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29 DE ABRIL DE 1959 623

O Orador: - De então para cá, quanto caminho percorrido a bem desta Pátria remoçada!
Não poderá a mocidade, para quem só verdadeiramente interessa o que falta fazer, acreditar no que nós vimos e vivemos. Só os que tivemos a fortuna de ser integrais contemporâneos desta obra lhe podemos conhecer a exacta medida.
É verdade que os cegos continuam cegos e que também outros se deixaram cegar, confundidos por desmedidas ambições que não puderam satisfazer ou por vãs glórias que não souberam alcançar.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Orador: - Nada a fazer.
Há que tomar as contradições e os desvios da alma humana no seu verdadeiro sentido psicopático.
Haverá erros, imperfeições?
São os generais que conduzem as batalhas, mas são os soldados que as executam.
Entre eles, na voragem da luta, há os que arrancam para o inimigo a peito descoberto, os que se expõem apenas o preciso, os que só avançam quando outros à sua frente lhes garantem a segurança. E há também os que buscam na retaguarda os mil pretextos para lhe fugirem e conseguem aparecer, passado o perigo, de peitos constelados ...

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - A massa humana mais disciplinada é sempre um amálgama destas reacções, mas é com ela, tal como realmente é, que as vitórias tom de ser conquistadas.
Nesta batalha pela ressurreição da Pátria é bem certo que, seguindo a mesma lei, houve e há os que só quiseram dar-se e servir, os que serviram sem se dar, os que aparentaram dar-se e só procuraram servir-se.

Vozes: - Muito bem!

O Orador:-Não que se pactue de igual para igual com todos eles, como se a alguém ou a algum regime pudesse ser frutuoso cultivar na seara as ervas daninhas.
Mas o Chefe que a concebeu e fez dela a única razão de viver, que sabiamente a guiou através das maiores convulsões e dos mais graves perigos, que devotadamente continua a servi-la e a tem ganha nas suas mãos de incansável e impoluto condutor, situou-se tão alto no conceito da grei que não há pedra lançada que o consiga atingir nem blasfémia que empalideça a glória que alcançou.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Orador: - Sei que a vida não pode parar na contemplação da obra realizada e que o próprio progresso e, por si só, fonte de novas necessidades e renovados anseios.
E sei também que a mocidade é exigente e apressada. O mundo de realizações que hoje lhe podemos oferecer ninguém o acreditaria como possível três dezenas de anos atrás. A sua antevisão ter-nos-ia deixado extasiados!
E, no entanto, há sempre um novo mundo à nossa frente que continuará a exigir esforço e sacrifício, dedicação e coragem, trabalhos e canseiras, mundo que quem desponta para a vida sente que é a si que compete erguê-lo e pensa que se o não encontra já totalmente realizado o deve atribuir à incúria e à falta de visão daqueles que o precederam.
Se a mocidade não fosse assim, plena de vigor e de generosidade, mas também irreverente e ansiosa, não era mocidade. Porém, se se confundisse a ponto de julgar que poderá prescindir do que com tanto esforço lhe conseguiremos legar, perdidos o sentido das limitações com que lutamos e o real cômputo das possibilidades que pudemos reunir e lhe oferecemos - e é tanto e tanto mais do que aquilo que recebemos! -, colocar-se-ia num plano demasiado perigoso para que não nos assaltassem as maiores preocupações sobre um futuro que todos, tão fervorosamente, desejamos ainda melhor do que o presente.
Um inimigo invisível, lançando mão dos mais baixos processos, procura hoje perturbar sistematicamente a paz portuguesa tão laboriosamente conquistada, tentando pelos mais insidiosos meios fazer nascer a dúvida nos espíritos - quando não consiga desviá-los definitivamente do campo nacional.
A manobra é hábil, porque atravessamos neste próprio momento um período de crucial importância, onde a salvaguarda do que é nosso por esse mundo fora, do que nos foi legado e temos de transmitir intacto aos vindouros, exige mais do que nunca na ordem interna essa tranquilidade e segurança que nos pretendem roubar, para nos podermos lançar com a maior determinação no cumprimento da missão que recebemos da história.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Orador:-É essencialmente à gente nova que. incumbe tão patriótica tarefa, mas para isso é necessário que lhe saibamos fazer compreender as nossas apreensões e comunicar o nosso entusiasmo de servir, solicitando-a a seguir-nos nesta nova cruzada e preservando-a de inglórios combates contra moinhos de vento que a dividam e incapacitem para o verdadeiro esforço que a Nação dela espera.
Que exemplo extraordinário de sacrifício integral de si próprio e de fé nos destinos da Pátria temos para lhe oferecer!

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Orador:-Sr. Presidente: depois de mais um ano, um outro ano começa.
Para quem sentia dentro de si, no coração o amor intenso e a necessidade de uma dedicação sem limites ao seu pais, na inteligência a fórmula e o método a aplicar para o tornar de novo digno e respeitado, o destino não se teria realizado se não lhe tivesse proporcionado oferecer-se, em dádiva total, à Pátria, que tudo merece e - tudo tem o direito de exigir. Vejo-o de estatura tão elevada ao lado da mediania dos mortais que, apesar de saber quanto a vida lhe tem sido dura e pesada, acredito que esteja grato à Providência.
E nós, a quem soube restituir o orgulho de sermos portugueses, que lhe devemos uma alma nova e um infinito de realizações, algumas das mais belas e viris páginas que a nossa história contém, a firmeza desta sólida base de partida para a conquista do futuro, como lhe devemos mostrar a nossa gratidão que não seja afirmando-lhe a mais inteira confiança?
Tenho dito.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O orador foi muito cumprimentado.

O Sr. Lopes de Almeida: - Sr. Presidente: aqui estou, sem precisar de justificação para usar da palavra nesta hora tão solene e para mim tão grata. Km verdade solene, porque aos olhos despertos e aos corações confiados os dias presentes revestem-se de tal magnitude