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6 DE MARÇO DE 1959 290-(55)

Balança de pagamentos

39. Já se viu que a balança de pagamentos acusa o saldo negativo de 180 000 contos - o primeiro desde 1949.
As causas do déficit filiam-se no considerável aumento nas importações, que não foi acompanhado por idêntico surto nas exportações. Assim é que, a despeito de saldo positivo apreciável no ultramar, o déficit das transacções correntes da área do escudo atingiu 3 708 000 contos.
Os invisíveis contribuíram com 2 821 000 contos para neutralizar o déficit, bastante mais do que o ano passado (+ 1 985 000 contos), porque uma parcela do que anteriormente se incluía em erros e omissões foi lançada na conta de invisíveis.
As operações de capital produziram o saldo positivo de cerca de 687 000 contos.
A principal causa do desequilíbrio da balança de pagamentos está, pois, no grande desequilíbrio das transacções correntes na metrópole.
Os números são os que seguem:

Transacções correntes:

Mercadorias:

Milhares de contos

Metrópole ........................ - 5 099
Ultramar ......................... + l 391
- 3 708
A transportar ............................ - 3 708

Transporte ............................... - 3 708

Invisíveis:

Transportes ................................ - 351
Turismo .................................... + 400
Rendimento de capitais ..................... + 87
Migrantes, donativos, legados e pensões .... + l 401
Diversos ................................... + l 284
+ 2 821
Saldo das transacções correntes ..................... - 887
Operações de capital ................................ + 682
Erros e omissões .................................... + 25

Saldo geral da balança .............................. - 180

As duas verbas de invisíveis mais salientes são as receitas de migrantes e outras afins, a do turismo, que parece atingir já 400 000 contos, e algumas incluídas em diversos, que englobam importantes rendimentos em moeda estrangeira dos portos e caminhos de ferro ultramarinos, principalmente os da Beira, Lourenço Marques e Limpopo, em Moçambique, e de Benguela, em Angola.
As condições financeiras durante o ano ressaltam melhor da análise dos números que seguem:

(Ver Tabela na Imagem)

O índice de preços por grosso subiu bastante nos três últimos anos, pois passou de 284,6 em 1955 para 302,4 em 1957. No mesmo espaço de tempo a circulação fiduciária e moeda metálica em poder do público e os depósitos à ordem elevaram-se de cerca de 996 000 contos e 3 000 000 contos, respectivamente. Mas os depósitos do banco emissor não acompanharam a ascensão de anos anteriores. Foram até menores do que em 1956.

As contas

40. Em 31 de Dezembro de 1957 o crédito concedido pela Caixa, excluídos os investimentos em títulos do Estado, subia a 7 032 701 contos, números redondos. Representava mais 578 228 contos do que em igual dia do ano anterior. O crédito refere-se aos serviços privativos e Caixa Nacional de Crédito, que é uma instituição anexa à Caixa Geral de Depósitos, Crédito e Previdência.
As operações com entidades públicas, incluídos o Estado, corpos administrativos e outras, subiram a 2 137 475 contos; as ligadas directamente ao fomento da produção somaram 3 083 376 contos, e ainda outras relacionadas com o problema da habitação, o crédito hipotecário e diversas atingiram l 811 847 contos.
Um exame das cifras dos dois últimos anos mostra que o aumento mais pronunciado se deu nas operações da fomento da produção, que somaram mais 219 000 contos, e nas operações de crédito hipotecário e diversas, com mais 309 500 contos. Destas últimas fazem parte numerosas operações também relacionadas com a produção. O desenvolvimento do crédito levou ao aumento de resultados, que totalizaram 294 279 contos. A participação do Estado nos lucros da Caixa elevou-se para 48 326 contos, depois de feitas amortizações no fundo de aquisição e construção de imóveis (36 000 contos), e de aquisição e renovação de material (5000 contos), além do que coube, ao fundo de previsão (13 800 contos), ao fundo de flutuação de títulos (12 003 contos) e ao fundo de reserva (12 081 contos).
Os lucros da Caixa, apesar das somas levadas a fundos de amortização, são os mais altos atingidos até hoje, apesar das baixas taxas de juro.