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1 DE JULHO DE 1959 1073

que conduzam os acontecimentos, que criem os acontecimentos, que promovam o desenvolvimento, rápido mas seguro, das províncias ultramarinas.
Todos tivemos conhecimento da inauguração que se fez da 1.ª fase da barragem da Chicamba, incluída no esquema do rio Revuè. Esse feliz acontecimento, que teve a presença de membros do Governo da Federação, pode inscrever-se dentro dos princípios que apontei. É uma obra que vai concorrer para a valorização de Moçambique pelas suas múltiplas facetas e que, além disso, revela uma sadia disposição de todos, governantes e governados, para enfrentar os grandes problemas do ultramar.
Vale a pena, portanto, dedicar-lhe alguns minutos de atenção.
O empreendimento do Revuè é de natureza privada, realizado com o apoio do Estado. Nos investimentos participam os capitais privados metropolitanos e os capitais privados moçambicanos; os capitais do Tesouro metropolitano e os do Tesouro moçambicano. Esta quádrupla origem (de fundos significa que o interesse do empreendimento se estende a vastos sectores da Nação. Nela se verifica o interesse e a confiança que os habitantes de Moçambique mostraram pelo desenvolvimento da sua província e no seu futuro; o interesse e a confiança dos capitalistas metropolitanos pelo desenvolvimento de Moçambique e no seu futuro; interesse e confiança que é bem que estejam arraigados na consciência dos Portugueses. Revela também o interesse, confiança e dever que o Governo Central manifestou, empenhando no empreendimento apreciáveis recursos do Fundo de Fomento Nacional - que em nenhuns outros objectivos melhor podia sor empregado; interesse, confiança e dever que a província de Moçambique, pelo seu Tesouro privativo, manifestou igualmente. A tudo isto acrescente-se ainda - e justo é que se saiba, se diga e se proclame à disposição favorável do Conselho Económico ao consentir que. no mercado de capitais metropolitano se fizesse a subscrição de acções para Moçambique, quando bem sabemos que eles foram, consequentemente, retirados de outros destinos que certamente interessavam ao desenvolvimento económico da metrópole. Isto é uma nítida expressão do sentimento da unidade nacional.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Os aspectos que citei tenho-os como dos mais importantes: o interesse e a confiança de todos nós no desenvolvimento e no futuro do ultramar, pois que elo significa o próprio futuro da Nação Portuguesa.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Orador: - Mas se desdobrarmos agora o reflexo do empreendimento para outros planos ver-se-á a sua extraordinária projecção.
É, em primeiro lugar, uma empresa que se instala em Moçambique, que lá cria condições de trabalho para portugueses de Moçambique e do outros territórios, que ali exerce a sua acção, sendo portanto um elemento da riqueza nacional. As imensas actividades que à sua volta se desenvolveram - para a construção, para a sua manutenção e para o seu normal funcionamento -, não seria simples numerá-las, pois os seus reflexos vão desde a indústria dos transportes às ocupações ligadas a vida normal de uma família.
Mas os fins a que ó empreendimento se destina tom importância muito maior ainda. O fornecimento da energia eléctrica a cidades e vilas, entre elas a progressiva Beira, seria só por si objectivo de grande projecção:
Todavia, há que lhe juntar ainda o abastecimento de energia eléctrica aos centros industriais de Vila Pery, do Doado e da Manga, dando-lhes melhores condições de vida e de desenvolvimento, permitindo ainda a instalação de novas unidades.
E, finalmente, com a exportação da energia eléctrica para a Rodésia, autorizada em devido tempo pelo Ministério do Ultramar, realiza-se, além de um importante acto comercial, uma política de boa vizinhança e, mais ainda, de colaboração portuguesa no desenvolvimento dos territórios vizinhos e amigos da África Central.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Orador: - E agora uma última palavra sobre um aspecto desta obra notável: a rega. Prevê-se que a enorme albufeira da Chiçamba, na qual se devem armazenar cerca de 2 biliões de metros cúbicos de água, permite o aproveitamento de terrenos do imenso vale, onde as condições do clima são muito favoráveis ao estabelecimento de famílias de proveniência europeia. É muito agradável relembrar que o Governo, através do II Plano de Fomento, contempla a execução desta iniciativa com 400 000 contos. É o natural coroamento de uma obra a todos os títulos notável. Numa região favorecida pela situação geográfica, rede de transportes, numa província onde tipo pouco está feito com o sentido povoador, uma obra como esta tem de ser acarinhada e impulsionada.
Ela há-de juntar-se ao que o Estado está realizando no vale do Limpopo, na Inhamissa, nas regiões do chá • e tabaco, abrangidas pelo actual Plano de Fomento e ainda ao que se prevê nos estudos que decorrem para o Zambeze.
Eu desejaria, Sr. Presidente, que tudo isto fosse activado, nomeadamente o grandioso plano do Zambeze, pelo qual tanto se interessou o distinto Ministro Raul Ventura, e que se não esquecesse também nma velha iniciativa, que parece ter morrido pouco depois de nascer, de povoar os excelentes planaltos do Niassa, sentinelas avançadas da nossa ocupação do interior.
Tenho a certeza de que o ilustre Ministro há-de contribuir com a sua presença e autoridade para que essas obras fundamentais não sofram delongas, como exige a defesa da Nação. A sua presença e o sou apoio permitirão maior segurança para a acção do ilustre governador-geral, de cuja experiência, bom senso e dedicação muito há a esperar.

O Sr. Soares da Fonseca: - Muito bem!

O Orador: - O plano hidroeléctrico do Revuè aproxima-se do fim. O principal foi realizado. Falta-lhe apenas, numa fase posterior, a elevação da barragem da Chicamba, alguns pequenos aproveitamentos .em afluentes e a segunda central do Mavuzi. É de justiça lembrar neste momento o nome de um distinto engenheira que, como director de obras públicas de Moçambique e depois como administrador, por parte do Estado, da Sociedade Hidroeléctrica do Revuè, muito contribuiu para- equacionamento do problema da bacia hidrográfica do Revuè e depois para a execução dos trabalhos: o inspector superior do fomento Eng. Meireles Guerra. À. sua inteligência e capacidade de concretização se deve em grande parte a segura evolução deste empreendimento e a sua rápida efectivação. Pode também dizer-se que outros projectos que decorrem, como sejam os do Zambeze, Fungue e outros rios, estão beneficiando ainda da sua clarividente intervenção.
Sr. Presidente: a maior obra do Revuè está feita ou em vias de execução. Que o seu exemplo frutifique,