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1042 DIÁRIO DAS SESSÕES N.º 100

O Sr. Marques Teixeira: - Sr. Presidente: pedi a V. Ex.ª o uso da palavra, por forma emergente, a fim de corroborar, também como Deputado que me honro de ser pelo círculo de Viseu, o que acaba de ser expresso polo nosso estimado colega Sr. Dr. Luís de Azevedo Pereira.

Na verdade. Sr. Presidente, particularmente a parte norte do distrito de Viseu tem estado deficientemente, direi mesmo muito mal servida de vias de comunicação. É de inteira justiça que tão lamentável situação continue a ser modificada, de modo ininterrupto e intensivo, porquanto custa a compreender que uma tão vasta região, povoada por tantos e esforçados portugueses da melhor fibra nacionalista e têmpera patriótica, não esteja convenientemente servida por rodovias que lhe fomentem ou, ao menos, acresçam o progresso, criando-lhe fontes de maior riqueza e facultando àquela boa e laboriosa gente do meu distrito condições inteiramente justas, porque lhe são devidas, de comodidade, conforto e bem-estar.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Quando em Março de 1954 tomei parte na discussão da proposta de lei -mais uma notável proposta de lei - contendo um novo e substancial plano de financiamento da Junta Autónoma do Estradas para um período de quinze anos, num total de 6 milhões de contos, logo um vivo clarão de esperanças brilhou no meu espírito, porque pude pensar que oportunamente, viria a ser quebrado o isolamento em que muitas povoações se encontravam e ainda encontram e, por outro lado, se iria progressivamente acudindo à premente necessidade de conservação, correcção e, sobretudo, perfeita pavimentação de muitas estradas. E acentuei que a efectivação de trabalhos dessa natureza era de manifesta indispensabilidade para alguns distritos do País, mencionando expressamente o de Viseu.
E porque não queremos pormenorizar, descendo à minuciosa enunciação de grandes vias rodoviárias que de tais cuidados urgentemente carecem, cita-se, a mero título exemplificativo, a estrada nacional n.º 228-2.ª, que, ligando S. Pedro do Sul a Castro Daire, segue mais adiante e se prolonga através da vetusta e histórica cidade de Lamego.
Pois, Sr. Presidente, renovando o meu fundamentado e veemente apelo ao Governo, confio abertamente na ânsia incontida de servir o bem comum e na apurada visão do estadista ilustre que é o Sr. Ministro das Obras Públicas, credor de gratidão do País e já tão querido- merecidamente querido!- de Viseu, alentando-me com a ideia de que a Junta Autónoma de Estradas- serviço público modelar do organizarão e de actuação, a que gostosamente rendo as aninhas homenagens- não afrouxará no desdobramento da sua comprovada capacidade realizadora. Tenho dito.

Vozes: - Muito bem, muito bem ! O orador foi muito cumprimentado.

O Sr. Augusto Simões: - Sr. Presidenta e Srs. Deputados: como é do conhecimento de VV. Ex.as. está o Orfeão Académico de Coimbra a comemorar, na linda e sempre rejuvenescida cidade do Mondego, as suas bodas de diamante, e as justas razões por que tão jubilosamente as celebra valem também para que nesta Câmara se reconheça ao acontecimento a importância de que se reveste e o seu alto significado nacional.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Efectivamente, para além de ser um muito notável agrupamento artístico, em que, ao longo dos anos -e já conta setenta e cinco!- se tem caldeado as vozes de tantos e tantos jovens provindos das mais variadas parcelas da terra portuguesa, criando momentos da mais alta espiritualidade, o que já é pergaminho de excepcional valia, o Orfeão Académico de: Coimbra poda ainda orgulhar-se duma brilhante folha de serviços galhardamente prestados à Nação, quer representando-a e valorizando-a no estrangeiro com o mais destacado prestígio, quer acorrendo sempre carinhosamente a conceder o seu desinteressado contributo nas obras sublimes da solidariedade perante o sofrimento.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Fundado em 1880, aquando das celebrações com que a sempre generosa Academia de Coimbra marcou o tricentenário de Caimões, pelo então escolar de leis João Marcelino Arroio, moço de irradiante inteligência que tanto se projectou nesta Câmara, quando mais tarde, já ,na plena pujança da sua vida pública, enfileirou entre os maiores oradores desta Casa, o Orfeão Académico de Coimbra tem podido contar, ao longo da sua existência, toda esmaltada dos mais brilhantes sucessos, com o carinho e devoção duma larga plêiade de destacadas figuras da vida portuguesa, que sentem a ufania de poderem ter contribuído para os seus incontáveis triunfos.

Sr. Presidente: setenta e cinco anos vividos a difundir nas melodias magníficas da sua polifonia, não só as melhores expressões dos cantares da nossa terra, como ainda os grandes poemas líricos que o Mundo celebrizou, interpretando-os com perfeição e devoção inexcedíveis, quer perante os grandes auditórios do Brasil, da Espanha, da França e da África do Sul, quer ainda através de todo o território nacional, que tão carinhosamente o tem escutado, conferem ao Orfeão Académico de Coimbra o direito a um reconhecimento do seu muito valor, que não poderia negar-se-lhe quando precisamente comemora tão auspiciosa existência.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Orador: - Assim o entendeu o Governo da Nação ao conferir-lhe agora, e para juntar àqueles que já anteriormente lhe havia tributado, o grande-oficialato da Ordem de Benemerência - um novo galardão que ficará a demonstrar o alto apreço em que são tidos os reais méritos deste organismo da Academia de Coimbra, que, um dia, perante o túmulo rio Soldado Desconhecido, guardado pela majestade do Arco do Triunfo da Cidade da Luz, ante o comovido respeito das gentes dessa França sempre ilustre, entoou os empolgantes acordes da Portuguesa.

Sr. Presidente: pelo seu elevado nível artístico pelo seu demonstrado e desinteressado carinho pelos que sofrem, por quanto tem feito em representação da nossa pátria, cimentando amizades e concitando consideração e deferência pela terra lusíada, pelo seu prolongado labor em tornar Portugal conhecido dos próprios portugueses e pelo que representa, enfim, de séria manifestação de cultura e de civismo, bem merece de todos nós uma palavra de sincero aplauso e um voto de crescente, prosperidade o pundonoroso Orfeão Académico de Coimbra, quando -eternamente jovem !- comemora setenta e cinco anos de uma vida sempre dedicada ao serviço do bem.
Tenho dito.

Vozes: - Muito bem, muito bem!
O orador foi muito cumprimentado.