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26 DE NOVEMBRO DE 1958 56-(81)

ocupam na vida agrícola guineense um destacado primeiro plano.
De facto, de harmonia com um recenseamento agrícola efectuado em l953, o arroz ocupava 26 por cento das terras cultivadas e a mancarra 22 por cento.
A cultura da mancarra é feita em regime de rotação, cujo período oscila entre três e sete anos.
À geral observância desta prática impede que a expansão desta cultura constitua na Guiné Portuguesa, como sucede nas terras vizinhas, fonte de agudos problemas de revalorização do meio natural, esgotado pela cultura intensiva de uma planta tão exigente como esta.
Todavia, não são poucas as deficiências da técnica agrícola posta em prática pelo indígena guineense: os trabalhos de preparação do solo limitam-se a limpeza do terreno e ao corte das árvores, que, quando muito grandes, são de preferência queimadas; o terreno é lavrado por uns com um arado típico e por outros com uma enxada de cabo curto, sendo o solo armado em camalhão para a sementeira e os amanhos culturais feitos por mondas e sachas. No fim do ano procede-se então ao arranque e separação das vagens do caule.
O comércio da mancarra tem duas fases distintas: a primeira decorre antes da abertura oficial da campanha, em que o comércio faz empréstimos ao indígena por couta da colheita; a segunda é constituída pelos actos praticados depois da sua abertura e em que se efectua a comercialização do produto.
Com a publicação, no Boletim Oficial da abertura da campanha, tem que normalmente são fixados os preços de compra ao produtor indígena, dá-se início ao maior acontecimento da vida económica da província.
Os centros comerciais, até então semiadormecidos, animam-se extraordinariamente com a presença dos vendedores que vêm oferecer o seu pequeno lote de mancarra ; das tabancas deslocam-se diariamente grandes ranchos de indígenas, que, com o cesto à cabeça, vão vender os quilos de amendoim equivalentes às necessidades do momento que passa. Quando a distância é maior, vêm em burros, que são acompanhados, em ar festivo, pêlos agricultores e respectivas famílias.
Nos centros mais importantes do interior da província encontram-se estabelecidos e exercem as mesmas actividades pequenos e grandes comerciantes. E normal até, ao que consta, e apesar de em muitos casos os primeiros serem financiados pelos segundos, haver rija disputa entre ambos, quer na compra de produtos, quer na venda de mercadorias. Os preços que praticam são uniformes no que respeita à compra de produtos, mas quase sempre diferentes nas vendas a retalho, sendo muitas vezes mais baixos os dos pequenos comerciantes, o que, até certo ponto, se explica, dada a sua modesta organização. E desta situação beneficia o indígena, que se deixa conquistar pelas simpatias de uns e de outros, sempre a troco desta ou daquela pequena oferta, quando os preços não são razão bastante para determinar a sua escolha.
A mancarra assim adquirida .durante a campanha é amontoada em cercados; e assim permanece até ser transportada em camiões ou lanchas para os centros de exportação directa (Bissau, Belama, etc.) ou para os centros de exportação por escala, que, por sua vez, a remetem aos primeiros.
Nos centros de exportação por escala ou directa, a mancarra, já na posse dos exportadores, é guardada em celeiros ou cercas até seguir o seu destino.
Muito embora o contingente de exportação da mancarra para a metrópole em 1957 tenha sido fixado, na devida altura, apenas em 22 000 t, foi para cá que seguiu, afinal, toda a produção (43 000 t), em virtude de a mancarra guineense não ter colocação nos mercados estrangeiros.
E não surpreende que assim tenha de continuar a ser enquanto o produto não melhorar de qualidade, o que, ao que consta, só será possível quando se cuidar atentamente de vários problemas, entre os quais, no dizer dos próprios técnicos, se destacam os seguintes cinco:

a) Conclusão dos estudos sobre doenças e pragas da mancarra.;
b) Assistência técnica mais eficiente ao indígena durante a cultura;
c) Disciplina no seu comércio;
d) Conveniente armazenamento do produto;
e) Obtenção de boa semente.

Vejamos agora o que se passa com a cultura do arroz, produto básico da alimentação indígena guineense.
A produção deste cereal só nos últimos anos conheceu um sensível incremento. Com base em estudos recentes, efectuados por meio de fotogrametria, mediram-se as áreas produtoras de arroz de regadio na Guiné Portuguesa e verificou-se que estas alcançaram quase 80 000 ha.
As lavras para o arroz são feitas nos solos marginais lodosos, cobertos de mangai espesso, muitas vezes quase impenetráveis, que exigem custosos e prolongados trabalhos. O desbravamento do solo é feito durante o cacimbo; o arvoredo ou é cortado, arrancado e queimado ou simplesmente monto, para permitir os trabalhos de lavoura. Procede-se depois ao parcelamento do terreno por meio de diques estabelecendo a apropriação individual, por parte de cada indígena, dos terrenos que vai cultivar.
Em regra, o terreno não é plantado no primeiro ano. No segundo ano, o terreno, defendido, desbravado e assim dividido é preparado com auxílio do arado, que reviva as terras.
Normalmente, a plantação faz-se em camalhões. Nos solos já trabalhados, as lavras anuais são praticadas dividindo os camalhões em duas partes, de tal modo que permite transformar os regos em camalhões e vice-versa.
Finda a sementeira, há necessidade, daí em diante, de manter nos campos plantados um certo volume de água que satisfaça as exigências da vegetação e fiscalizar o funcionamento das bombas automáticas, que impedem a admissão das águas do mar e evitam a excessiva acumulação das águas pluviais nas terras cultivadas.
A operação da colheita do arroz é iniciada em Dezembro, princípio da quadra seca, faina que geralmente se prolonga por todo o mês de Janeiro.
A palmeira-do-azeite, donde se extrai o coconote e o óleo de palma, abunda na zona litoral e cobre uma área de 90 000 ha, conforme cálculos recentes baseados na fotogrametria.
Como se sabe, a palmeira é espontânea, embora o homem tenha exercido grande acção na sua preservação e disseminação, estando, porém, na actualidade, o crescente alargamento das culturas itinerantes, devido à procura de matérias-primas, a provocar certo desbaste nos palmares de algumas zonas.
O indígena, por processos seus já bem conhecidos, faz a apanha e a britagem do fruto e fabrica óleo de palma - o que se traduz numa quebra considerável a quantidade e qualidade dos produtos obtidos e no relativo desinteresse da sua aquisição pêlos mercados estrangeiros.
Todavia, o coconote ocupa, como já atrás se viu, quer em quantidade, quer em valor, o segundo lugar nas exportações da província, enquanto de óleo de palma se fazem restritas exportações, mas largo consumo interno.