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736 DIÁRIO DAS SESSÕES N.º 108

disse que ela necessita de um edifício condigno, de laboratórios devidamente apetrechados, de pessoal decente e coadjuvante em número suficiente, de médicos especialistas. Só assim a nossa Escola Médica poderá, revendo com orgulho e desvanecimento o seu glorioso passado, corresponder às exigências do presente.
Na sua resposta o Sr. Governador-Geral declarou que o assunto da construção do edifício para o hospital merecera a sua atenção mesmo em Lisboa e que os 14 000 contos do Plano de Fomento e mais a ajuda prometida pelo Ministério do Ultramar e outra entidade dariam a cifra necessária para a construção do futuro hospital, que será uma obra de grande envergadura.
Outra obra de vulto que vai merecer a atenção do Governo é a construção de pontes, designadamente sobre o rio Mandovi e sobre o rio Zuari. Torna-se dia a dia mais imperiosa a construção dessas duas pontes. A primeira ligará o concelho de Bardez ao de Goa e a segunda o concelho de Goa aos de Salsete e Mormugão.
Presentemente a travessia é feita por lanchas e por ferry-boats. E um serviço que está longe de corresponder ao movimento sempre crescente de passageiros e de carros.
Com outra ponte, esta sobre o rio Chaporá, ficará assegurada a continuidade da grande estrada costeira que se estenderá de Peruem a Polém, isto é, de um ao outro extremo de Goa.
Como se vê, o plano está estruturado na base das mais prementes necessidades do Estado da índia. É arrojado? É. E tinha de o ser, precisamente porque pouco ou nada se fez durante longos anos. Pretende-se agora remir um passado de indiferença, de apatia e de inércia em que nos cristalizámos.
A grandiosidade do plano contrasta com a escassez doa nossos recursos financeiros. A estimativa da despesa a fazer para a execução dos trabalhos no primeiro quadriénio atinge a elevada soma de 439 014 contos, ou seja uma média anual de 110000 contos. Seria inútil dizer que o Tesouro do Estado da Índia não pode suportar um tão pesado encargo, que é muito superior às suas disponibilidades.
Conta-se, porém, com uma ajuda substancial do Ministério do Ultramar e- do Ministério da Defesa, o qual decerto, contribuirá para as obras que se relacionam com a defesa do Estado da índia. Além disso, não é muito esperar que outras entidades interessadas na realização do plano avultando entre estas as câmaras municipais, os organismos autónomos, como a Junta de Importações e Exportações e a Provedoria da Assistência. Pública, os concessionários de obras a realizar em redime de concessão-, não é muito esperar, dizia eu, que essas entidades, numa elevada compreensão do objectivo que se pretende atingir, colaborem para as obras de tão larga projecção.
Convenço-me de que neste momento interpreto os desejos dos povos do Estado da Índia permitindo-me dirigir um veemente apelo ao Sr. Ministro do Ultramar e ao Sr. Ministro da Defesa para acolherem com carinho e benevolência o plano ao qual me venho referido.
Praza a Deus que a magnífica perspectiva que se desenrola aos nossos olhos se transforme numa realidade.
Se não, ao autor do plano ficará a satisfação de ter cumprido o seu dever, fazendo o que estava ao seu alcance em prol do Estado da índia, e a este mais uma amarga desilusão a juntar-se a tantas outras.
Tenho dito.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O orador foi muito cumprimentado.

O Sr. Saraiva de Aguilar: - Sr. Presidente: tenho ainda bem presente a memorável sessão desta Câmara, realizada no dia 28 de Abril passado em que foi exaltada a extraordinária figura do Sr. Presidente do Conselho u a sua obra de progresso e de ressurgimento, que tão eloquentemente marca um período de glória e de engrandecimento para a história do nosso país.
Extraordinária também a manifestação de alegria das mulheres portuguesas, verdadeira aclamação apoteótica de um homem eminente, exemplo de virtudes cívicas, de excepcional inteligência, estadista eminente que todo o mundo civilizado admira e respeita.
Na sua admirável organização criou o clima propício à paz, à tranquilidade, à confiança, estabeleceu o ambiente de segurança que todos temos a felicidade de viver, cumprindo a missão na vida, alcançar para si e para os seus possibilidades de trabalho; de progresso e de conforto que cabem dentro da nossa capacidade.
Criou-se uma consciência cívica, uma norma de vida, característica do nosso povo, em que a disciplina e a tranquilidade estão em constraste com a incerteza de um passado pouco feliz.
Neste ambiente foi possível ao Governo realizar obra regular e fecunda, que não - é necessário referir por ser demasiadamente conhecida e apreciada por todos os bons portugueses.
Mas, Sr. Presidente e meus senhores, é necessário também que essa obra, que pari passu se vai realizando, seja distribuída equitativamente, levando aos meios rurais mais distantes, ainda desprovidos de melhoramentos, a iniciativa da realização do indispensável à sua comodidade, a que tem legítimo anseio.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Orador: - Todos, nesta Câmara, apelamos paru os meios rurais, procurando levar ao conhecimento do Governo os seus sofrimentos e as condições por vezes péssimas em que labutam dia a dia para amealharem o necessário ao seu sustento e da sua família.
Nós sabemos que, na verdade, o Governo se inclina decididamente para os problemas rurais com justa compreensão e com o desejo manifesto de levar aos pequenos e distantes meios o mínimo de comodidades necessárias para quem com tanto trabalho e suor tem de tirar da terra, por vezes tão pobre, o indispensável à sua existência humana.
É lamentável que haja aldeias com mais de trezentos habitantes completamente isoladas, sem estradas, sem água potável, sem luz, sem telefone, por vezes sem médico pronto que possa socorrê-los numa emergência.
A ligação às outras aldeias ou à sede do conselho é feita, a maior parte das vezes, através de caminhos tortuosos, difíceis e indispensáveis, quantas vezes através de serranias quase intransponíveis.
Como Deputado eleito pelo meu ciclo cabe-me a obrigação de trazer ao conhecimento desta Câmara e do Governo os seus problemas e solicitar na justa medida a realização dos mais ingentes.
Estou consciente da enorme dívida de gratidão que todos devemos à pessoa ilustre do Sr. Ministro das Obras Públicas, incansável obreiro do Governo da Nação, que com justa compreensão das suas responsabilidades e em trabalho constante, exaustivo, mas profícuo, vem delineando e executando uma enormidade de realizações, de molde a tornar-se credor da nossa maior admiração e do nosso agradecimento.
S. Ex.ª tem manifestado desejo de levar ligações por estrada e abastecimento de água a todas as aldeias ou aglomerados populacionais com mais de cem habitantes e sinto-me atraído pela ideia de trazer ao seu conhecimento as nossas ansiedades e as nossas necessidades.