável apostolado.
Não posso nem quero deixar passar esta oportunidade de saudar os que dedicam a sua vida a trilhar os caminhos traçados e abertos por esse Santo Vicente de Paulo, e saúdo-os a todos na pessoa de um colega nosso que, apesar de chefe de numerosa prole, dedica todas as horas desocupadas dos seus deveres profissionais à sublime missão que lhe é imposta pela sua qualidade de vicentino, e, como não sou vicentino matriculado, posso revelar o seu nome: é o nosso colega Sr. Dr. Elísio Pimenta.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Orador:-Sr. Presidente: os vicentinos de Droga resolveram trabalhar sem descanso na construção e arranjo de lares para oferecer aos pobres, seguindo a orientação desse apóstolo do bem e dos nossas dias querido e conhecido de todos pelo simples nome de Padre Américo, e nessa terra pobre e cheia de pobres construíram já algumas dezenas de casas com auxílios de várias proveniências, onde hoje habitam outras tantas famílias com a relativa felicidade que a oferta lhes proporcionou.
Os vicentinos de Braga conhecem melhor que ninguém as precárias condições económicas da região e da cidade, com a sua microscópica agricultura, o aumento constante da sua população, o seu pequeno comércio e as suas pequenas indústrias, pois as grandes e tradicionais estão falidas e já delas me ocupei aqui várias vezes com medíocres resultados. As minhas pobres palavras não tiveram eco nos sectores encarregados do estudo e resolução desses problemas, ou por deficiência da minha exposição ou falta de tempo para estudar e resolver esses problemas considerados pequenos em face dos grandes em execução ou para executar ainda.
Sr. Presidente: vou terminar esta pequena intervenção por expor o principal motivo que a ditou. Temos na nossa frente dezasseis meses até à data que devemos comemorar, tempo mais que suficiente para se poder realizar o que se pretende e que, sendo bem pouco materialmente, é muito grande na sua representação. Peço ao Governo para, por intermédio das Conferências Vicentinas, mandar construir nas quatro cidades da província do Minho trinta casas em cada uma, para oferecer aos seus pobres no dia 28 de Maio de 1956 e que constituirão pequenos bairros, no meio dos quais singelas inscrições assinalarão o seu alto significado.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Orador: - Levar-se-á, assim, relativa felicidade a cento e vinte famílias e se, como dizem os doutores da Igreja, as preces dos humildes chegam mais depressa A Deus, estou certo que Portugal continuará, através dos séculos, a sua gloriosa história sempre à sombra das quinas e dos castelos da sua bandeira. Tenho dito.

Vozes: - Muito buiu, muito bem!

O orador foi muito cumprimentado.

O Sr. Borges do Canto: - Sr. Presidente: cabe-me, antes de mais nada, apresentar a V. Ex.ª os meus respeitosos cumprimentos e reafirmar-lhe a minha subida admiração pelos altos méritos que investiram V. Ex.ª nas funções desse cargo, que tão dignamente desempenha. As minhas homenagens a V. Ex.ª, portanto, Sr. Presidente.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Desejando assinalar um facto que em breve se dará na ilha Terceira, que faz parte do distrito que tenho a honra de representar nesta Assembleia, reportar-me-ei a umas considerações que; fiz no começo da passada legislatura, nas quais expus e pedi ao Governo, em especial ao digno Ministro das Obras Públicas, a sua atenção e o seu interesse por algumas necessidades instantes daquela ilha e de todo o distrito, cuja satisfação iria compensar o sacrifício de tantas gerações empenhadas no povoamento e desenvolvimento daquelas terras e premiar a devoção do amor pátrio daquelas populações, tantas vezes ultrajadas com a desconfiança naquele seu nobre sentimento.
Referi então, em primeiro lugar, aquela velha e secular aspiração dos Terceirenses, que era, e é, a construção do seu porto de abrigo, como base do seu progresso e como garantia indispensável das suas comunicações com o exterior.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Vagueávamos então ainda um pouco pelo reino dos sonhos, das utopias, mas inegavelmente fôramos alentados, e quase víramos a realidade na nossa frente, por aquele decreto de Outubro de 1944, que, estabelecendo a 2.ª fase do plano portuário, lá incluía o porto de Angra do Heroísmo, com uma dotação apreciável para começo. Não quero deixar de lembrar neste momento que era então Ministro da referida pasta o Sr. Engenheiro Augusto Cancella de Abreu, a quem quero protestar o grande reconhecimento dos Terceirenses, mesmo só pela esperança que lhes deu de verem realizada a sua velha aspiração.
Bem haja!

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Entretanto, a ilusão desfez-se, e;, apesar dos estudos feitos, das experiências em laboratório estrangeiro, visto que então nos faltava o modelar Laboratório de Engenharia Civil, que ao presente serve os trabalhos nacionais, não pôde o projecto executado receber o beneplácito do supremo conselho.
O porto de Angra do Heroísmo teve de voltar à simples e já agora permanente categoria de velha aspiração.
Mas naquela minha intervenção referi-me também a uma outra obra, em estudo desde 1945. ordenado pelo então Subsecretário de Estado das Obras Públicas, Sr. Engenheiro José Frederico Ulrich, quando da sua primeira visita aos Açores, qual era o aproveitamento de certas águas existentes para a produção de energia eléctrica, obra essa que viria a trazer à ilha Terceira grandes benefícios de ordem económica, visto que a (...)