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8 DE ABRIL DE 1960 589

parar e defender, e nunca subverter ou aniquilar, até como depositários que são de virtudes cívicas .e morais que, penso, muito importam à estabilidade e sobrevivência do próprio regime.
Por isso, Sr. Presidente, ao assinalar aqui deste lugar e ao sublinhar a importância da visita, que nesta hora decorre, do Sr. Presidente da República às instalações da Companhia de Celulose e do Amoníaco Português, em Aveiro, permito-me, em meu nome e, por benévolas condescendências para comigo, em nome os meus ilustres colegas do círculo, saudar respeitosa e efusivamente o venerando Chefe de Estado, fazendo votos para que a sua visita, constitua estímulo e incentivo para novos empreendimentos e novos progressos, sem se esquecer, todavia, que interessam ao equilíbrio e à harmonia da vida económica nacional, que ao lado dos grandes empreendimentos industriais existam e possam também prosperar e sobreviver os médios e os pequenos empreendimentos, para assim se cumprir, mais uma vez, aquela lição de Sal azar de que «todos não somos de mais para continuar Portugal».
Tenho dito.

Vozes: - Muito bem, muito bem!
O orador foi muito cumprimentado.

O Sr. Nunes Mexia: - Sr. Presidente: a intervenção que hoje realizo nesta Assembleia Nacional já me tinha sido insistentemente pedida no período da última sessão legislativa.
Conhecendo, porem, o ambiente que então se vivia, de indiscutível excitação, a substituição de autoridades a que se procedeu a seguir, com a consequente necessidade de prestigiar os novos que entravam, levaram-me ao convencimento de que. sendo um problema de ordem, só em tranquilidade de espírito ele devia ser aqui posto.
A minha intervenção tem, pois, a intenção de daqui pedir a atenção de S. Exa. o Ministro do Interior para um processo que, inteiramente, informado, aguarda o necessário despacho daquele membro do Governo.
Em 27 de Janeiro de l956 foi entregue, no Ministério do Interior por uma comissão da extinta freguesia de Peso uma exposição na qual os habitantes daquela extinta freguesia solicitavam a sua transferência do concelho do Coruche, freguesia do Couço, a que hoje estão ligados, para o concelho de Mora, freguesia de Brotas.
Digo. sem receio de desmentido, uma exposição dos habitantes daquela extinta freguesia, pois que a mesma foi assinada por todos os chefes de família ali residentes, os quais, para que não houvesse dúvidas, requereram a sua inscrição nos cadernos eleitorais, e porque ainda ao respectivo processo foram juntas declarações dos proprietários, nas quais não só se afirmava, a sua concordância como a justiça da pretensão.
Não se trata, pois, de uma exposição de uma minoria, nem de uma exposição ditaria por uma emoção de momento.
Trata-se, sim, de uma muito velha aspiração, sobre a justiça da qual já se tinham pronunciado as instâncias superiores.
Na p. 391 do Anuário da Direcção-Geral de Administração Política e Civil de 1932 encontra-se o seguinte parecer de uma comissão encarregada dos estudos para a rectificação da divisão administrativa com destino ao necessário decreto-lei: «No interesse e comodidade dos povos, com o fim de encurtar distâncias e corrigir limites, incorpora-se no concelho de Mora a freguesia de Peso, do concelho de Coruche».
O decreto não chegou a ser promulgado, porque, quanto a algumas transferencias também ali previstas, não houve concordância dos respectivos povos.
Não assim quanto aos habitantes da freguesia de Peso, que se têm mantido fiéis à velha aspiração, como o demonstra a petição feita em Janeiro de 1956 e as confiantes insistências que junto de mini vêm sendo feitas para que tudo tente para que justiça lhes seja feita.
Poderia ser que os anos decorridos tivessem modificado aspirações e condições de vida. mas tal não aconteceu e a velha aspiração manteve-se viva. Ainda há poucos dias fui solicitado para que conseguisse que S. Exa. o Ministro do Interior recebesse uma comissão para que de novo pudessem apresentar o seu desejo de sempre.
Tudo o que Coruche fez para vencer esta velha aspiração mais não conseguiu que tornar mais firme esse desejo de justiça.
Não posso nem devo alargar esta intervenção para além dos limites impostos, quanto a tempo, para o antes da ordem do dia. Julgo-o mesmo desnecessário, pois que tudo consta do respectivo professo.
Não- posso, porém, deixar de referir, Sr. Presidente, algumas notas que são bem demonstrativas de como se continua a viver na antiga freguesia de Peso a sua já tão velha aspiração.
Não tinha a freguesia de Peso nem cemitério nem posto de registo civil. Por tradição, por mútuo consentimento derivado da prática de muitos anos, era no cemitério de Brotas que os habitantes daquela freguesia vinham encontrar a sua última murada. Era no posto do registo civil de Brotas que eram feitos todos os seus registos. Era na Câmara de Mora que eram tiradas todas as licenças administrativas. Foi pelo concelho de Mora que os habitantes da freguesia de Peso receberam todos os abastecimentos durante o período difícil da guerra.
Procurando vencer a corrente, mas mais não conseguindo do que firmar intenções, procurou Coruche criar novas condições de vida.
Foram proibidos os registos e os enterros em Brotas. Foram feitas pressões para que as licenças fossem tiradas em Coruche. Foi feito um cemitério em terras da antiga freguesia de Peso.
O cemitério ainda não há muito estava virgem de corpos, pois que os habitantes daquela área passaram a ter a preocupação de acharem em Brotas casas onde viessem terminar os seus dias. Para ali se deslocam muitos também quando se aproxima o dia do nascimento dos filhos.
A área da antiga freguesia do Peso é assim uma parcela do País onde oficialmente pouco se nasce e onde menos se morre.
Creio, Sr. Presidente, que não é necessário dizer mais nada e que apenas terei ou teremos de lamentar o tempo perdido à espera de pareceres de juntas de província, demoras decreto motivadas pelas dificuldades em achar razões para esconder egoísmos.
Assim, Sr. Presidente, é profundamente esperançado em que finalmente se faça justiça que daqui em nome dos povos da extinta freguesia do Peso peço a S. Exa. o Sr. Ministro do Interior que chame a si o processo que se encontra com a nota de «aguarde-se» e que resolva o que for de justiça.
Tenho dito.

Vozes: - Muito bem, muito bem !
O orador foi muito cumprimentado.

O Sr. Silva Mendes: - Sr. Presidente: tenho conhecimento de que muitos funcionários do Estado G das autarquias locais e empregados de bancos e grandes empresas naturais das províncias ultramarinas têm manifestado, por vária; vezes, o desejo de que lhes