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14 DE MAIO DE 1959 739

O Orador: - Esta astuciosa e dissolvente manobra de agitação já tinha aflorado durante a campanha eleitoral da última eleição de Deputados, em fins de 1957. Continuou, a seguir, no subsolo, em insidioso trabalho de sapa a sua obra subversiva. Mas foi, sobretudo, a partir da eleição presidencial do ano passado que tomou grandes proporções, - e tem desenvolvido intensa e vasta actividade, em esforço multiforme de perturbação e desnorteamento.
Vivia-se neste país na ordem e na paz. A ordem criadora e a doce e inestimável paz que há tantos anos fruímos nesta amorosa caga lusitana, depois de um longo e tormentoso período de desordem nos espíritos e nas ruas e no meio das solicitações doentias de um mundo desorientado e convulso - irrecusavelmente um dos mais altos benefícios do Movimento Nacional. E, em si mesmo, expressão de altos benefícios; porque a paz, a paz verdadeira, duradoura e criadora em que temos vivido, não s só obra da força, mas obra-prima da política, aliança sabiamente conjugada da justiça e da força.

Vozes: - Muito bem, muito bem !

O Orador: - Havia, por certo, as eternas discordâncias que medram sempre onde existirem homens, tilo vários são eles no pensar e no sentir. Havia os inevitáveis descontentamentos e as inevitáveis críticas, porque toda a obra humana é maculada de imperfeições, toda susceptível de ser apreciada de muitos pontos de vista, toda exposta a ser julgada com olhos límpidos da verdade, olhos róseos do amor, olhos negros do ódio e da malevolência. Mas no fim de tudo, discordância, descontentamentos e críticas sem dimensões que afectassem o nosso convívio fraterno e a harmonia e tranquilidade da nossa vida social. Havia sossego nas almas, concórdia nas. relações humanas, ordem nas ruas. Era o clima normal em paz.
Estávamos na ordem e na paz. Mas, de um dia para o outro, mal se abriu o período eleitoral hora maldita de ódios e rancores, de agravos e divisões entre irmãos do mesmo sangue e da mesma terra-, logo se entrou, de repente, em clima revolto de efervescência e desvaire e se passou a andar, para aí, a desorientar e agitar, no desígnio sinistro de demolir e subverter.
Essa disputa eleitoral, no aspecto político, foi, por parte da oposição, um violento ataque ao regime, o que, aliás, estava já em discordância com a ordem constitucional e colocava os seus candidatos à margem da legalidade. Mas, mais e muito pior do que isso, o levante que desencadeou tomou abertamente uma feição iusurreccional,- e uma feição insurreccional que ultrapassou largamente as dimensões da. política para tomar aspectos francos de subversão social.

Vozes: - Muito bem, muito bem !

O Orador: - Já se anunciava a divisão das terras, a socialização das empresas, já a canalha desrespeitava a gente de bem no meio da rua e se percebia, no olhar de muitos, a besta acordada, à espreita da sua hora.
Não era apenas o ataque ao regime; mas, manifestamente, a ameaça à ordem social.
A seguir às eleições, aliás inequivocamente ganhas por nós, vieram as greves - as que se registaram e as que não chegaram a deflagrar-, sem objectivos de melhoria das condições para os trabalhadores e somente com o propósito de inquietar e criar dificuldades e mal-estar no País.

Vozes: - Muito bem, muito bem !

O Orador: - E nunca mais acabou p afã maldito de fomentar o ódio, embravecer as paixões, gerar o desassossego, espalhar a confusão, incitar si desordem.
Para essas torvas manobras de agitação a tudo se tem recorrido, a todos os meios e métodos, mesmo os móis torpes e degradantes - a mentira, a insídia, o boato; a intrica, a deturpação, a grosseria soez, a negação sistemática, á irreverência boçal, o panfleto irresponsável, a acusação anónima, o ataque calunioso a homens e instituições.
Os seus fautores aqui ameaçam e atemorizam. Ali vestem-se de cordeiros e usam de falas mansas. Mais além aparecem lisonjeiros e sedutores. E até se insinuam uns organizações católicas, com ares de fingida piedade, para lá dentro manobrarem a seu jeito, tal como o Diabo se fez ermitão.

Vozes: - Muito bem, muito bem !

O Orador: - A comédia da corrida às embaixadas, a pedir asilo político no mais escandaloso despropósito, é também, manifestamente, mais uma ridícula solércia de baixa política e um grosseiro recurso de especulação a pretender inculcar, cá dentro e lá fora, a ideia de perseguição, de terror, de insegurança, de aflitivo clima social, de carência de justiça ou de força do Poder. E, agora, a, 'pretensão e os termos da representação dirigida ao Governo pelos Srs. Dr. Acácio de Gouveia, Jaime Cortesão e outros, além de sórdido expediente para tentar remediar ou, pelo menos, colorir o fracasso da comédia, é, a par disso, mais uma habilidade - pobre habilidade, aliás - e a insistência - inglória insistência :- na especulação do caso.
Ora a verdade - á aqui que pretendo chegar e quero insistir:-' é que tudo tem limites e, neste ponto, os limites estão de todo e de há muito ultrapassados.

Vozes: - Muito bem, muito bem !

O Orador: - A Nação não pode estar indefinidamente à mercê destas manobras de agitação e desnorteamento dos espíritos.

Vozes:.- Muito bem, muito bem!

O Orador: - Recuperou já há mais de três décadas a ordem e a paz. Tem vivido com dignidade e o respeito do mundo. Não quer regressar à ignomínia do passado. Não quer o futuro - ainda pior e muito mais sinistro - que lhe auguram estes redentores com banhos de sangue, a pelotões de fuzilamento» e tribunais do povo, no gosto e estilo cubano.

Vozes: - Muito bem, muito bem !

O Orador: - O País quer trabalhar, prosseguir tranquilamente no caminho da sua renovação e do seu progresso, sem a inquietação de contínuas ameaças a ensombrar-lhe o horizonte, sem o referver dos paixões, do ódio, das malquerenças, sem sentir à sua volta a sede de vindicta, a ruminar, a toda a hora, uma revisão catastrófica, quê iria desfechar em bacanal de terror, de brutalidade e de matança.
No meio de tudo isto, o que mais impressiona e escandaliza, e até aflige, é ver intelectuais a quem as responsabilidades da cultura e o respeito da dignidade e da missão da inteligência deviam manter numa atmosfera superior, descerem a emprestar o prestígio do seu nome,